Ora, nossa tese inicial era a seguinte: o problema da manifestação é mais profundo, mais fundamental, mais original que o problema do ser. Simplesmente porque só posso chegar ao problema do ser por meio do problema da manifestação, ao passo que se parto do problema do ser no sentido abstrato do termo, o conceito de ser se torna para mim um conceito abstrato, algo como um signo puramente formal; nem mesmo uma categoria, mas algo que está acima das categorias no sentido de que é inteiramente (…)
Apontamentos de pensadores do Ocidente e do Oriente, desde um apreço (philo) à compreensão (sophia) do "ser" humano.
[Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro]
Matérias mais recentes
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Patocka (1983:177-178) – problema da manifestação
13 de setembro, por Cardoso de Castro -
Sartre (SNr:Intro) – Em busca do ser
13 de setembro, por Cardoso de CastroIntrodução: EM BUSCA DO SER
I. A ideia de fenômeno
Em resumo, o pensamento moderno progrediu ao reduzir o existente a uma série de aparências, o que elimina o dualismo entre interior e exterior. A aparência não é uma cobertura superficial para uma realidade oculta, mas é a essência da coisa em si. Isso também elimina o dualismo da aparência e da essência. Entretanto, essa redução às aparências cria um novo dualismo entre o finito e o infinito, ou melhor, o infinito no finito. A aparência (…) -
Sartre (EH) – O homem é o futuro do homem
13 de setembro, por Cardoso de CastroDisse um dia Ponge, num belíssimo artigo: «O homem é o futuro do homem.» É inteiramente exato. Todavia, se por tal se entende que esse futuro está inscrito no Céu, que Deus o vê, nesse caso é falso, porque então não seria sequer um futuro. Se entendermos que, seja qual for o homem, há um futuro a elaborar, um futuro virgem que o espera, então a expressão é justa. Mas nesse caso estamos abandonados.
Para vos dar um exemplo que permita compreender melhor o abandono, citarei o caso de um (…) -
Afetividade – Sofrimento
12 de setembro, por Cardoso de CastroNa interação dos conceitos de afetividade e passividade, podemos distinguir uma determinação recíproca de afetividade pela passividade e de passividade pela afetividade. Se a afetividade constitui “a efetiva realização fenomenológica” desta estrutura ontológica que é a passividade, ou seja, define a sua experiência constitutiva, inversamente a passividade fornece a estrutura desta experiência, determina-a como uma relação consigo mesmo em unidade e interioridade radicais. Desta dupla (…)
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Palavras do Cristo [MHPC]
11 de setembroTalvez um dos últimos escritos de Michel Henry, onde os estudos que desenvolveu ao final de sua vida, sobre a tradição cristã, consagrados em seu livro "C’est moi la Vérité" [MHSV] e "Incarnation" [MHE].
Excertos LOGOS
Índice Introdução Palavras do Cristo considerado como um homem se dirigindo aos homens na linguagem que é a deles e lhes falando deles mesmos Decomposição do mundo humano pelo efeito das palavras do Cristo Revolução da condição humana pela palavra do Cristo (…) -
Verbo de Deus [MHPC]
11 de setembroSegundo a teologia cristã (nos interrogaremos mais adiante, de um ponto de vista filosófico, sobre sua verossimilhança ou sua legitimidade), a natureza do Cristo é dupla, humana e divina ao mesmo tempo. Na medida que o Cristo é a Encarnação do Verbo de Deus, é este Verbo, e assim Deus ele mesmo, que habita nele. Mas parece que a carne na qual o Verbo se encarnou é semelhante à nossa, enquanto o Cristo é um homem como nós. Revestindo nossa condição assumiu ao mesmo tempo a finitude. Esta (…)
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Arqui-geração [MHSV]
11 de setembroAté que ponto a Arqui-geração transcendental do Verbo exposto no Prólogo fulgurante de João se opõe a toda genealogia humana e notadamente à pretendida genealogia humana do Cristo para a fazer explodir, é isto que alguns traços retidos entre muitos outros bastarão aqui estabelecer. O primeiro traço da relação que se estabelece entre o pai humano e seu filho, é, portanto, que o segundo é exterior ao primeiro, de tal maneira que pode dele se dispensar, deixar a casa, a exterioridade desta (…)
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Si mesmo [MHSV]
11 de setembroDepois de ter relembrado esquematicamente o que a interpretação do homem como Filho de Deus põe fora de jogo, convém aprofundar a significação positiva. A esta se junta a princípio uma questão inevitável: se o homem porta nele a essência divina da Vida, não é ele Deus ele mesmo ou Cristo ? Em que difere ele deles? O que se trata, é de prosseguir na análise do nascimento transcendental do Filho da Vida bem longe para que os caracteres transcendentais que definem a essência verdadeira do homem (…)
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EU - EUs [MHSV]
11 de setembroA tese do homem “Filho de Deus” recebe então uma dupla significação, negativa e positiva. Negativamente, ela impede que se compreenda o homem como um ser natural, como fazem dele o senso comum e as ciências. Mas ela impede também que se compreenda, do ponto de vista transcendental, como um ser cujo mundo constituiria o horizonte de todas as suas experiências, o modo de aparecer comum a cada uma delas. E pois a afirmação maciça pronunciada por Cristo sobre si mesmo que deve ser retomada a (…)
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Filho no Filho [MHSV]
11 de setembroEssa dissimetria marca a distância infinita que separa Cristo dos outros homens. É esta distância, aliás, o que Cristo não cessa de lembrar-lhes, no fundo, em cada uma de suas palavras e, assim, ao longo de todos os Evangelhos. A dissimetria, todavia, não deixa reconhecer de início sua verdadeira significação. Cristo parece opor-se aos homens compreendidos como seres naturais. Assim, a [182] filiação natural que parece convir a eles e que os dispõe no tempo do mundo segundo a ordem das (…)