O Eu Empírico ou "Me"
(WJames1943)
O Eu Empírico de cada um de nós é tudo o que ele é tentado a chamar pelo nome dé me. Mas é claro que entre aquilo que um homem chama me e aquilo que ele simplesmente chama meu é difícil de traçar a linha. Nós sentimos e actuamos acerca de certas cousas que são nossas tantissimo como sentimos e actuamos acerca de nós próprios. A nossa fama, os nossos filhos, o trabalho das nossas mãos, podem ser-nos tão caros como os nossos corpos e despertar-nos os mesmos sentimentos de represália, se são atacados. E os nossos próprios corpos, são eles simplesmente nossos, ou são eles nós? Certamente que tem havido homens prontos a renegar os seus próprios corpos e a considerá-los como mero vestuário, ou até como prisões de barro, das quais um dia se julgam felizes de escapar.
Vemos, pois, que estamos a lidar com um material flutuante, sendo o mesmo objecto algumas vezes tratado como uma parte do me, outras vezes como simplesmente meu e ainda como se eu nada tivesse absolutamente a ver com ele. No seu sentido mais lato possível, portanto, o Eu de um homem é a soma total de tudo o que ele Pode chamar seu, não somente o seu corpo e os seus poderes psíquicos, mas as suas roupas e a sua casa, a sua reputação e as suas obras, as suas terras e os seus cavalos, o seu iate e a sua conta bancária. Todas estas cousas lhe transmitem as mesmas emoções. Se elas crescem e prosperam, ele sente-se triunfante; se elas diminuem e definham, ele sente-se abatido — não necessariamente no mesmo grau para cada cousa, mas quasi da mesma maneira para todas. Compreendendo o Eu no seu· sentido mais amplo, nós podemos começar por dividir a história dele em três partes, referindo-a respectivamente a: —
1) — Seus constituintes;
2) — Os sentimentos e emoções que eles despertam — sentimentos próprios;
3) — As ações a (pie eles conduzem — Pesquisa própria e conservação própria.
1) — Os constituintes do Eu podem dividir-se em duas classes, as quais compreendem respectivamente:
(a) O Eu material
(b) O Eu social
(e) O Eu espiritual e
(d) O puro Ego
