Poesia e Prosa

Antonio Machado, Machado2002

O século XVIII acreditava, com d’Alembert, que “só o que seria excelente em prosa é bom em verso”. Tal como Diderot, D’Alembert era um amante dos paradoxos, muito próprios do seu tempo. Um século antes, o professor de filosofia do Sr. Jourdain tinha dito: “Tudo o que não é verso é prosa”; por outras palavras, o oposto de um paradoxo, um truísmo. E um século mais tarde, Mallarmé, em sintonia com o mestre de M. Jourdain, pensava absolutamente o contrário de d’Alembert: que só o que é bom em poesia é o que, de modo algum, pode ser qualquer coisa em prosa.

Nota: Juan de Mairena não viveu o recente debate sobre a “poesia pura”, no qual M. de La Palice, e não d’Alembert, teve a última palavra: “A poesia pura é o que resta quando todas as suas impurezas foram retiradas da poesia”.