Míguez
12. Es preciso que percibamos cada cosa por la facultad cognoscitiva que corresponda; unas por los ojos, otras por los oídos y las demás de la misma forma. Y hemos de pensar, bien, que hay otras cosas que ve la Inteligencia, y que comprender no es escuchar ni ver. ¡Como si pudiese prescribirse que se ve con los oídos o que los sonidos no existen que no se los ve! Pensemos, sin embargo, que los hombres olvidadizos de lo que desde el principio y hasta ahora echan de menos y ansían. (…)
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reino etc
basileia / βασιλεία / βασιλέα / regnum / basileus / βασιλεύς / rex / basileia ton ouranon / Βασιλεία τῶν Οὐρανῶν / reino dos céus / βασιλειαν του θεου / basileian tou theou / reino de Deus / malekut samayim / melek / malak / mamlakah / malkut / melukah / INRI / khalifah
gr. βασιλεία, basileia = reino; gr. βασιλεύς, basileus = rei.
Coenen & Brown
O substantivo basileus remonta a tempos tão remotos quanto o Linear B e era originalmente um termo geral para quem governa; depois mais especificamente, um rei.
O substantivo abstrato basileia é de origem posterior a basileuse é atestado pela primeira vez em Heródoto.
Traduziu na LXX os termos do AT: melek, três classes de soberanos; o verbo malak, fazer rei; o substantivo mamlakah (por vezes traduzido por arche); malkut, com mesmo sentido que mamlakah; melukah, realeza.
O conceito de “reino dos céus” (malekut samayim; gr. basileia ton ouranon) já aparece no AT, especialmente nos apócrifos e na literatura inter-testamentária.
No NT, basileia ocorre com mais frequência do que basileus e basileuo (mais frequente no Apocalipse).
Das 13 referências gerais à basileia no NT, os significados variam: ofício de rei; área de um reino; um reino. Quando Jesus fala dos reinos humanos, eles são contrastados com o Reino de Deus, pois estão todos sob o domínio do diabo.
As referências à basileia enquanto Reino de Deus ou de Cristo são 52 em Mateus, 16 em Marcos, 43 em Lucas , 5 em João e 2 no Apocalipse. Na literatura paulina tem 19 ocorrências, das quais cinco nos Atos. ["Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento", de Coenen & Brown]
Bonnet
Pilatos coloca quatro questões. Jesus não responde à primeira, ele o faz indiretamente à segunda e claramente à terceira: “Eu sou rei.” No contexto do judaísmo, que se deve entender por aí, da mesma forma que para o “reino” a respeito do qual Jesus acaba de se explicar?
Enquanto os sinóticos usam frequentemente o termo “reino”, este só aparece em João em duas ocasiões: aqui (na citação acima) e quando da conversa com Nicodemo onde é dito Jo 3, 1-21.
Reino se diz em grego basileia, em hebreu malkhut ou mamlakha. Nas duas línguas estas palavras designam ao mesmo tempo o reino e a realeza ou o reinado.
A expressão aparece pela primeira vez na Torá quando Deus diz a Moisés: Ex 19,3-6.
Este texto foi tão fundamental para os primeiros cristãos que é retomado na primeira Epístola de Pedro (1Pe 2,9-10) e no Apocalipse (Ap 1,6; Ap 5,10).
O reino é constituído daqueles que se tornaram santos, tendo recebido a santa unção — como o são os sacerdotes (“São esses os nomes dos filhos de Arão, dos sacerdotes que foram ungidos, a quem ele consagrou para administrarem o sacerdócio.” Num 3,3), e que se tornam assim “Filho do óleo”, quer dizer filho de luz e portanto “nascidos do Alto”, como Jesus diz a Nicodemo (vide Filho do homem).
Jesus se dizendo rei, afirma deste modo que recebeu a unção, pois no judaísmo, o rei era ungido (hebraico, mashyah, grego christos) — e quando adiciona que nasceu, é que nasceu do Alto (do Espírito). O rei recebia como insígnias a coroa (heb. Nezer) e o testemunho (heb edut), símbolos de atributos complementares (2Reis 11,12).
Com efeito se, como é de tradição no judaísmo se faz referência à primeira expressão figurando na Torá, o nome de Rei aí aparece a respeito dos vencidos por Abraão no Gênesis 14. Entre estes reis, um se destaca: (Melquisedeque, rei de Shalem. Ele é rei de Justiça (tsedeq) e de Paz (shalom), unindo estes dois atributos divinos como no Salmo 85 onde Justiça e Paz se beijam. É dito além do mais e isso relembra o texto do Êxodo sobre o “Reino de Sacerdotes”.
A benignidade e a fidelidade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram. (Salmo 85,10)
Shalem, comenta o Zohar , significa “completo”, pela união dos complementares e notadamente do mundo do Alto, simbolizado pelo vav do Tetragrama [IHWH], ao hé de Baixo que faz remontar até o vav. Melquisedeque é assim o Rei do Mundo (melekh há olam) (Zohar 1,87a) (Guénon - REI DO MUNDO).
O mesmo qualificativo de shalem é aplicado a Jacó no Gênesis 33,18 (“Depois chegou Jacó inteiro (shalem) à cidade de Siquém, que está na terra de Canaã, quando veio de Padã-Arã; e armou a sua tenda diante da cidade.”), texto que o Zohar aproxima do Salmo 76,3: “Sua tenda está em Shalem”. Ele se estende longamente sobre a perfeição de Jacó, perfeito (shalem) no Alto e em Baixo, nos céus e sobre a terra, pois ele representa a Fé suprema: hemanuta ilah, este atributo sendo de mesma raiz e de mesmo sentido que o hebraico emet (Zohar 1, 172b) [Traduzido do ensaio de Bonnet publicado na revista "Études Traditionnelles"]