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The Philosophy of the Commentators 200-600 AD (I)
Sorabji (PC1:40-43) – projeção em percepção
1. Percepção
sexta-feira 21 de outubro de 2022, por
O uso da projeção na percepção está relacionado abaixo com Jâmblico. O efeito é que os neoplatônicos posteriores concordam com a decisão de Platão em Teeteto 186-7 de atribuir a maior parte do trabalho à razão e contra o desejo de Aristóteles de expandir o conteúdo da percepção sensorial. Mas eles defendem Platão por uma teoria de projeção de conceitos rememorados que o próprio Platão nunca sonhou.
Prisciano
E acrescentemos as observações que fizemos que são comuns a todas as percepções sensoriais: (a) a exibição (emphasis) do objeto sentido no órgão dos sentidos que é constituído à semelhança do objeto sentido pelo efeito passivo (peisis ) e a atividade simultânea [no órgão dos sentidos]; (b) a exibição (emphasis) aperfeiçoada em uma forma (eidos ) na vida comum do ser composto; e (c) o conceito (logos ) ajustado a essas formas que é projetado (proballesthai ) da alma sensitiva, pelo qual o julgamento (krisis) e o entendimento (synesis ) ocorrem. Tal é o método de investigação sobre cada sentido, que se deve tomar sobretudo dos resultados filosóficos de Jâmblico em seus [livros] Sobre a alma, a partir do qual também nós agora, desejando esboçar o esboço de sua investigação precisa sobre cada [sentido], escrevi estas coisas brevemente. [Prisciano, Metaphrasis em Teofrasto 7,11-20 (relatando Jâmblico)]
Mas nem isso [a forma, eidos] é suficiente para a percepção sensorial. Pois a forma que foi aperfeiçoada em torno do órgão dos sentidos na realidade não é cognitiva (gnostikon), na medida em que se divide em torno dos corpos e não reverte a uma coisa indivisível. Mas há algum conceito (logos) dos objetos dos sentidos preconcebidos (proeilemmenos) na alma, que [conceito] vive até de si mesmo e não é apenas do composto [de corpo e alma]; portanto, é ativo indivisivelmente e existe como uma potência dos indivíduos (mas não da maneira que alguma forma particular vem a ser neles), e é um conceito cognitivo (gnoristikos) dos objetos dos sentidos, subsistindo na alma, mas não está estabelecido no corpo, uma coisa de fato, mas não como as coisas individuais, mas tendo o um compreendendo os muitos, e [o] adaptando a cada um deles; pois com o único conceito de branco a alma percebe (aisthanesthai) todos os brancos particulares. É necessário, portanto, que um conceito desse tipo tenha sido projetado (proballesthai) para que haja percepção; e é projetado como algo afim, [a saber] a forma vital [apropriada], sendo despertada e ajustada a essa semelhança da forma externa, e sendo ativa junto com ela; pois o que julga (krinein) é o conceito, e a síntese ligada à alma sensível, e a reunião no indivisível na hipóstase separada dos corpos. Assim, então, a alma tem a forma do objeto percebido pela projeção de seu conceito, mas não como recebendo dele [o objeto] alguma forma ou impressão como de um selo. [Prisciano, Metaphrasis em Teofrasto 2,26-3,9]
Simplicius
[Aristóteles DA 417b24 ‘Mas perceber não está em [seu] poder’]. Ele [Aristóteles] quer dizer claramente “[não ao alcance] da faculdade de percepção sensorial”, porque o objeto sensível, que é um indivíduo e externo, deve estar disponível, e não apenas estar aí, mas também presente à faculdade de percepção sensorial para que possa agir de uma maneira sobre o órgão dos sentidos e, sendo acionada, a alma perceptiva pode projetar (proballomene) dentro dela os conceitos comuns (logoi ) das coisas sensíveis de uma maneira apropriada ao efeito (pathos) e reconhecer (gnorizein) o objeto sensível por meio de sua própria atividade , estando em um estado de acordo com a forma (eidos) do objeto sensível. [Simplicius em DA 124,34-125,2]
Pois a percepção abrange indivisivelmente o começo, o meio e o fim do objeto sensível, e é uma atividade, sendo um juízo perfeito (krisis) e permanecendo imóvel de pronto como um todo no instante na forma (eidos) do objeto sensível. Esta forma não se impõe como um selo sobre a cera (o que não é próprio à vida), nem se aprofunda (e muito menos fica parada com uma atividade cognitiva), mas é projetada (proballomenon) de dentro pelo conceito de objetos sensíveis que é preconcebido (proeilemmenos logos) na alma. (Não é a alma que dá vida ao órgão como órgão, mas aquela que o utiliza quando já está vivo, para que, transcendendo o corpo, possa agir indivisivelmente e ter conhecimento dos objetos sensíveis.) O conceito é um, mas não segundo a unidade contraída nas coisas individuais, mas como se adequando a cada uma delas de modo apropriado segundo a unidade formal que abrange causalmente todos os indivíduos. Pois a alma percebe (aisthanesthai) todas as coisas brancas particulares de acordo com aquele conceito; pois o que julga (krinein) é a alma pelo contato apropriado daquilo que é conhecido, e é apropriado porque a alma tem em sua substância um preconceito (prolepsis ) da mesma propriedade [que é percebida]. Portanto, a alma torna-se como seus objetos sensíveis não por receber algo deles, mas por ser ativa de acordo com o conceito que lhes é apropriado. Agora que isso foi determinado em geral de toda percepção sensorial, devemos prosseguir para o que se segue. [Simplicius em DA 126,1-16]
Pois a visão não é relacionada a tamanho enquanto visão, mas a cor: em ato, permanecendo imóvel em sua forma de ver, e diante daquela caracterizada pela potencialidade, não sendo aperfeiçoada apenas por si mesma e por dentro, nem apenas externamente pelo objeto sensível, mas pelo órgão dos sentidos sendo afetado por isso de maneira semelhante ao que o afeta; mas o órgão dos sentidos é afetado de maneira vital e seu ser afetado termina em atividade formal, pois a alma sensível reconhece (gnorizein) o objeto sensível por projeção de conceitos (probole logon) e permanece imóvel em sua forma. [Simplicius em DA 128,22-9]
Mas, enquanto toda cognição atual (gnosis) é definida pela forma de seu objeto, não sendo afetada por ela, mas ativa, e ativa não criativamente, mas com julgamento (kritikos) e compreensão (synetikos), as outras atividades cognitivas obtêm sua perfeição de seu próprio ser e projetam (proballesthai) a forma (eidos) de seu objeto de si, mas a da percepção requer também o objeto percebido que está fora para projetar ativamente a forma desse objeto. É por isso que se diz ser tanto sujeita ao afeto e quanto receptiva de formas que, como tal, entram desde alhures, e ser aperfeiçoada por outras coisas. Uma indicação disto é o fato de que, sendo a forma mais baixa [de cognição], a percepção sensorial deve usar um órgão, e de tal maneira que ele não seja forte o suficiente para ser autossuficiente em seu uso, nem tenha um órgão suficiente para a vida que o utiliza, mas que precisa primeiro ser afetado de alguma forma pelo objeto perceptível, sendo a atividade vital simultaneamente despertada pelo efeito externo (peisis). Assim, o órgão, sendo um corpo, tem na vida da percepção uma atividade que é afetiva, mas o sentido que o utiliza é ativo sem ser afetado, projetando de dentro os conceitos (logous proballein) dos objetos percebidos em correspondência (symmetros ) com a atividade afetiva do órgão, por (kata) cujos conceitos, como já foi dito, ela compreende e julga ativamente (syniesi kai kritikos energei). [166,17] Por conseguinte, diz-se que é receptiva às formas e é afetada pelo que tem cor, sabor ou som , porque seu órgão precisa ser afetado por elas, tendo recebido uma aparência das formas nelas. Pois como a atividade no agente é semelhante à forma que é produzida, o efeito de acordo com as formas torna claro o parentesco com o agente; e, pelo aparecimento da forma que entra no órgão dos sentidos pela ação do objeto perceptível, não apenas a vida [no órgão dos sentidos] se torna ativa, mas também a vida que a utiliza projeta sua atividade de julgamento (kritike) pura, segundo os conceitos afins à atividade afetiva no órgão dos sentidos; [e sua atividade é pura], pois não é afetada nem recebe as formas de fora. Pois a cognição (gnosis) é de dentro, e assim também o estado correspondente ao objeto do conhecimento. Mas diz-se que o sentido é afetado e se torna a forma porque o órgão dos sentidos recebe as aparências formais de fora, e não sem atividade; pois recebe as formas sem matéria; já que todo objeto perceptível não é uma forma, mas um ato. [Simplicius em DA 166,3-29]
Boécio
O que vem primeiro, de fato, é uma experiência em um corpo vivo que desperta e põe em movimento os poderes da mente , quando a luz atinge os olhos ou uma voz soa nos ouvidos. Então a força da mente é despertada, e convocando as formas (species) que ela contém para movimentos semelhantes, ela as aplica (applicare) às marcas de fora, e mistura as imagens com as formas armazenadas dentro de si. [Boécio, Consolação 5, metr. 4, linhas 30-40]
No caso da percepção dos corpos, suas propriedades, situadas fora de nós, são apresentadas aos nossos órgãos dos sentidos, e o efeito sobre o corpo precede a atividade da mente, chamando a mente à atividade em si mesma e despertando as formas (excitare formas) dentro que anteriormente estavam quietas. Mas se no caso da percepção dos corpos a mente não é marcada por algum efeito sobre ela, mas por seu próprio poder julga (iudicare) sobre o efeito acrescentado ao corpo, tanto mais aquelas coisas que estão livres de todos sentimentos corporais não seguem em seu ato de discernimento o que está situado fora delas, mas realizam a atividade de sua própria mente? [Boécio, Consolação 5, prosa 1, linhas 1-10]
Ver online : The Philosophy of the Commentators, 200-600 AD