Depois de ter relembrado esquematicamente o que a interpretação do homem como Filho de Deus põe fora de jogo, convém aprofundar a significação positiva. A esta se junta a princípio uma questão inevitável: se o homem porta nele a essência divina da Vida, não é ele Deus ele mesmo ou Cristo ? Em que difere ele deles? O que se trata, é de prosseguir na análise do nascimento transcendental do Filho da Vida bem longe para que os caracteres transcendentais que definem a essência verdadeira do homem (…)
Apontamentos de pensadores do Ocidente e do Oriente, desde um apreço (philo) à compreensão (sophia) do "ser" humano.
[Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro]
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Filho no Filho [MHSV]
11 de setembroEssa dissimetria marca a distância infinita que separa Cristo dos outros homens. É esta distância, aliás, o que Cristo não cessa de lembrar-lhes, no fundo, em cada uma de suas palavras e, assim, ao longo de todos os Evangelhos. A dissimetria, todavia, não deixa reconhecer de início sua verdadeira significação. Cristo parece opor-se aos homens compreendidos como seres naturais. Assim, a [182] filiação natural que parece convir a eles e que os dispõe no tempo do mundo segundo a ordem das (…)
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Homem = "Filho de Deus" [MHSV]
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Fenomenologia de Cristo [MHSV]
11 de setembroNão são declarações ocasionais, nem sequer erros de copistas. E uma razão de ordem apodíctica que prescreve a priori que o caminho que conduz a Cristo só pode ser a repetição de seu Arquinascimento transcendental no seio do Pai, a saber, o processo de autogeração da Vida que o gerou em sua condição de Primeiro Vivente. Pois, se a vida não se tivesse lançado em si para se autoexperimentar em seu fruir de si, jamais a Ipseidade essencial que ela gera desse modo em sua autogeração, assim como (…)
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Arquifilho [MHSV]
11 de setembroDado que o processo de autogeração da Vida não pode cumprir-se sem gerar em si esse Filho como o modo mesmo segundo o qual esse processo se cumpre, o Filho é tão antigo quanto o Pai; como ele, o Filho se encontra no começo. Essa é a razão por que nós chamamos a este Filho ARQUIFILHO, não apenas Filho originário – não aquele que, como numa família humana, veio em primeiro lugar, [86] antes de seus irmãos e irmãs, mas Aquele que habita a Origem, o Começo mesmo – Aquele que é engendrado no (…)
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Linguagem não dá acesso à realidade [MHSV]
11 de setembroSe a linguagem abençoa e amaldiçoa alternadamente o que é o Mesmo, o Senhor e sua imagem, Deus e seus filhos; se, por não penetrar no interior do que ela pretende dizer e, portanto, no louvor como na maldição, não pode senão amaldiçoar; se, pois, por si mesma ela é incapaz de dar acesso à realidade em geral, àquela de que se trata aqui e que é precisamente a verdade do cristianismo, então a relação da linguagem com essa verdade não deve ser invertida? Não é o corpus dos textos do Novo (…)
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A verdade do mundo [MHSV]
11 de setembroA interpretação do que é como aquilo que se mostra, e, assim, do Ser como Verdade, domina o desenvolvimento do pensamento ocidental. Se consideramos a título de exemplo a filosofia da consciência surgida no século XVII, reconhecemos sem dificuldade que a consciência não é nada mais que o ato de se mostrar captado em si mesmo, a manifestação pura, a Verdade. Por seu lado, as coisas são reduzidas por esta filosofia àquilo que se mostra à consciência, a seus fenômenos. A passagem da filosofia (…)
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Que chamaremos "cristianismo"? [MHSV]
11 de setembroNosso propósito não é de nos perguntar se o cristianismo é "verdadeiro" ou "falso", estabelecer, por exemplo, a primeira destas hipóteses. O que aqui está em questão é, todavia, aquilo que o cristianismo considera como a verdade, o gênero de verdade que propõe aos homens, que se esforça de lhes comunicar não como uma verdade teórica e indiferente, mas como esta verdade essencial que lhes convém por alguma afinidade misteriosa, a ponto de ser a única capaz de garantir sua salvação. É esta (…)
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Eu Sou a Verdade [MHSV]
11 de setembroDepois de presença marcando sua posição única na tradição filosófica francesa, especialmente na corrente fenomenológica, Michel Henry nos ofereceu nos últimos anos de sua vida reflexões sobre o fundamento "verdade" da tradição cristã. A este estudo se seguiu um aprofundamento sobre a "verdade encarnada" no livro A ENCARNAÇÃO.
Índice Introdução: que chamaremos "cristianismo"? A verdade do mundo A Verdade segundo o cristianismo Esta Verdade que se chama a Vida A auto-geração da (…)