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Psicopatologia

Thomas Fuchs, Fuchs2014

Karl Jaspers é considerado o fundador incontestado da psicopatologia como ciência com um objeto e uma metodologia próprios. Esta fundação da psicopatologia baseou-se essencialmente na rejeição do reducionismo científico natural, que tentava remontar os fenómenos mentais e as ocorrências de perturbações mentais à sua origem no substrato orgânico (isto é, no cérebro). De fato, este reducionismo corresponde ao desejo científico de explicações, mas dá prioridade à questão do porquê em detrimento da questão do quê, negligenciando assim a descrição e a compreensão cuidadosas das variações patológicas da vida psíquica. A psicopatologia como ciência, pelo contrário, baseia-se para Jaspers no pressuposto de que mesmo as anomalias mentais têm características gestálticas e significativas e, por isso, não podem ser explicadas exaustivamente pela listagem de sintomas, que seriam considerados reflexos de perturbações neurobiológicas. Ao contrário da neurologia, que correlaciona deficiências individuais com lesões físicas localizadas, a psicopatologia começa aí, onde tanto a estrutura holística do mental como, consequentemente, a constituição da experiência do mundo e do eu como um todo sofrem uma perturbação. Esta constituição alterada ou perturbada já não pode ser descrita por referência a sintomas individuais, mas requer uma apresentação fenomenológica de toda a estrutura do mundo vivido. Só se esta tarefa for cumprida e a doença mental for entendida como uma modificação da constituição do mundo é que se pode começar a procurar as causas das perturbações, sejam elas de natureza física, histórica ou outra - isto é, partindo de uma base metodologicamente segura.

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