Ernst Benz (Romantismo:13-14) – Boehme e Schelling

O próprio Hegel   foi um seguidor de Boehme   desde a juventude  , e às vezes se gaba disso em suas obras e cartas. Schelling   é mais reservado em seus livros; ele não gosta de revelar suas fontes e nomear seus ancestrais espirituais. Mas suas cartas são mais francas. Em uma carta a seu pai   em 7 de setembro de 1806, ele escreve que Franz von Baader   lhe pediu para obter para ele os escritos de seu compatriota, o teósofo Friedrich Christoph Oetinger  , e que o próprio Schelling transmitiu esse desejo a seu amigo Pregizer, que foi discípulo de Oetinger. Pregizer, que foi o fundador de uma seita   pietista chamada “os cristãos felizes”, lembra nesta resposta   a Schelling que Oetinger e Jacob   Boehme haviam sido o principal assunto de sua conversa por ocasião de seu encontro em 1803 em Murrhardt.

Em geral, a correspondência de Schelling prova muito claramente que houve uma troca muito ativa de literatura mística entre os líderes da filosofia idealista alemã. Encontramos Schelling ocupado em obter para seu amigo Baader, graças à ajuda   de seu amigo Schubert  , o famoso autor do livro sobre a alma  , um exemplar   de Cherubinischer Wandersmann, de Angelus Silesius  , que transcreveu toda a teologia mística de Eckhart   e de Tauler   em epigramas   (Sinngedichte). O mesmo Schelling pede a seu amigo Schubert que lhe forneça uma edição antiga dos escritos de Tauler, “não uma revisão moderna, mas uma edição a mais antiga possível, que retenha fielmente todas as características particulares do autor. Pois esses escritos são quase tão importantes para o estudo de nossa língua quanto para o misticismo  , e também são tão potentes para a riqueza   da expressão literária quanto para a prontidão da mente  . Esses extratos das cartas de Schelling e Baader nos mostram que eles estavam perfeitamente conscientes da importância da tradição mística alemã em seus próprios esforços para criar uma terminologia filosófica adequada à expressão de suas teorias idealistas.