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Voie de Gnose et Voie d’Amour

Vallin (GA) – Estrutura e resumo de "Via de Gnose e Via de Amor"

quarta-feira 5 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro

      

Resumo a partir da estrutura   de capítulos e tópicos dada pelo autor

      

Introdução

  • Descrever a analisar as duas formas fundamentais da experiência espiritual da transcendência, assim como as estruturas cosmológicas, antropológicas, ontológicas e psico-mentais que elas pressupõem
  • Encontram-se estas duas formas tanto nas tradições monoteístas como nas de tipo mitológico-metafísico
    • A experiência religiosa da transcendência corresponde às relações do homem   com o Absoluto   "pessoal" (Deus   criador dos monoteístas, Ishwara no Hinduísmo), tais quais se exprimem na via do amor (bhakti  -marga  ) do Hinduísmo ou na mística de São João da Cruz  
    • A experiência ou realização   metafísica da transcendência repousa sobre as relações do homem com o Absoluto transpessoal tais como são teorizadas e vividas na via do conhecimento — jnana  -marga — do Hinduísmo ou em Mestre Eckhart  , no Cristianismo
  • O que denominamos "perspectiva metafísica", fundada sobre:
    • Não-dualidade  
    • A doutrina   do Absoluto transpessoal e da ilusão cósmica — Maya  
    • Uma antropologia identificando a essência do homem e aquela do Absoluto.
  • Teólogos   monoteístas do Ocidente assim como defensores da via do amor — bhakti — no Hinduísmo contestam a Não-dualidade e o caráter normativo da via do conhecimento
  • A intuição   intelectual é a apreensão da coincidência dos opostos  , do Absoluto e do relativo, do Infinito   e do finito  , tal qual é postulada na via do conhecimento da Não-dualismo vedanta   e nos seus equivalentes asiáticos ou ocidentais
  • Toda a pseudo-metafísica ocidental, herdeira do anti-platonismo   de Aristóteles  , de sua teologia limitada ao Absoluto derivado, herdou igualmente sua negação prática — senão formalmente teorizada — da Intelecção intuitiva posta pelo platonismo
  • A noção de Ocidente não deve ser tomada apenas no sentido geográfico
  • A aparição da bhakti no Bhagavad Gita, que coincide com a emergência da dimensão pessoal do Absoluto transcendente ao lado da dimensão transpessoal
  • O "homem ocidental" e suas características
  • Oposição tradição e modernidade
  • Resgate do propósito e das noções chaves do livro Ser e Individualidade
    • A individuação interiorizante desemboca sobre a Pessoa   e o Transpessoal, ligada a um movimento   de trans-ascendência, movimento simultâneo de interiorização e de universalização ontológica
    • A individuação exteriorizante corresponde a nosso princípio clássico de individuação pela matéria e implica em um movimento de trans-descendência   indo da afirmação da realidade do ego à afirmação da realidade exclusiva do ego e das formas individuais
    • O dogmatismo criacionista
    • As estruturas ontológicas e psicomentais que caracterizam o "homem moderno"
      • A estrutura   objetivante que também denominamos "o instante   lógico", que se encontra no sistema de Hegel  
      • A estrutura temporal estética, "instante estético", correspondendo a afastamento   acentuado da "Substância" em relação à "Essência"
      • A estrutura temporal do ego divinizado, "instante negativo", onde a Substância, ao termo de sua subversão revela sua verdadeira "natureza", quando é radicalmente cortada da Essência

Capítulo I - Perspectiva religiosa e perspectiva metafísica: amor e conhecimento

  • O círculo da imanência
  • O problema da passagem da imanência à transcendência
  • A experiência espiritual da transcendência
    • A experiência espiritual
    • O misticismo   como modalidade de um dos dois aspectos da experiência espiritual
      • A experiência religiosa da transcendência, aplicável aos três grandes monoteísmos
        • A teologia criacionista sustentando um dualismo irredutível entre o Deus criador e a criatura
        • Uma experiência espiritual denominada amor, instrumento de união   entre a Pessoa criada e o Deus pessoal
      • A experiência metafísica da transcendência, aplicável às tradições espirituais de tipo "mitológico-metafísico", como as tradições orientais e extremo-orientais
        • Uma metafísica não dualista centrada em um eixo   de iluminação de um aspecto do Absoluto que é posto como mais profundo que o Aspecto "causal" e "criador"
        • Uma experiência espiritual essencialmente dominada pelo conhecimento, que alcança não somente à união mas a uma identificação total com o Absoluto
    • A distinção entre os dois grandes tipos de tradições
      • A mentalidade contemplativa que implica em um sentido inato do simbolismo das formas naturais, que tende a ver os entes como reflexos dos Arquétipos ou do Princípio e que une paradoxalmente um politeísmo aparente — ligado à mitologia — a uma visão de Absoluto concebido segundo a "Não-dualidade"
      • A mentalidade de tipo passional e ativista, que predomina nas tradições de forma religiosa
    • A ambiguidade   da teologia negativa que se atém à ambiguidade fundamental do Absoluto ele mesmo, nos leva a outra ambiguidade:
      • O amor enquanto o opomos ao conhecimento
      • A perspectiva religiosa ela mesma, enquanto se distingue da perspectiva metafísica
    • Uma via espiritual como a via religiosa, essencialmente centrada sobre a dualidade Criador-Criatura, por conseguinte, identificando a priori   o indivíduo humano com a Vontade e não com o Intelecto   intuitivo pode examinar a verdade segundo duas perspectivas:
      • A vontade como iluminada por uma certa participação na gnose
      • A vontade radicalmente separada de toda participação no Intelecto, apresentando o caminho espiritual caracteres extremamente diferentes, ao mesmo tempo bhakti contemplativo   e de pura gnose intelectiva

Capítulo II - A experiência religiosa da transcendência

  • As pressuposições doutrinais
  • A união do homem religioso com a Transcendência
    • A via do temor
    • A via do Amor ou a transformação do indivíduo em Pessoa
      • O amor da alma   por Deus se identifica a princípio à atração que Deus exerce sobre a alma em via de "deificação", antes de se identificar ao amor que Deus tem para Consigo
        • Esta reciprocidade de amor significa, no que concerne o amor de deus pela alma, o "sacrifício" pelo qual o Infinito se "nega" a si mesmo  , por assim dizer, em se tornando a princípio Pessoa, deus pessoal, Conhecimento de si no seu "Verbo"
        • Esta reciprocidade permite considerar que é evidente   que o amor por deus não coincide rigorosamente a princípio nem com o amor de Deus pela alma nem com o amor de Deus por Si, na medida em que este amor é um desejo orientado em direção de deus cuja plenitude   deve ser preenchida
      • "Pai  , perdoai-os"...
        • piedade   do desespero   que esconde a maldade assim como as fraquezas e sofrimentos que ele encontra
        • Mas este amor é também desejo de sacudir o torpor

Capítulo III - A experiência metafísica da transcendência e a superação da pessoa

  • O que denominamos experiência metafísica corresponde a uma "realização espiritual"
    • Implica adesão total
    • Implica a transformação total da conscientidade   ela mesma naquilo que ela conhece
  • A noção de misticismo especulativo é imprópria:
    • Se é verdade que o "misticismo" é apenas uma modalidade, todavia passional e individualista da via de amor, é claro que este termo, que não convém às mais altas formas da bhakti, se aplica ainda menos à via do conhecimento.
    • Por outro lado, o dito "misticismo" não é especulativo, na medida que este último termo evoca "raciocinamentos" mentais.
  • As bases doutrinais da via do Conhecimento
    • A transcendência como interioridade   absoluta: transcendência, subjetividade e teologia negativa
      • Os fundamentos metafísicos da "individuação de interioridade"
      • Se o Vedanta não-dualista pode passar por um idealismo, é preciso reconhecer  :
        • Que a linguagem plotiniana concernente à realidade e a experiência do Uno, que corresponde rigorosamente ao Si dos vedantinos, é todavia "realista"
        • Que o pretendido "idealismo" se encontra superado no Vedanta shankariano pelo fato mesmo que a realidade por excelência, ou o Absoluto examinando em todo seu rigor  , é analogicamente designado com ser — sat — assim como conscientidade — chit.
      • Uma das implicações mais essenciais da perspectiva metafísica consiste em dois axiomas que se formulam assim:
        • Toda conscientidade não é conscientidade de algo
        • Há uma conscientidade que não é conscientidade de si
      • A via negativa reveste na perspectiva religiosa duas funções essenciais:
        • Sobre o plano "dialético" da teologia natural   de um Tomás de Aquino  , aparece como o simples complemento da teologia catafática.
        • Sobre o plano "existencial" da "teologia mística" de um São João da Cruz aparece como uma redução voluntária deste mundo à realidade substancial da qual o espiritual foi invencivelmente levado a crer, donde a negatividade pessoal da angústia e das trevas da noite sanjuanista.
    • A imanência do Absoluto metafísico e a origem   da negação. Significação e justificação metafísicas da "individuação pela matéria"
      • O aspecto positivo da individuação de exterioridade: a "matéria inteligível"
        • Distinção da antropologia metafísica da antropologia cosmológica da perspectiva religiosa
          • A ausência de um "hilemorfismo" dogmático
            • A natureza humana
              • Posta como rigorosamente idêntica ao Si em virtude de   sua realidade interior, de sua "essência"
              • Comporta uma estrutura hierarquizada de graus que é correlativa desta imanência do Intelecto
          • Um segundo aspecto capital é a doutrina do ente   individual e da transmigração
            • Princípio das ações e reações concordantes
            • Mas o jogo   das leis cósmicas que exige a continuação indefinida do ego separado através das vicissitudes alternantes das "soluções" e das "coagulações" é paralelo à ação de uma verdadeira causalidade individual, análoga à ação da mônada leibniziana
      • O aspecto negativo da individuação de exterioridade
    • O Conhecimento de Si mesmo (do ego ao Absoluto transpessoal)
      • A dialética espiritual
        • O não-dualismo vedanta apresenta uma aspecto perfeitamente rigoroso do que denominamos via do conhecimento
          • Postula uma interiorização absolutamente radical do ser e do conhecer, que equivale a princípio a uma coincidência rigorosa destes dois aspectos
          • É no Vedanta não-dualista mais que no platonismo que se encontra uma verdadeira técnica espiritual de realização do Si pelo conhecimento — gnose

Ver online : Georges Vallin – Via de Gnose e Via de Amor