Relação ética do homem e da mulher (1)
Hegel2003 (Reflexão de Gaboriau)
456 – A lei divina que reina na família possui, de seu lado, também diferenças em si , cujo relacionamento constitui o movimento vivo de sua efetividade. Mas entre as três relações – homem e mulher, pais e filhos, irmão e irmã – em primeiro lugar a relação do homem e da mulher é o imediato reconhecer-se de uma consciência na outra, e o conhecer do mútuo ser-reconhecido. Esse reconhecer-se, por ser o natural e não o ético, é apenas a representação e a imagem do espírito, e não o espírito efetivo mesmo.
Mas a representação ou a imagem tem sua efetividade em um Outro que ela. Essa relação não tem, pois, sua efetividade nela mesma, mas na criança: em um Outro, cujo vir-a-ser é a relação mesma, e no qual a relação desvanece. Essa mudança das gerações, que se sucedem, tem sua base permanente no povo.
A piedade mútua do marido e da mulher está, pois, misturada com uma relação natural, e com sensibilidade; e sua relação não tem em si mesma seu retorno a si. O mesmo com a segunda relação, a piedade recíproca dos pais e dos filhos. A piedade dos pais para com seus filhos está justamente afetada por essa emoção de ter no Outro a consciência de sua efetividade, e de ver o ser-para-si vir-a-ser nele, sem recuperá-lo; senão que permanece uma efetividade alheia, peculiar. Inversamente, a piedade dos filhos para com os pais é afetada pela emoção de ter o vir-a-ser de si mesmo – ou o Em-si – em um outro Evanescente, e de só alcançar o ser-para-si e a própria consciência-de-si através da separação da origem – uma separação em que essa origem se esgota.
