11. A perda da significação do ritmo se traduz ao olhar de qualquer observador por uma série de fenômenos, cuja evidência é inegável; as grandes cidades, onde desfilamos como expressões transitórias de massas anônimas — hóspedes passageiros de moradias coletivas — onde a confusão, o caos, a rotina, a resignação, a domesticação nos reduzem a apêndices de máquinas, a peças de engrenagens, matam em [161] nós todo sentimento do ritmo interior e exterior. As técnicas são inimigas do ritmo, (…)
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melodia etc
melos / μέλος / μέλη / mele / mêlē / canto / melodia / métrica / métricas
Coomaraswamy
Expressas de outra forma, as "métricas" são o veículo da libertação e daí surge a expressão tântrica posterior mantra yana, que significa "trajeto do encantamento". Em Jaiminiya Upanixade Brahmana 1.18 temos a descrição de uma ascensão por meio das métricas: "Reúne as métricas (chandansi), entra nelas como num refúgio e serás afastado da morte e do mal". Desse modo a pessoa se eleva para o Sol, para a Verdade (satyam, ibid., 1.5) e para o Som (svara, ibid., II 1.33); é literalmente por meio da assonância ou sintonização que "o que entende" (evamvit) é assimilado na Fonte de Luz; ou, em termos cristãos, é investido numa Porção de Luz. É este o significado metafísico de todos os ritos litúrgicos, podendo-se dizer o mesmo de todas as artes tradicionais cujo objetivo final é perceber a beleza Absoluta: e isto é possível somente porque (como diz Plotino ) esta música "é uma representação terrena da música que existe nos domínios do mundo ideal" (a "música não ouvida" do Kabir ); e o "artesanato como carpintaria e construção... toma o seu princípio daqueles domínios e do pensamento que existe neles". Sobre este significado espiritual de "ritmos" veja E. Lebasquais em Le Voile d’Isis No. 184, 1935, p. 142, nota 2 e René Guénon, ibid., No. 182, pp. 49-54. Também podemos notar que o Sahitya Darpana III.2-3, em que a consumação da sensação estética é assinalada ao "gosto de Brâmane" (veja o meu Transformation of Nature in Art, 1934, p. 49), é de fato um prolongamento, uma reafirmação ou uma paráfrase da doutrina bramânica de integração pelo sacrifício (samskarana) como foi enunciado acima em relação às métricas, e no Satapatha Brahmana em relação ao simbolismo do Fogo-altar, de cuja construção, como nas catedrais, participa uma síntese eminente de todas as artes. [AKCcivi]