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andrógino

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

No "Banquete  " de Platão (189-194b), Aristófanes, para explicar o que é o amor se refere às origens da humanidade: "Havia três espécies de homens, e não duas, como hoje em dia: o macho, a fêmea e, além destas duas, uma terceira, composta das duas outras; só resta hoje em dia seu nome, a espécie desapareceu. Era a espécie andrógino, que tinha a forma e o nome das duas outras, macho e fêmea, da qual era formada; hoje em dia, ela não mais existe, nada mais é que um nome falado". O mito do andrógino tem por função colocar a fonte de desejo de um sexo pelo outro em uma tentativa de retorno a unidade primitiva. (Les Notions Philosphiques, PUF, 1990)


Simbolismo Pierre Riffard  
  • Etimologia gr. Andros = «macho»; gune = «fêmea»
  • Tema caro aos esoteristas (no Ocidente: Platão, Leão o Hebreu, G. Arnold, Swedenborg  , Oetinger  , etc.); seja:
    • “bissexuado” (macho com características femininas, e inversamente; ex.: as representações gravadas ou esculpidas de Akhenaton)
    • “acoplado” (macho unido indissoluvelmente à fêmea; ex.: Hermafrodita e Salmacis; Shiva e Vishnu “harmonizando os dois corpos em um só”, segundo texto de Peyalvar
    • “alternante”, às vezes macho, às vezes fêmea; ex.: o Espírito da floresta na Estônia
    • “hermafrodita”, que possui os órgãos dos dois sexos, como o escargot; ex.: o Rebis dos alquimistas
    • “gynamdomorphe”, que apresenta a justaposição dos caracteres dos dois sexos; ex.: “Adão era homem do lado direito e mulher do lado esquerdo” (segundo Bereshit rabbah, I,4, no Talmude  )
  • O androginia é um estado além e aquém da divisão sexual em masculino e feminino, macho e fêmea, e por isso simboliza a totalidade, a dualidade tornada complementaridade, logo a Idade de Ouro.

Hervé Masson
A mais bela das intuições da metafísica esotérica, e sem dúvida aquela que contém a mais forte carga afetiva, é certamente a de androginia. Bem e Mal, Luz e Trevas, macho e fêmea, positivo e negativo, todas as nossas noções se apresentam em díades. Mas esta dualidade que constatamos ao redor de nós (e em nós mesmos) não satisfaz o espírito encantado pelo conceito superior de Unidade. Para o repouso de nosso espírito precisamos de conceber um princípio supremo no qual estas oposições se reconciliam e se fundam em somente uma realidade. O homem não poderia transcender sua própria existência sem se elevar no final das contas acima daquilo que o partilha em dois princípios complementares, mas opostos. Eis porque a natureza humana sublimada até o estado do supra-humano será "Re-Bis", coisa-Dupla. O arquétipo do mundo é concebido como um só ser bissexuado, único onde os dois sexos formam apenas uma unidade. Esta reconciliação dos contrários é a denominada coincidentia oppositorum, onde no processo de realização de si mesmo (a Obra alquímica), o adepto, nascido macho ou fêmea, morre neste estado e ressuscita hermafrodita. (resumido de Hervé Masson, Dictionnaire initiatique et ésotérique)

Roberto Sicuteri: Sicuteri Lilith - LILITH


Perenialistas Julius Evola  : Evola Andrógino - ANDRÓGINO; Evola Andrógino Misticismo Cristão - ANDRÓGINO NO MISTICISMO CRISTÃO

Ars Gravis EL ANDRÓGINO, LA MATERIA DEL ARTE

Elemire Zolla  : Excertos de "The Androgyne: Reconciliation of Male and Female"

Giordano Bruno   no século XVI produziu a melhor contrapartida ocidental às mandalas vedânticas, publicadas em sua obra De monade numero et figura. A simples representação da androgenia que ele oferece consiste de dois círculos interconexos, cuja seção comum era conhecida na arte tradicional ocidental como o "olho do peixe" ou a "amêndoa". Os artistas punham dentro o Cristo e a Virgem em glória, porque era o espaço no qual dois era um.