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primavera

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Perenialistas
Ramon Arola: LA PUERTA - SIMBOLISMO
Do ponto de vista da ciência tradicional, o mundo tal como o vemos e entendemos, não está verdadeiramente criado: é o in-mundo caótico e confuso. A criação da qual falam todos os símbolos antigos nada tem que ver com a cosmologia ou a biologia, que explicam o princípio de este mundo. Pelo contrário, os mistérios sagrados falam da origem do mundo santo, da genesis - geração divina que existe na eternidade junto a Deus; esta origem se manifesta na regeneração de cada homem. A primavera é um dos símbolos que indicam este retorno à origem santa, a primavera é o momento do ano em que a força do céu baixa com a maior intensidade e se pode converter na bendição que engendra o homem regenerado, a origem do mundo por vir que vence à morte.

A primavera é um símbolo da origem santa do mundo, da regeneração do homem caído (convertido em asno em Apuleio  ); Virgílio estabelece esta relação nos seguintes versos (Geórgicas II-335 a 340): «Creio que na primeira origem do mundo nascente não começaram a brilhar outros dias, nem se produziu outra continuidade de temperaturas, era a primavera! O grande mundo vivia sua primavera e os Euros moderavam seus sopros invernais quando os primeiros animais se encharcaram de luz, quando a raça dos homens, nascida da terra, saiu fora das terras aradas ermas e quando as bestas selvagens foram lançadas aos bosques e aos astros do céu».

Os hebreus celebram a Páscoa na primeira lua nova de primavera. E o cristianismo celebra também a Anunciação da Bem-aventurada Virgem Maria no começo da primavera. Na missa desta celebração se lê no Tarcto: «A vara de Jessé floresceu; uma Virgem engendrou ao Deus e homem».

Pierre Stables: DUAS CHAVES INICIÁTICAS DA LEGENDA DOURADA: CABALA   E I-CHING

Na primavera, e três dias antes da Ascensão, a Igreja festeja «as Rogações». Estas «demandas» são feitas para os humanos:

  • «para que Deus apazígue a desgraça da guerra, pois é particularmente na primavera que estoura»;
  • «para que Ele conceda multiplicar, por sua conservação, os frutos ainda tenros»;
  • «para mortificar, cada um em si, os movimentos desregrados da carne, que são mais exaltados nesta época. Na primavera com efeito o sangue tem mais calor, e os movimentos desregrados são mais frequentes»;
  • «a fim de que cada um de disponha à recepção do Espírito Santo.

A Legenda Dourada ainda designa dois outros desenvolvimentos a estes motivos:

  • ela recorda a frase «Demandeis e recebereis»;
  • ela assinala que a «a Igreja jejua e ora a fim de se despojar da carne pela mortificação dos sentidos e aquisição das asas, por meio da oração».