Transdução

JYCVS

A transdução é, antes de tudo, “uma operação física, biológica, mental ou social pela qual uma atividade é propagada de perto para perto dentro de um domínio, baseando essa propagação em uma estruturação do domínio de um lugar para outro: cada região de estrutura constituída serve à região seguinte como um princípio de constituição, de modo que uma modificação se espalha progressivamente ao mesmo tempo que essa operação de estruturação”. A imagem mais simples da operação transdutiva é fornecida por um cristal que, partindo de uma semente muito pequena, cresce e se estende em todas as direções em sua água mãe; cada camada molecular já formada serve como base estruturante para a camada em processo de formação; o resultado é uma estrutura reticular amplificadora. A operação transdutiva é a individuação em andamento” (ILFI, 32-33).

Ao definir um tipo de operação, a transdução define simultaneamente uma estrutura do real: a estrutura que a torna possível e que ela gera; ao definir um tipo de operação que pode ser realizada em todos os principais domínios da realidade, ela define a estrutura que a torna possível e que ela é capaz de gerar em todos os domínios do real. O conceito de ser, como estrutura e operação: uma estrutura capaz de se comportar como um sistema em tensão em um estado metaestável e, portanto, de possibilitar o desenvolvimento de uma operação de individuação; uma operação de individuação que divide e distribui, por conta própria, o real em um real individuado e um real pré-individual. A conversibilidade alagmática da operação e da estrutura é universalmente estabelecida por meio da noção de transdução: é um meio de tornar todo o ser acessível de forma homogênea, ao mesmo tempo em que lhe concede toda a diversidade que desejamos; um meio de dar seu lugar pleno, no ser, tanto ao um quanto aos muitos (poderíamos dizer, por meio de uma imagem, que a transdutividade é o passe-partout do ser, da unidade no ser). A unidade não é a de um princípio, uma vez que a “unidade transdutiva” opera e “se propaga de perto para perto”, “de lugar para lugar”. A transdutividade não define a única estrutura existente da realidade (a diversidade infinita das estruturas da realidade é o objeto da diversidade das ciências), ela define apenas a estrutura que torna possível o advento de estruturas particulares, sua individuação infinita: não é a estrutura de tal ou qual parte da realidade, de tal ou qual ser individuado, mas uma representação do ser como estrutura, que corresponde à possibilidade do advento infinito de seres indivisos, uma operação de individuação ad infinitum. “Há transdução quando há atividade partindo de um centro estrutural e funcional do ser, e estendendo-se em várias direções a partir desse centro, como se múltiplas dimensões do ser estivessem surgindo em torno desse centro; a transdução é o aparecimento correlativo de dimensões e estruturas em um ser em um estado de tensão pré-individual, ou seja, um ser que é mais do que unidade e mais do que identidade, e que ainda não se depauperou em relação a si mesmo em múltiplas dimensões” (ILFI, 33).