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infalibilidade

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Perenialistas
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Frithjof Schuon  : Schuon Esoterismo Principio Via - O ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA

O conhecimento, função da inteligência, não pode ser falso; é ou não é. Mas a volição, função da verdade, pode ser falsa em virtude do seu objeto, não do seu poder, bem entendido. Analogamente, a felicidade pode ser falsa em virtude do seu objeto ou do seu plano; neste último caso o objeto pode ser bom, mas a felicidade não tem razão em separá-lo do seu contexto divino, o que constitui um pecado de idolatria. A inteligência também pode enganar-se em virtude da falsidade do seu conteúdo; mas, nesse caso, engana-se na qualidade de pensamento, não de conhecimento. Falar de um conhecimento falso seria tão absurdo quanto falar de uma visão cega ou de uma luz obscura. O erro é ignorância; portanto, privação de conhecimento, embora sempre haja no erro um elemento subjacente de conhecimento ou de verdade, sem o que ele não existiria. Mas a tendência para o mal continua sempre uma volição, portanto, uma utilização de nossa liberdade, assim como uma felicidade ilusória continua sempre uma experiência de bem-estar, portanto, uma participação ontológica e longínqua, eventualmente perversa, da única Felicidade que possa existir. Ou ainda: querer ou amar o mal é um mal; mas conhecer o mal não é um mal, é um bem mesmo porque permite localizar o mal e vencê-lo.

Em outras palavras: o conhecimento, em si, é infalível ou incorruptível, assim como o instinto das plantas que se viram para o sol sem jamais se enganar, ao passo que os dois prolongamentos da inteligência, a vontade e o amor, são falíveis. Mas o são apenas porque se separaram do conhecimento para unir-se à paixão ou à inércia; reintegrados no conhecimento, tornam a ser infalíveis ou incorruptíveis como ele. E isto mostra que o homem se identifica essencialmente com a inteligência integral ou total. Essa totalidade confere ipso facto liberdade a essa forma de inteligência, a verdade, assim como confere a generosidade a esta outra forma de inteligência, a alma ou o caráter. A inteligência humana, por sua própria natureza, implica esses dois prolongamentos ou funções com suas perfeições. Somente se desdobrando na vontade e na alma, ou no amor, a inteligência está em estado de penetrar operativa — e impunemente — na dimensão vertical, que leva dos acidentes terrestres à Substância celeste.