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quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

René Guénon: breve 1370 - ESOTERISMO CRISTÃO

    • O "Intelecto ativo" representado pela Madona, é o "raio celeste que constitui o vínculo entre Deus e o homem e, que conduz ao até Deus: é a buddhi hindu. Há que ter cuidado com que "sophia - Sabedoria" e "nous - Inteligência" não são estritamente idênticas: há aqui dois aspectos complementários a distinguir (Hokmah e Binah na Qabbalah   - Cabala).

Frithjof Schuon  : Schuon Pérolas Peregrino - PÉROLAS DO PEREGRINO

    • Uma das chaves para a compreensão de nossa verdadeira natureza e de nosso destino último é o fato de que as coisas terrenas nunca estão proporcionadas à extensão real de nossa inteligência (nous). Esta, ou é feita para o Absoluto, ou não é; só o Absoluto permite a nossa inteligência poder inteiramente o que ela pode, e ser inteiramente o que é. O mesmo para a vontade (thelema), que, além do mais, nada mais é que uma prolongação, ou um complemento, da inteligência: os objetos que ela mais se propõe ordinariamente, ou que a vida a impõe, não alcançam sua envergadura total; somente a "dimensão divina" pode satisfazer a sede de plenitude de nosso querer ou de nosso amor (eros).
    • Tem que conhecer o continente e não dispersar-se nos conteúdos. O continente é em primeiro lugar o milagre permanente da existência; é, em continuação, o da existência ou da inteligência, e depois o do gozo que, como um poder expansivo e criador, preencha, por assim dizer, os "espaços" existencial e intelectual.
    • Ser inteligente é saber distinguir entre o essencial e o secundário; mas é também pressentir as essências (ousia) ou os arquétipos nos fenômenos. Ou seja que a inteligência possa ser, ou bem discriminativa, ou bem contemplativa, a menos que o discernimento (diakrisis) e a contemplação (theoria) estejam em equilíbrio.
    • A inteligência, em quanto nos pertence, não se basta a si mesma, necessita a nobreza da alma (psyche), a piedade (Kyrie Eleison) e a virtude (arete) para poder superar sua particularidade humana e alcançar a inteligência em si.
    • A inteligência do animal é parcial, a do homem é total; e esta totalidade só se explica por uma realidade transcendente à qual a inteligência está proporcionada.
    • A objetividade, pela qual a inteligência humana se distingue da inteligência animal, estaria desprovida de razão suficiente sem a capacidade de conceber o absoluto ou o infinito, ou sem o sentido da perfeição (katartismos).
    • A objetividade é a essência (ousia) da inteligência, mas a inteligência está muito longe de ser sempre conforme a sua essência.
    • A inteligência é bela quando não destrói a fé (pistis), e a fé somente é bela (kallos quando não se opõe à inteligência.
    • O fato de que o realismo espiritual, ou a fé, proceda da inteligência do coração (kardia) e não do mental permite compreender que na espiritualidade a qualificação moral seja mais importante que a qualificação intelectual, sobejamente.
      Ananda Coomaraswamy  : Coomaraswamy Mente - MENTE

Titus Burckhardt  : Burckhardt Nous - NOUS

Jean Borella  :
Jean Borella em seu livro La Charité profanée explica que o termo grego nous significa intelecto no sentido adotado por René Guénon. Segundo Borella, fora de Paulo Apostolo, nous é utilizado apenas três vezes: uma vez em Lucas   e duas no Apocalipse. Nos três empregos trata-se da inteligência espiritual. Entretanto traduzir nous por "razão", como ocorre com frequência, não é um erro, pois pode-se tratar de razão intuitiva. Poderia se dizer também "alma intelectiva", ou sentido espiritual. Embora hoje em dia o conhecimento racional se refira exclusivamente à démarche discursiva do pensamento natural, melhor nomeado em grego como dianoia.