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Grassi: Sinais e espírito (I)

quarta-feira 23 de março de 2022, por Cardoso de Castro

  

1. Sinais conscientes e inconscientes

Estamos lidando com a insuficiência da palavra racional e a prominência da palavra indicativa, que se mostrou como expressão pictórica. Podemos, então, concluir que prevalecem a imagem, o sinal, o esquema? Nossa tarefa imediata consiste em investigar o papel que desempenham o sinal e o esquema na vida humana. Consideremos primeiramente o impacto do "sinal", do esquema em nível biológico.

No seu pequeno tratado Sobre os Fantásticos Fenômenos Visuais (J. Muller, Uber die phantastischen Gesichtserscheinungen, Coblensa, 1826, §2, p. 4.), Johannes Muller, fundador da fisiologia moderna e descobridor da lei da energia vital específica dos sentidos, menciona a diferença entre reações mecânicas e orgânicas.

Reações mecânicas, ou fenômenos, devem ser compreendidas como sendo as que podem ser explicadas pela lei da causalidade, onde se comprova que uma determinada causa só é seguida por um determinado efeito. Nestes casos, a explicação de um fenômeno consiste em mostrar que causa é seguida por que efeito (por ex., um golpe como causa de um movimento). Muller, no entanto, prossegue referindo-se a fenômenos que são essencialmente diferentes dos fenômenos mecânicos e químicos, em que uma mesma causa (por ex., golpe) provoca efeitos totalmente diferentes, os quais são específicos a vários órgãos (tato, paladar, som); por outro lado, as mais variadas causas (golpe, calor) sempre provocam, no mesmo órgão, um mesmo fenômeno — específico ao órgão. Eis a formulação de Muller: "Existem mudanças na natureza em que o elemento causal não transfere sua própria eficácia ao que foi mudado, como nas transformações mecânicas, nem une-se ao efeito do elemento transformado para produzir uma reação diferente, como se dá nas reações químicas; mas, onde o fator causal produz sempre somente uma qualidade do elemento sobre o qual ele age, uma qualidade que, em sua essência, é independente da natureza da causa" (Idem, § 4, p. 4 e ss.).

Muller denomina esses fenômenos de "orgânicos", pois eles transformam efeitos de natureza mecânica ou química em formas de manifestação peculiares aos órgãos isolados, os instrumentos da vida. Dá o seguinte exemplo: ’Tanto faz se o que incita um músculo seja um efeito galvânico, um agente químico, uma irritação mecânica, ou um estímulo interno orgânico ... o músculo reage a tudo o que o estimula ou o afeta, pelo movimento; portanto, o movimento é tanto o efeito como a energia do músculo. Não importa como o olho é irritado — se golpeando-o, solicitando-o, ou apertando-o ... o nervo óptico reage a todas essas diferentes causas como se fossem indiferentes agentes estimulantes da sua sensibilidade à luz" (Idem, §5; vide também Muller, Handbuch der Physiologie des Menschen, II, p. 251, Coblensa, 1840; e também Th. v. Uexkull, "Die Physiologie des J. Muller und die moderne Medizin", em: Amtliche Wochenschrift der Medizin, 1958, cad. 28, p. 614.).

Essa lei da energia vital específica dos órgãos sensoriais nos força a admitir a lacuna existente entre os âmbitos orgânico e inorgânico; a pesquisa puramente experimental enfrenta fenômenos em que a sequência causal direta não pode mais ser determinada; pois, como acabamos de dizer, ou a mesma causa produz resultados diferentes, ou as mais variadas causas provocam um único resultado.

Já que não podemos encontrar continuidade entre causa e efeito no âmbito orgânico, não falaremos mais de causa e efeito, mas de "estímulo" e "reação". A vida responde a um estímulo através dos seus instrumentos, ou órgãos, de forma própria. Forma é expressa em grego pela palavra "eídos"; "idein" significa "ver", e "eidénai" é traduzido por "saber". O fenômeno da vida é definido por Muller como o fenômeno natural que tem ideias em si (no sentido que acabamos de usar e não no sentido lógico). O termo "ideia", como aqui usado, não deve, de forma alguma, ser associado a um conceito filosófico, platônico, pois resulta exclusivamente de pesquisa relativa a fenômenos vitais, com os meios pertinentes à ciência, à fisiologia. "A atividade do princípio vital que forma uma ’ideia’ nos organismos só é conhecida até o ponto em que ela tem lugar no próprio organismo." (J. Muller, Handbuch der Physiologie, op. cit., II, p. 506) Assim a vida é origem de respostas autônomas a causas diversas, baseadas em suas próprias "ideias". Justamente por essa razão, frisa Muller que a fisiologia é uma disciplina puramente concreta e empírica, e não filosófica; e sua missão consiste em investigar e determinar a "forma" peculiar de cada órgão. "A fisiologia adquirirá um caráter empírico exato, como o de qualquer outra ciência natural, quando descobrir as forças de reação peculiares a todas as partes do corpo animal."

NOTA: Idem, Vol. I, p. 54. A pesquisa de J. v. Uexkull sobre o comportamento não mostrou somente a continuidade dessa ciência sobre as teses de J. Muller, mas elucidou também como ideias inatas podem conter os mais variados aspectos. J. v. Uexkull descobriu que movimentos próprios, por exemplo, tem o significado de ideias indicativas e podem exprimir um certo comportamento; portanto, não apenas um som, um odor ou um sabor podem servir de lembrança e de sinal. J. v. Uexkull cita como exemplo a gialha de bico vermelho que é absolutamente incapaz de atacar um grilo parado e só tenta abocanhá-lo quando ele se move aos saltos. Poder-se-ia supor que a gralha não consiga distinguir a forma do grilo parado, em virtude dos talos de capim que o cobrem. Experimentalmente, no entanto, se demonstra que a gralha desconhece por completo a forma do grilo parado, estando condicionada apenas à sua forma em movimento. Ver J. v. Uexkull, Streifzuge, r.d.e., Vol. 13, Hamburgo, 1956, p. 54.

Assim, vemo-nos diante de um poder da "ideia", da "imagem", considerado como uma propriedade da vida, e que, portanto, interpreta os fenômenos por si mesmo — um poder que a ciência do comportamento animal esclarece no nível da vida sensitiva. No comportamento imediato e inato dos animais, os sinais, como sabemos, desempenham um papel "liderante"; seu efeito é "indutivo", no sentido original da expressão "epágein" ("guiar para" algo); eles conduzem o animal ao seu comportamento inato segundo sua espécie.

O que consideramos função diretamente "indutiva" da ideia inata, ao que o leigo frequentemente parece atribuir caráter "mágico", pode ser ilustrado pelo exemplo de Jakob v. Uexkull. A minhoca é incapaz de distinguir padrões de forma. As folhas de tília e de cerejeira, que usa tanto como alimento como para abrigo, a minhoca precisa apanhá-las pelas pontas para poder arrastá-las para dentro de seu estreito buraco; pois este é o único meio para enrolá-las facilmente. A minhoca não distingue formas, mas possui o paladar muito bem desenvolvido. Experiências demonstraram que, mesmo com folhas finamente cortadas, ela sempre consegue distinguir entre as partes que pertencem à base e as que pertencem às pontas, pois seu sabor é diferente. Portanto aqui, ao invés de padrões de forma, há padrões de paladar e a faculdade de perceber seu significado deve ser inato, pois obviamente não foi a minhoca por si mesma que a desenvolveu.

Os sinais, no entanto, não assumem apenas função "indutiva", "liderante" mas, também, função "unificadora" e "abstrativa". O significado da função "unificadora" de ideias que afetam diretamente o animal pode, novamente, ser ilustrado por um exemplo concreto — o do carrapato, como já foi descrito no nosso prefácio. Seu comportamento mostra como um organismo vivo que quase não tem órgãos de sentidos (o carrapato, como sabemos, não tem paladar, nem visão, nem audição) reduz uma pluralidade de coisas a uma unidade, diretamente e sem o processo da abstração. Trata-se da faculdade do carrapato de reconhecer os mamíferos como tais, pois é somente de seu sangue que ele se alimenta. O carrapato reduz inúmeros animais segundo forma, cor, som, sabor da carne ou do sangue, a um tipo único, simplificado, de mamífero, que ele distingue simplesmente por uma certa temperatura e um certo odor. "Isto torna possível reduzir todos os mamíferos, não importa a diferença de cor, forma, som ou odor ... a um denominador comum ... No nosso ambiente humano, um tal mamífero não existe, como um objeto distinto; ele só existe como uma abstração mental, um conceito que usamos como meio de classificação, mas que nunca encontramos na vida real." (J. v. Uexkull, Bedeutungslehre, r.d.e., Vol. 13, Hamburgo, 1956, p. 136 e ss.)

Tratamos dos sinais ao nível da vida biológica. Se passarmos agora para o reino do homem, veremos que os mesmos "sinais" também têm poder sobre ele. Nesse caso os sinais têm o papel primordial no âmbito do inconsciente. Precisamos qualificar de "inconsciente" a resposta direta que, como na vida vegetativa e sensitiva, é produzida como reação a agentes portadores de significados, a sinais; isto desde que identifiquemos consciência e saber ao processo "racional", mediador que só define os fenômenos à vista de um motivo. Mas a faculdade racional, em si, nunca deve ser considerada separadamente dos elementos da vida vegetativa e sensitiva que existem inconscientemente e que agem no homem; pois são esses elementos que fornecem o material necessário para a realização dessa faculdade. Assim sendo, os fenômenos vegetativo e sensitivo não estão destituídos de significado para o homem, entretanto, eles não são significantes e ambíguos tão logo emerjam deste lado do limiar do racional, i, é., fora do seu próprio âmbito inconsciente. É nesse sentido que as palavras de C. G. Canis devem ser compreendidas: "O fato de que a maior parte de nossa psique permaneça no inconsciente pode ser aprendido com um primeiro olhar para a vida interior. Embora tenhamos consciência de uma parte apenas das nossas capacidades, possuímos sempre milhares de outras, que são totalmente eliminadas da nossa consciência, e que não são conhecidas no instante, mas que, assim mesmo, existem e demonstram, consequentemente, que a maior parte da psique pertence à noite do inconsciente. Mas tarde . . . reconhecemos que a vida da psique pode ser comparada a um grande rio que corre continuamente e que é iluminado, porém, apenas num pequeno ponto, pela luz do sol, i. é., pelo consciente" (C. G. Carus, Psyche. Zur Entwicklungsgeschichte der Seele, Pforzheim, 1860, p. 1 e 2).

Isto leva a conclusões definidas. Acima de tudo ao nível da vida consciente — ou seja, da vida que se realiza não com base no processo do saber, mas diretamente com base nos sinais — a distinção entre sujeito e objeto é inadmissível; esses dois elementos não estão separados onde ainda não exista um intermediário cuja função é a de definir os fenômenos. Por meio da imediatez das interpretações sensoriais o processo da vida forma uma unidade indivisível, da qual não podem ser destacados sujeito e objeto. Assim Carus vê, no inconsciente, a unidade original da vida, que se consome segundo seus próprios padrões. Não existem dúvidas, nem surpresas, nem perguntas, mas apenas "obediência" às sugestões dos sinais. Por conseguinte, também não existe nenhuma "oposição" e nenhuma antítese sujeito e objeto. Objetos só aparecem onde houver "algo" a ser definido; esse existe para ser definido. Sujeito, ao contrário, é aquele que procura uma definição. Então: o que, no inconsciente, apresente um ato unificado e aconteça, desintegra-se, ao nível da vida consciente, em elementos isolados, separados, que precisam novamente ser levados à união pelo processo racional.

NOTA: "Portanto - em uma palavra - é necessário que haja um ’médium’, um ’tertium comparationis’ no qual ressaltem e possam ser expressas as ideias e a sua objetivação; estes dois fatores aparentemente nunca são combináveis e apesar disso são interdependentes; apenas isso importa e disso depende a aquisição de conhecimentos. À agitação interna propositada da alma - apenas nos domínios desse terceiro, deste número, desta álgebra, desse cálculo simbólico, no mais amplo sentido - chamamos de pensamento. Portanto, no pensamento não vivemos exclusivamente nem na ideia nem na objetivação; e o pensamento não pode compreender ou substituir nenhum dos dois fatores em sua totalidade; por isso mesmo, no entanto, ele é adequado para exprimir a relação entre ambos." Idem, p. 366.

Fenômenos sensoriais se manifestam por meio de órgãos, i. é., instrumentos da vida, a fim de servir ao desenrolar da vida. Considerando que atração e repulsão são os sinais do sucesso ou do fracasso da vida, todos os fenômenos sensoriais são coloridos, desde o início, por sentimentos de atração ou repulsão. ’Tudo o que a nossa alma, na noite do inconsciente, constrói, cria, faz, sofre, aspira ou medita, tudo quanto aí se agita, manifestando-se diretamente não apenas através do nosso próprio organismo mas também estimulado pelos efeitos de outras psiques e por todo o mundo exterior que penetra nossa vida inconsciente em vários graus de violência, esse todo, de certa forma, ecoa da noite do inconsciente para a luz da vida consciente, e esse eco, a essa estranha comunicação do inconsciente com o consciente é o que chamamos de sentimento." (Idem, p. 288) Processos emotivos e racionais, portanto, estão inseparavelmente ligados entre si.

Os elementos característicos do inconsciente incluem o que Canis denomina o "pro-meteico" e o "epi-meteico". A imediatez com que os sinais desencadeiam ações não permite erros precisamente porque tais ações não se originam no conhecimento, i. é., num processo de mediação, pois somente neste — na procura e no encontro da causa — é possível o erro. Essa certeza original e infalível da ação inconsciente nunca cessa de nos surpreender, de forma que o aparecimento ocasional de teorias românticas sobre o poder destrutivo do consciente, da atividade racional, parece bastante compreensível.

Se o elemento específico da vida sensitiva e vegetativa consiste no curso ordenado das atividades vitais sob o domínio de sinais inequívocos, então porque, no que diz respeito ao homem, sempre se fala da "luz" da consciência e do fluxo "escuro" do inconsciente? Frequentemente são atribuídos aos termos "inconsciente" e "irracional", os adjetivos "confuso" — por ser ilógico — e "obscuro" — por não ser iluminado pelo conhecimento. A vida se desenrola nas suas várias fases pré-racionais com base em padrões inatos que vão até as profundezas da vida vegetativa, no que concerne ao fato de que é através deles que os humores se formam (Vide Th. v. Uexkull, Grundfragen der psychosomatischen Medizin, r.d.e., Vol. 179-180, Reinbek, 1963). Devido ao fato de que esses padrões têm efeito direto, os modos correspondentes do comportamento e ação não exigem nenhuma motivação racional, e as manifestações resultantes não adquirem significado apenas através de qualquer compreensão, i. é., através da afirmação ou da negação de categorias. "É um sentimento peculiar o que temos quando se torna clara, em nosso pensamento consciente, a estranha e sublime legalidade e beleza que há em nós e em outros seres vivos, muito antes de qualquer pensamento"; a realização e a preservação da nossa forma já era guiada (CG. Carus, op. cit., p. 14). É através da pesquisa sobre o comportamento que as teorias de Carus assumem o seu verdadeiro sentido. Essas pesquisas "des-mitologizam" o inconsciente e o libertam de qualquer mistificação ao reduzir suas funções ao efeito imediato dos sinais.

Em suas observações, Carus demonstra plena consciência de seguinte: a finalidade do pensamento, como um processo lógico para se alcançar conhecimento - e, com isto, tornar-se também consciente de nós mesmos —, é o de atribuir significado aos fenômenos; o processo lógico é uma mediação que tem como base condições válidas para o homem, nos âmbitos vegetativo e sensitivo; por outro lado, a vida se desenrola segundo um comportamento imediato que obedece aos significados inatos dos fenômenos. Por isso, frisa Carus, o poder inerente ao princípio psíquico inconsciente, "esse domínio absoluto e penetração da matéria em que o elemento anímico está em construção, submerso em si mesmo, como em sonho, pois ainda não pensa em pensamento e precisa pensar em formas; tudo isso, se examinado própria e conscientemente, nos proporcionará um grande passo para mais perto do conhecimento de nós mesmos e compreensão de nossa alma" (Idem, p. 38 e SS).

A vida que se desenrola direta e inconscientemente é frequentemente designada com os adjetivos "obscura" e "indefinida" apenas porque as manifestações sensoriais, no que diz respeito à atividade racional, ainda estão inexplicadas ou requerem nova definição.

Enquanto, por um lado, os portadores de ação na vida vegetativa e sensitiva permanecem anônimos, pois não ultrapassam a esfera inconsciente e das ações e formam uma união indissolúvel com seus objetos, por outro, o sujeito, o indivíduo — no sentido original de última unidade indivisível — só entra em cena no momento em que a atividade racional se torna necessária para a construção de um mundo consciente. Sob esse aspecto humano, Carus fala de "pessoa" em lugar de "sujeito", na conotação especial de sua manifestação do primordial, da "archaí", em que o homem funda seu mundo consciente. Embora a derivação filológica de Carus do termo "pessoa" não seja correta, isso não prejudica o valor do que ele deseja realmente exprimir. Parte ele dos termos "anima", "spiritus" e "pneuma" e os relaciona com o sopro divino e com a "inspiração", considerando que o homem define os fenômenos com base na origem arcaica, i. é., deixa que o elemento arcaico domine. "Essa forma de ver as coisas integra-se muito bem com a ideia de que o ser vivo sozinho - do qual o sopro divino agora também é perceptível, em palavra e em ação, e do qual esse sopro se dirige para fora, para diante e através (per-sonare, como a voz do ator da antiguidade através de sua máscara) — dá-nos o conceito de um indivíduo que se define a si próprio segundo uma percepção mais elevada (razão), isto é, de uma pessoa." (Idem, p. 10)

Ao nível da atividade racional, onde se processa, indiretamente, a interpretação das manifestações sensoriais, surgem "possibilidades"; é o plano da vida consciente, no qual a atividade da "pessoa" se desenrola. Na esfera do comportamento, esse plano substitui o impulso direto, numa escolha entre grande variedade de possibilidades, conforme a nova definição dada aos fenômenos. Com essa atividade consciente em direção a definições completadas — com essa tomada de decisão consciente — a vontade emerge como uma nova característica humana. O desligamento do impacto de imagens importuno e inconsciente, o seu novo significado — o significado espiritual — que deve ser primeiramente procurado, dá lugar ao fenômeno da liberdade. No âmbito do inconsciente não existe liberdade, nem intenção, nem resolução; portanto, não existe sequer a possibilidade da escolha.

Poder-se-ia perguntar se é sensato voltar a Carus ao lembrarmo-nos que os fenômenos do inconsciente, e o papel que nele representam os sinais, já foram tratados por Freud   e por Jung   com muito mais objetividade e acuidade, e levaram a resultados bastante diferentes. Poder-se-ia objetar que Carus, afinal de contas, permanece no campo das comparações e das analogias, sem elucidar o que vem a ser o novo elemento do mundo humano; ou como acontece o "desatamento" do elemento humano e de onde vem as novas "ligações". Mas, justamente no contexto das nossas perguntas, a terminologia de Carus, ainda não estabelecida cientificamente, e sua maneira de expressar-se através de analogias continuam sendo mais simples e mais inteligíveis.


Ver online : Ernesto Grassi