Página inicial > Imaginal > Coomaraswamy (AKCcivi:111-112) – iconografia

Coomaraswamy (AKCcivi:111-112) – iconografia

sábado 12 de novembro de 2022

      

Platão em Leis, 931A. Essa indicação é importante para a teoria   da iconografia e da "imitação" em geral. A abstração (o fato de "tirar") elimina qualidades e essa é a técnica da "teologia negativa" ou, em outras palavras, do iconoclasma. A iconografia ou "simbolismo adequado", verbal ou visual, atribui qualidades e é o método da "teologia afirmativa"; supostamente uma realidade existente em qualquer nível de referência (por exemplo no mundo inteligível, no céu), é representada por uma realidade análoga existente em qualquer outro (por exemplo no mundo sensível, na terra  ). Correspondentemente existem adequações objetivas ou correlativas; o simbolismo tradicional, verbal ou visual, não é uma questão de formas determinadas arbitrariamente por associação psicológica e daí em diante aceita por "convenção". A referência de símbolos como esses a uma fantasia poética ou artística individual reflete uma concepção totalmente moderna de originalidade, e supor que um estudioso sério do simbolismo (semântica ou hermenêutica verbal ou visual) está "lendo significados neles" constitui apenas outro aspecto da mesma falácia patética.

Por exemplo, o espírito é representado pelo vento   vivificante que "levanta" ondas ou pó; e a possibilidade é representada por águas calmas ou pela terra maternal; ou respectivamente pela trama e pela urdidura que tecem o "tecido" do universo  . Geralmente o significado de símbolos particulares é determinado em parte pelo contexto, mas é sempre coerente; por exemplo, quando o material do cosmos é denominado "madeira  " (v) ri e vana em sânscrito), a força que faz todas as coisas é necessariamente um "arquiteto" ou um "carpinteiro" que trabalha pela própria arte. Quando dizemos que os filósofos jônicos eram "naturalistas" geralmente não levamos em conta que para eles a "natureza" era uma força criadora (compare com a nota 2), e não um   ambiente, como ainda era para Fílon (De sacr. 75 e 98 e Quis heres 116) e na filosofia escolástica ("Natura   naturans, Creatrix universalis  , Deus  "). [AKCcivi  :Nota:111-112]


Ver online : Ananda Coomaraswamy – O que é civilização?