(Smith1960)

Assim como todos os nossos poderes de conhecimento têm o autoconhecimento como objeto, o amor próprio é o objeto de nossas inclinações e desejos. O autoconhecimento é a nossa sabedoria, o amor próprio é a nossa virtude. É impossível para um homem amar a si mesmo enquanto for incapaz de conhecer a si mesmo. Portanto, somente a verdade pode nos libertar; este é o ensinamento da sabedoria celestial que veio ao mundo para nos ensinar o autoconhecimento e o amor próprio.

Por que o homem não pode conhecer a si mesmo? A razão deve estar simplesmente na condição de nossas almas. A natureza, que nos instrui sobre o mundo invisível por meio de enigmas e parábolas, mostra-nos, por meio das relações das quais nosso corpo depende, como devemos compreender a relação de nosso espírito com outros espíritos. Assim como o corpo está sujeito às leis dos objetos externos, ao ar, à terra e à influência de outros corpos, também devemos compreender a nossa alma. Está exposta à influência constante de espíritos superiores e está ligada a eles. Isto é o que sem dúvida torna o nosso eu tão ambíguo que não conseguimos reconhecê-lo, distingui-lo ou defini-lo.

A impossibilidade de conhecer a nós mesmos pode estar na base da nossa natureza, bem como na sua constituição e condição particulares. O movimento de um relógio pressupõe tanto uma construção adequada como a sua corda. Se a nossa natureza depende de maneira especial e precisa da vontade de um ser superior, segue-se que devemos fazer uso do conceito de tal ser para explicar a natureza humana; e que quanto mais luz recebemos ao contemplar esse ser, mais nossa própria natureza deve ser iluminada.