(Amir2014)

Ser humano é compreender a si mesmo – e isso só se realiza através daquele tipo de diálogo em que as pessoas se refletem mutuamente, pois os humanos são sociais por natureza. Hamann não glorifica as emoções, nem exalta o poder da vontade. Em vez disso, o Evangelho envolve um ser existente, uma unidade: a fé aponta para um modo específico de existência do ser integral.

O indivíduo para Hamann é o ser histórico e autêntico, em oposição à mente abstrata e “pura” que habita um corpo. Ele é carne e sangue, racional mas também emocional, intelectual mas igualmente sexual. Em sua autobiografia, Goethe expressa o princípio central de Hamann da seguinte forma: “Tudo o que o homem deseja realizar — seja por ação ou palavra — deve brotar de suas forças unidas em sua totalidade, pois tudo o que está dividido é inútil.” (Goethe 1848, 446–7) Goethe vê Hamann como um grande despertador, o primeiro defensor da unidade do ser humano que engloba todas as faculdades — mental, emocional, física e criativa —, bem como a resposta aos equívocos, distorções e danos causados pela crítica francesa estéril, que dissecava sua atividade com frieza.