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Sangue

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Perenialistas
Roberto Pla  : Evangelho de Tomé - Logion 28

O sentido profundo do vinho messiânico tinha ampliação habitual ao sangue desde os primeiros anais bíblicos. O sangue é, por extensão, o vinho messiânico, como a todos, que flui pelas veias ocultas de todo homem. O Deutero-Isaías reúne os dois termos “vinho” e “sangue”.

  • E sustentarei os teus opressores com a sua própria carne, e com o seu próprio sangue se embriagarão, como com mosto; e toda a carne saberá que eu sou o SENHOR, o teu Salvador, e o teu Redentor, o Forte de Jacó. (Isa 49:26)

O símbolo do sangue, enquanto sangue da unidade, é muito antigo. Em sua condição de ser Caim um broto da vinha oculta em que se assentam todos os sarmentos, foi posto por YHWH - YHWH-Deus em Caim o “sinal” que o protege contra o derramamento de sangue desde o princípio de sua vida errante e bastante separada do campo residencial fraterno.

Um exemplo de utilização do símbolo do sangue como seiva ou vínculo de unidade e de conhecimento o proporciona no Evangelho a perícope da cura da hemorroíssa, da qual se diz que padecia de fluxo de sangue há doze anos (vide Fluxo de Sangue).

Pierre Stables: DUAS CHAVES INICIÁTICAS DA LEGENDA DOURADA: CABALA   E I-CHING

Segundo o Taoismo, há uma relação de equilíbrio a respeitar entre o sangue (que é yin) e o pneuma - sopro (que é yang). Os chefes e iniciados chineses, adaptando técnicas iniciáticas, empobrecendo seu sangue, se tornando "amaciados" pela anemia, para aumentar seu poder espiritual, seu sopro yang, por causa da relação de equilíbrio que há entre estes dois valores (v. Granet  , La Pensée Chinoise). O Taoismo superior está na origem destas práticas. Ele admite o sistema dos quatro elementos integrados em nosso corpo, e também um outro sistema mais complexo, onde o quinto elemento está no centro dos quatro primeiros postos em quadratura.

«Aspergir o sangue, é afastar do mal», diz o I Ching  ; é também fazer desaparecer a inquietude. «O sangue é a essência perfeita dos sacrifícios». Mas não se trata de fazer tais sacrifícios sangrentos não importa quando. Assim na primavera, não se pratica senão sacrifícios pouco concretos, os menos formais possíveis. Os «sacrifícios de primavera» exprimem, antes de tudo, que a oferenda é sincera (se diz «oferenças de sinceridade»). A primavera corresponde a isso: une-se em espírito, pela sinceridade nos estados de alma.

Pode-se encontrar um sentido psicológico nos sintemas do I Ching, a respeito dos jejuns das Rogações, vista a correspondência notada mais alta: trata-se de aumentar nosso estado espiritual (nossa atividade, nosso Yang), em diminuindo o estado sanguíneo (Yin, passividade), sobrecarregado. Este sacrifício alimentar do período das Rogações, é de fato mais ideal que real; enquanto sacrifício do «sangue» (correspondendo aso alimentos) é mínimo, e sobretudo válido pelo estado de sinceridade que representa. Em suma, os sacrifícios do período do equinócio da primavera, que têm por sintemas o Leste, o Oriente, são de ordem mental, figurativo, o menos formal possível, posto que o jejum tem pouca duração. O jejum das Rogações está, formalmente, próximo das práticas taoistas deste ponto de vista.