Às vezes muitas APARÊNCIAS DA VONTADE entram em conflito nos graus mais baixos de sua objetivação, portanto no reino inorgânico, quando cada aparência quer apoderar-se da matéria existente servindo-se do fio condutor da causalidade; assim, desse conflito emerge a aparência de uma ideia mais elevada que domina todas as ideias mais imperfeitas que antes ali existiam, todavia, de tal maneira que permite que a essência destas continue a existir de um modo subordinado, mediante a absorção em si (…)
Apontamentos de pensadores do Ocidente e do Oriente, desde um apreço (philo) à compreensão (sophia) do "ser" humano.
[Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro]
Matérias mais recentes
-
Schopenhauer (MVR1): aparências da vontade
2 de dezembro, por Cardoso de Castro -
Flusser (2006) – História do Diabo
27 de novembro, por Cardoso de CastroEnsaio Diabólico A história do diabo é um ensaio provocativo já pelo título, e provavelmente também por isso sofreu um longo caminho até chegar ao leitor. A primeira versão foi escrita em alemão entre 1956/ 57, mas o autor não conseguiu uma editora que o publicasse na Alemanha. Sete anos mais tarde, elaborou a versão portuguesa, lançando o livro finalmente em 1965, como a sua segunda obra, depois de Ungua e realidade. No entanto, vários aspectos evidenciam que o livro foi escrito (…)
-
Francis Wolff (2011:10-13) – definições do humano, dependentes de exigências epistemológicas
23 de novembro, por Cardoso de CastroPartamos não mais das teorias e práticas científicas, mas das definições filosóficas do homem. Perguntemos quais são as mais comuns e as mais influentes da História. Da Antiguidade chegou até nós a ideia de que o homem é um “animal racional”, isto é, um organismo vivo distinto de todos os outros, porque dotado de logos (linguagem? razão?). Essa ideia, que tem origem na filosofia de Aristóteles, encontrou de que se alimentar e se desenvolver no Estoicismo, depois atravessou os séculos, passou (…)
-
Deleuze (1988) – Virtual
19 de novembro, por Cardoso de CastroNão paramos de invocar o virtual. Não seria isto recair no vago de uma noção mais próxima do indeterminado do que das determinações da diferença? Todavia, era isto que queríamos evitar ao falarmos, precisamente, de virtual. Opusemos o virtual ao real; agora, é preciso corrigir esta terminologia que ainda não podia ser exata. O virtual não se opõe ao real, mas somente ao atual. O virtual possui uma plena realidade enquanto virtual. Do virtual, é preciso dizer exatamente o que Proust dizia dos (…)
-
Hegel (Lógica) – o conhecido como desconhecido
19 de novembro, por Cardoso de CastroAs formas do pensamento estão, primeiramente, expostas e depositadas na linguagem do ser humano; em nossos dias pode muitas vezes não ser suficientemente lembrado que aquilo pelo qual o ser humano se distingue do animal é o pensar. A linguagem se inseriu em tudo aquilo que se torna para ele [o ser humano] em geral um interior, uma representação, em tudo aquilo de que ele se apropria, e o que ele torna linguagem e exprime nela contém de modo mais encoberto, mais misturado ou mais elaborado (…)
-
Dória (DC) – Adorno
19 de novembro, por Cardoso de CastroTheodor Wiesengrund-Adorno, sociólogo, musicólogo e pensador alemão nasceu em Frankfurt em 1903, e morreu na Suíça em agosto de 1969. Filho de pai judeu e de mãe corsa (seu nome de adoção é o materno, o que lembra as origens da família de sua mãe na antiga família nobre dos Adorni de Gênova), Theodor W. Adorno era aparentado, por via paterna, a Walter Benjamin. Adorno fez-se Privatdozent em Frankfurt em 1931; em 1933, por causa da ascensão de Hitler, e sendo meio-judeu, foge (juntamente com (…)
-
Nietzsche (VP:584) – Dogmatismo
19 de novembro, por Cardoso de CastroA errância da filosofia repousa no fato de que, em vez de se ver na lógica e nas categorias da razão um meio de preparação do mundo para fins de utilidade (portanto, “no que concerne aos princípios”, para uma falsificação útil), acreditou-se ter nelas o critério da verdade, respectivamente da realidade [Realität]. O “critério da verdade” foi de fato meramente a utilidade biológica de um tal sistema de falsificação de princípio: e porque uma espécie de animal não conhece nada mais importante (…)
-
Zarader (2000:225-227) – Objeções de Derrida à questão do espírito [Geist] em Heidegger
30 de outubro, por Cardoso de CastroPrimeiro momento. Não consiste evidentemente para Derrida em opor ao texto heideggeriano um qualquer «fora» que teria negligenciado (por exemplo o pensamento judeu); mas sim relembrar, que aquilo que é deixado desta forma fora de jogo, pertence de pleno direito ao «dentro» — e que nesse sentido, não o nomear é pura e simplesmente evitá-lo. «O Evitar» que Derrida descobre a um duplo nível. Por um lado, Heidegger não reconhece, no espírito enquanto chama, uma determinação efectivamente mais (…)
-
Rosset (1967) – primazia da Querença [Wille] para filosofia genealógica
23 de outubro, por Cardoso de Castro[...] A primazia da Querença [Wille] sobre as representações intelectuais representa uma ruptura de inestimável importância na história das ideias. Não que essa ruptura seja inteiramente nova: filósofos e escritores clássicos já haviam analisado este ou aquele aspecto da primazia da “paixão” sobre o “juízo”; mas Schopenhauer é o primeiro a estabelecer e sistematizar essa primazia da “Querença” sobre o “Espírito”. Anteriormente, esses eram apenas “acidentes” do espírito, casos singulares em (…)
-
Rosset (1967) – Querer [Wille] em Schopenhauer
23 de outubro, por Cardoso de CastroÉ claro que nunca entenderemos a natureza das forças que reinam no mundo. Mas isso não significa que não possamos descrever essas forças ou até mesmo, de certa forma, conhecê-las. É aí que entra a famosa teoria da Vontade de Schopenhauer, que o levou a caminhos novos e até então proibidos.
Até que ponto, e de que maneira, podemos penetrar nessa terra incógnita, da qual as representações causais só dão uma imagem externa? Como podemos compreender “por dentro” uma motivação que parecia (…)