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queda de Lúcifer

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Perenialistas Cristãos
Andre Allard - Allard l’Olivier: L’ILLUMINATION DU COEUR

O que foi a queda de Lúcifer? O Corão relata através daquele que os árabes denominam Iblis. Lúcifer então caiu dos céus, como Isaías já mencionava: «Como caístes do céu, astro brilhante, filho da Aurora (Vênus)? Tu estais abatido por terra, tu que reviraria as nações» (Isaías XIV,12).

Na Vida de Adão e Eva, obra datada do final do primeiro século aC e composta primitivamente em hebreu, o diabo explica a Adão e Eva a razão pela qual ele os tentou e seduziu: «Estou cheio de inimizade, de ódio e de amargura contra ti, porque é por tua causa que foi banido de minha glória, que possuía no céu, no meio dos anjos... Quando fostes criado à imagem de Deus, Miguel te portou e nos ordenou de te honrar na presença de Deus. E Deus, o Senhor, disse: «Eis Adão: o fiz a nossa imagem e semelhança». Miguel chamou todos os anjos: honrai a imagem de Deus, como o senhor Deus ordenou. E o primeiro, rendeu homenagem, em seguida me chamou: honra a imagem de Deus. Respondi: não honraria um inferior e mais jovem que eu. Sou o mais antigo na criação: antes que ele fosse feito, fui feito. Cabe a ele me honrar. Igualmente os anjos dependendo de mim se recusaram. Miguel nos ameaçando da cólera divina, lhe respondi: «Se Ele se põe em cólera contra mim, colocarei minha sede acima das estrelas do céu e serei semelhante ao Altíssimo...».

Logo, Lúcifer caiu do céu e se tornou o Adversário: é o sentido da palavra Satã em hebreu e em árabe, e o primeiro ato deste Adversário foi de provocar a queda de Adão. Este, e Eva, sua companheira, transgrediram a ordem divina que era de não tocar no fruto da árvore da ciência do Bem e do Mal (Gen 2,17), árvore a qual é talvez idêntica à Árvore de Vida, posto que uma e outra estão situadas «no centro do jardim» (Gen 2,9 e Gen 3,9). A ciência do Bem e do Mal é aquela dos mistério divino da Clemência e do Rigor, este sendo para o justo coberto e dissimulado pela primeira. A desobediência produziu o desvelamento. Lúcifer tendo caído dos céus, Adão e Eva cessaram de proceder deste Anjo da Face que era um mediador - intermediário entre Deus e eles, e viram diretamente, por sua mente subitamente aberta, a Face divina — Face extintora, de rigor e de cólera. Inocente, Adão estava nu diante de Deus — nu, que quer dizer desprovido de existência própria — mas ele não o sabia porque a graça divina revestia sua nudez como um manto. Adão, inocente, era pela graça divina justificado no sentimento ingênuo que tinha de existir; e, desde que ele persistisse na obediência à lei que lhe era imposta e em virtude da qual ele se experimentaria existindo, e livre de provar os frutos de todas as árvores, esta graça não podia faltar de nele permanecer. Mas quando Adão transgrediu a ordem que o preservava da visão do Rigor divino, viu que estava nu, quer dizer perfeitamente inexistente diante da Face Divina. «Conheci que estava nu da Justiça que era minha veste», diz Eva na Vida de Adão e Eva. Em outros termos, ela conheceu que tinha cessado de ser justificada no sentimento que ela tinha tido, até aí, de sua própria existência.