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Sistema de Informação Geográfico - Um Ensaio de Desconstrução

de Castro: a noção de autopoiese

4. Meio técnico-científico-informacional e SIG

quinta-feira 28 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro

      

Versão inicial da minha tese de doutorado

      

Ao se dedicar ao estudo da ontogenia, que os levou a formular o princípio que denominaram de autopoiese, os biólogos   chilenos Francisco Varela   e Humberto Maturana   [1] enunciaram várias constatações de interesse  :

  • primeiro, que cada ser começa com uma estrutura   inicial, que condiciona o curso de suas interações, e restringe as mudanças estruturais que as interações podem disparar nesta estrutura inicial;
  • ao mesmo tempo, este mesmo ser nasce também em um lugar particular, em um meio, que constitui a ambiência onde emerge e interage;
  • este meio parece ter uma din  âmica estrutural própria, operacionalmente distinta do referido ser vivo;
  • como observadores distinguimos o ser   vivo como uma unidade  , destacada de seu meio, e o caracterizamos como uma organização definida;
  • distingue-se, portanto, duas estruturas que irão ser consideradas operacionalmente independentes entre si: ser vivo e meio;
  • existe entre elas uma necessária congruência estrutural (ou a unidade do ser desaparece);
  • a interação entre elas não é do tipo instrutiva, ou educativa, como propõe Piaget, pois não determina seus efeitos; melhor dizendo, ela dispara efeitos.
    Maturana & Varela aprofundaram ainda mais suas constatações no campo   da Biologia, revelando novos aspectos da relação ser-meio, bastante significativos para as pesquisas associadas às emergentes Ciências Cognitivas, e, porque não, para outras ciências, como por exemplo a Geografia:
  • primeiro fato importante, nas interações entre ser e meio, dentro desta congruência estrutural, as perturbações do meio não determinam o que acontece com o ser, ou melhor, é a estrutura do ser que determina que mudanças ocorrem nele;
  • mudanças que resultam da interação entre o ser e seu meio são trazidas por um agente   perturbador, mas determinadas pela estrutura do sistema perturbado; o caminho   inverso vale também para o meio;
  • enquanto não se entrar em uma interação destrutiva, se observará entre ser-meio uma compatibilidade, onde ambos atuam como fontes mútuas de perturbação, disparando mudanças de estado   - processo denominado acoplamento estrutural, em que se observa os princípios de conservação da autopoiese e da adaptação;
  • organização denota dentro desta perspectiva, aquelas relações que devem existir entre os componentes de um sistema, para que ele seja um membro de uma classe específica; a estrutura denota, por sua vez, os componentes e as relações que na realidade constituem uma unidade particular, e tornam sua organização real.
  • a chave para a compreensão desta dialética complexa é que só podemos tratar de unidades estruturalmente determinadas.

Ver online : SIG - Sistema de Informação Geográfico ou sig - sintetizador de ilusões geográficas


[1MATURANA, Humberto & VARELA, Francisco J. (1992), The Tree of Knowledge. The Biological Roots of Human Understanding. San Francisco, Shamballa.