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cristandade

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

A consciência cristã de vida da escolástica primitiva e da alta escolástica, onde se deu a verdadeira recepção de Aristóteles e assim uma interpretação bem determinada, já passara por uma “grecização”. Os próprios nexos contextuais de vida do cristianismo primitivo, no que diz respeito ao direcionamento de sua expressividade, temporalizaram-se num ambiente codeterminado pela interpretação e conceptualidade (Termini) do Dasein especificamente grego. Através de Paulo e na época dos Apóstolos, e sobretudo na época da “Patrística”, a formação do imaginário pautava-se no universo de vida grego. [Heidegger  , GA61:6]


Cristandade não se confunde com Cristianismo. A Cristandade é a graça da libertação no advento da “liberdade dos filhos de Deus” (Rm 8,21). O Cristianismo vive da Cristandade para organizar e impor padrões fixos de comportamento nas ordens, nos rituais, nas respostas. Embora sempre convivam no empenho de um mesmo envio histórico, Cristandade e Cristianismo não se integram nem se abraçam para, sempre em todos os planos e em todas as épocas. Mas, em qualquer tempo e lugar, a Cristandade é e tem sido a caminhada da “libertação da verdade” de Deus nas chegadas históricas. Apesar de seguir a Cristandade, nem sempre o Cristianismo lhe tem acompanhado a libertação. Muitas vezes mesmo, tenta substituí-la por uma liberdade sem verdade. E então o desamparo toma conta e se torna um destino mundial. O niilismo, a morte de Deus e do homem, a pretensão de produzir tudo enchem de decadência os palcos da história. A Cristandade parece sucumbir de todo no Cristianismo, a liberdade parece sufocar a verdade, a instituição parece garrotear a vida e a letra parece matar o espírito. [CARNEIRO LEÃO, Emmanuel, Aprendendo a pensar. Volume II. Petrópolis: Vozes, 1991]