(FRSR)
O mundo está aí antes de tudo. Simplesmente aí. Este ser do mundo é o seu ser-já-aí […] Nesta nova acepção do conceito de ser-aí confluem tanto a existência do mundo quanto o poder de Deus; ambos estão “já aí”; devido à sua condição de criado e à sua aptidão para ser incessantemente recriado, o mundo já está feito; a partir do seu eterno poder de criar, Deus já o criou e esta é a única razão pela qual ele está “aí”, e que todas as manhãs ele se renova. É por isso que todos os conceitos para abraçar a realidade universalmente tendem a adotar a forma do passado […] cada vez o mundo é projetado no passado para se tornar conhecível. Mesmo a ideia de lei natural é expressamente pensada como posição, coisa posta, estatuto; não é ao presente instável que se reduzem os eventos que ocorrem, mas tudo, incluindo o presente, o instante do movimento, é preciso reconduzi-lo à forma do repouso, e portanto ao passado. […] O ser-aí da Criação garante a verdade do mundo na sua realidade concreta, preservando ao mesmo tempo a validade da imagem elementar, da imagem metalógica do mundo. O mundo não é nem uma sombra, nem um sonho, nem um quadro; o seu ser é ser-aí, ser-aí real – criação criada [FRSR francês, p. 159-161].