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Santos Gênese do símbolo

A GÊNESE DO SÍMBOLO Aproveitando o esquema biológico da adaptação, que tão bem corresponde às nossas concepções dos fatores da cultura, que implicam a presença dos fatores emergentes (intrínsecos), que são os bionômicos e os psicológicos, e dos fatores predisponentes (extrínsecos), que são os ecológicos e os histórico-sociais, podemos compreender facilmente a gênese do símbolo.

A criança, que é sempre uma grande lição para nós, mostra-nos no desenrolar de sua formação, o histórico da antropogênese, como vemos na “Noologia Geral” e apesar das opiniões contrárias, revela-nos ainda a formação do símbolo, através da criação complexa do ludus simbólico.

Na fase da predominância do sensório-motriz, que é a primeira do desenvolvimento da inteligência, vemos surgirem os “esquemas simbólicos” que são esquemas de ação, saídos do seu contexto, e que evocam situações ausentes, como, por exemplo, “fazer de conta” que dorme.

Mas o símbolo surge realmente, enquanto tal, quando a representação é destacada da ação própria : como, por exemplo, fazer dormir um ursinho, isto é, um objeto que é um ursinho. O esquema biológico da adaptação, aplicado - à psicologia, como já tivemos ocasião de analisar em nossos trabalhos anteriores, oferece-nos possibilidades de melhor compreensão da gênese do símbolo, o que é de máxima importância para a compreensão de toda a atividade pensamental do homem.

Partindo dos fatores emergentes, o ser humano é corpo e alma. Como corpo, temos os fatores bionômicos, com um papel fundamental na vida humana e, como alma, os fatores psicológicos.

Os fatores bionômicos, emergentemente se fundam no que a biologia chama de Organização - a parte somática, constituída dos esquemas hereditários, genericamente biológicos, incluindo ainda, como se inclui no pensamento atual, todo o conjunto das constelações esquemáticas do psíquico e do neuro-somático.

É o soma e o sema como complexo corpo e alma, reunindo, assim, os fatores emergentes tomadas propriamente em sua emergência.

Mas o ser humano, como todo ser vivo, surge, perdura e depende de um meio ambiente, que lhe é favorável sob certos aspectos e também suficientemente hostil para, por condicionamentos, ativá-lo a ações e modificações que o tornam apto a sobreviver nele, como nos mostra o mundo biológico em geral. E essa atividade toma o nome genérico de Adaptação - a qual pode ser, não só biológica, como psicológica e até social. No caso que ora estudamos, que é o da simbólica, interessa-nos por ora a adaptação em sentido psicológico e social, pois o símbolo realiza uma operação diádica, tanto individual como social.

A adaptação processa-se pela acomodação, isto é, pela disposição dos esquemas à circunstância ambiental, e por uma assimilação (assemelhação), em que é captado do ambiente o que é assimilável aos… e pelos esquemas.

Desta forma, temos a adaptação por:

  • Acomodação — ação “centrífuga” dos esquemas, dirigidos ad …
  • Assimilação — ação “centrípeta” dos esquemas — dirigidos in …

Biologicamente, o ser vivo dispõe de esquemas, e é em função deles que realiza uma ação de acomodação ao meio ambiente (psicologicamente seria ao mundo do objeto), e capta; do objeto, as formas que se assemelham às constitutivas dos esquemas (intentionaliter).

Para o idealismo absoluto, o conhecimento do homem está totalmente condicionado aos esquemas, pois aquele não poderia assimilar senão na proporção dos esquemas que já têm.

Mas esquece o idealismo absoluto de considerar o papel histórico do esquema. O esquema não é algo estático, como pensam os idealistas. O esquema é histórico, e como tal é influído pelos fatos do mundo exterior.

O nosso espírito caracteriza-se sobretudo pela sua imensa capacidade de criar esquemas. E os “elementos” componentes de um conjunto esquemático podem servir de “elementos” para estruturarem uma nova ordem, num novo esquema.

Desta maneira, o mundo exterior tem um papel de facilitados, isto é, de predisponente na formação esquemática, além de dar historicidade maior aos esquemas anteriores que, pela sua repetição, tendem a generalizar-se, como vemos na “Noologia Geral”, já referida, e a gestar, consequentemente, a marcha do ante-conceito ao conceito, até à formação dos esquemas abstratos noéticos de segundo e terceiro graus, realizados pela razão.

Vê-se assim que na sua adaptação psicológica, o ser humano penetra com o seu soma, que é a organização - conjunto dos esquemas do sensório-motriz, enriquecidos pelos novos esquemas, cuja gestação a experiência predispõe - a qual atua com anterioridade cronológica (tese dos idealistas) apenas sob este ângulo, mas que sofre a influência objetiva, que auxilia a modelar novos esquemas por ação do espírito estimulado, e a fortalecer anteriores (ação modeladora predisponente do objeto, tese dos realistas).

Nessa atividade adaptadora, o equilíbrio do funcionamento dos esquemas com o fato, e a assimilação do mesmo permitem uma inteligência, por sua vez, também equilibrada. ++++ A adaptação pode ser apreciada como: a) estado - como a concebem estaticamente certas doutrinas;

b) processo - sentido dialético, que revela as transformações do organismo em função do meio, provocando aumento de trocas entre o meio e o organismo, no intuito de favorecer a conservação deste.

Como processo, temos: a) acomodação de esquemas: o organismo põe seus esquemas dirigidos ao meio exterior, acomoda-se a ele;

b) assimilação : incorpora o que lhe é afim e o de que necessita para a sua economia, o semelhante, o que pode e convém assemelhar.

Dessa ação múltipla, surge a atividade dos esquemas que, por sua vez, ante os diferentes, assimila-os em esquemas diferentes ou constrói, com esses, novos esquemas, para outras acomodações e assimilações.

Psicologicamente, pela assimilação, são incorporados em formas de esquemas fático-noéticos, por abstração dos dados da experiência. Não há incorporação real-fática, mas apenas esquemático-abstrata (intentionaliter), sempre proporcional ao cognoscente, na relação entre este e o objeto. O cognoscente conhece o que é cognoscível pelo cognoscente (modalidade do adágio escolástico de que “a ação segue-se ao agente”, que é um postulado indiscutível).

A assimilação realiza uma incorporação segundo os esquemas, portanto nunca é pura. nem total, mas apenas esquemática. Consequentemente, não há um conhecimento totaliter, mas do totum da coisa, uma estrutura noética que se refere à coisa como um todo, mas como ela é em si, tomada totalmente, não é assimilada. Eis a razão por que o conhecimento não pode dar a captação da coisa exaustivamente (exhaustive), por mais que nos acomodemos a ela.

Aumentamos o conhecimento pela acomodação de esquemas técnicos que nos traduzem suas captações em esquemas assimiláveis a nós. (exemplos dos aparelhos de rádio que captam vibrações eletromagnéticas e nós traduzem em vibrações moleculares, para as quais temos esquemas somáticos. Não conhecemos diretamente, em si, as vibrações eletromagnéticas, mas seus símbolos).

A adaptação exige assim um equilíbrio (dinâmico, dialético) e estável entre acomodação e assimilação.

A adaptação implica a organização, pois é o funcionamento exteriorizado da organização, tanto no plano biológico como no psíquico. Mas, neste, a adaptação termina por formar uma estrutura, interdependente da organização biológica.

Esse desdobramento resultante do funcionamento da adaptação gerou a interiorização do homem, e a emergência do “espírito” que constitui uma nova ordem (relação entre o todo e as suas partes, e dessas entre si).

Essa ordem é criada pelas implicações entre esquemas, implicações mútuas e de significações solidárias, pois os elementos esquemáticos podem pertencer a várias tensões, quer sejam eles fático-noéticos, quer eidético-noéticos.

Resulta daí uma coordenação dos esquemas entre si, e entre esses e as coisas, funcionamento duplo, que gera: a) o funcionamento do pensar pela adaptação dos esquemas às coisas;

b) estruturação das coisas pelo organizar-se do pensar, dos esquemas generalizados.

Dos fatos, capta a nossa organização psíquica um esquema fático da haecceitas, da eceidade do objeto: O esquema fático deste objeto, aqui e agora, é condicionado pelos esquemas acomodados. “É um livro vermelho, que está sobre a mesa”. O que a intuição sensível capta é um esquema fático do livro, que está aqui e agora, mas este esquema está condicionado pelos esquemas acomodados da organização psíquica. A imagem, que temos dele, é, assim, o produto de uma emergência da organização psíquica e da predisponência do objeto, das suas notas, que foram por aquela assimilados, mas intencionalmente (intentionaliter).

A comparação, que dele fazemos com os esquemas generalizados, que são os noético-eidéticos, permite saber, através da sua acomodação e da assimilação, que dele é um livro, que é vermelho, etc.

Mas esse esquema fático, que é imagem, é estruturado numa ordem intuitiva, para a qual já há a cooperação dos esquemas generalizados, isto é, dos abstratos noético-eidéticos, que permitem ordená-lo no pensamento.

E como toda essa atividade é contemporânea na nossa intuição, no estado em que nos encontramos, neste lanço do caminho, não há uma intuição pura do fato, pois o decoramos, realizamos decorações, dando-lhe nexos, formando-o dentro de uma estrutura esquemática, como já o havia exposto Kant, quando se referia às formas puras (a priori), que atuam na estruturação da nossa experiência.

Portanto, a nossa experiência está condicionada à esquemática que possuamos. A experiência infantil é diferente de a de um homem adulto, todos o sabem. Neste caso, torna-se fácil compreender o papel da “cosmovisão” na experiência, porque, segundo a esquemática de um indivíduo, e aquela que tem em comum com um grupo social, ou um período histórico, ou todo um ciclo cultural, permitirá que a estruturação, formal portanto, da experiência, seja diferente, heterogênea de a de outros seres. Encontramos, assim, nessa explanação, as positividades afirmadas pelos idealistas, na aceitação das ideologias e das cosmovisões, sem que tais positividades excluam outras, que com aquelas cooperam na estruturação do conhecimento, como as propostas pelos realistas, pelos empiristas, pelos pragmatistas, etc. ++++ Mas podem dar-se duas variantes importantes 1) a acomodação, por mais excessiva que for, não oferece uma assimilação correspondente, pois o fato não é facilmente captável, por não poderem os esquemas realizar a ação de ad como, isto é, acomodarem-se, serem como o objeto, por mais que o procurem, não permitindo boa assimilação correspondente. Neste caso, os esquemas, de qualquer espécie que forem, tendem a ser como (função ficcional, função do como si, isto é, os esquemas procuram atuar como se fossem o objeto), realizam uma mimesis, (psicossomática ou apenas eidética), uma cópia, e temos a imitação. Na imitação, os esquemas procuram ser como se fossem o objeto ao qual buscam adaptar-se. É, uma bola, e fazemos o gesto que corresponde à sua figura estereométrica. É alguém que sofre, e fazemos os gestos de sofrimento, realizamos uma acomodação dos esquemas como se fossem daquela dor.

Deste modo, quando a acomodação supera demasiadamente a assimilação, estamos em face da imitação.

Vê-se, assim, que há certa positividade no pensamento ficcionalista, porque, de certo modo, o que conhecemos das coisas é o correspondente psíquico às mudanças de potencial dos nossos esquemas, que constituem seus arithmoi, seus números, e nos dão esquemas noéticos dos fatos.

Quando Kant negava a possibilidade de um conhecimento do númeno, restringindo-o apenas ao fenômeno, ao que aparece, a sua afirmativa era positiva, pois para conhecermos as coisas, no que elas são, teríamos de nos fundir com elas.

Mas tais doutrinas não esgotam, porém, todas as possibilidades de um estudo mais vasto do nosso conhecimento. E é fácil ver a razão. Se o nosso conhecimento se processa por esquemas intencionais (noéticos), e esses são intencionalmente cópias das quididades que estão nas coisas, não podemos esquecer que, em toda cópia, mimesis, imitação, há a presença de uma analogia. E esta implica uma síntese da semelhança e do diferente, o que nos leva, fatalmente, a saber que há um ponto de identificação, de univocidade, como tivemos oportunidade de mostrar na “Ontologia”, ao estudarmos o tema da analogia. E essa univocidade está, ontologicamente falando, no ser, que é sustentáculo de tudo, pelo qual nos univocamos, todos os seres, inclusive Deus ].

Eis por que assistia razão a Goethe quando dizia que se somos capazes de ver aquela estrela distante, é porque entre ela e nós deve haver um ponto de identificação. O conhecimento está a afirmar esse ponto, pois, do contrário, ele seria impossível. Em todo o conhecimento há uma assimilatio, e como pode dar-se o simul ou o similis, sem o simultâneo e o semelhante. E se há algo semelhante, há, por distante que seja, um ponto de identificação no Ser. Nós somos, estamos no Ser, e somos do Ser, e como seres temos o ser em nós.

E o Ser é o númeno, que nos surge em toda a equivocidade e as analogias do existir. Se dele não temos um conhecimento imediato, por meio de esquemas, há um conhecer confuso, porque somos quando conhecemos e o conhecimento é ser.

Razão tinha, portanto, Duns Scot quando afirmava que o primeiro objeto, com anterioridade ôntica, ontológica e até gnoseológica, é o ser, porque para conhecer é mister antes ser. Há assim uma fusão do ser com o ser, no conhecimento, e há tal fusão porque dele nunca saímos, nem o sai o que é em nós.

Essa fusão antecede ao tempo e às circunstâncias. E se não captamos o númeno por intuição intelectual, captamo-lo afetivamente, e o somos existencialmente. Este ponto de magna importância, na Noologia dará ainda seus frutos, e, na Simbólica, auxilia-nos a compreender. melhor o itinerarium mysticum que nos oferece o símbolo, pois a mística é uma estética, um sentir afetivo do simbolizado, como a estética é uma mística do símbolo, como o temos mostrado e que, com o tempo, se tornará ainda mais claro. ++++ 2) Examinamos, agora, quando a acomodação é pequena. Neste caso, há pouca possibilidade de tornar-se como se fosse o objeto, e, no entanto, a assimilação é maior. Há no objeto esta ou aquela forma, este ou aquele aspecto, que se incluem nos esquemas, tais e tais. Embora não se adequem, própria e totalmente, a este ou àquele esquema, tem o fato notas, que se adequam a outros esquemas. Como a acomodação não foi suficiente, e não se captaram suficientes notas para estruturar noeticamente o objeto, mas apenas uma ou algumas, essa nota ou notas são assimiladas a um ou a vários esquemas, o que revela um excesso de assimilação sobre a acomodação, e novo rompimento do equilíbrio. Estamos em face do símbolo.

Assim, quando a assimilação é muito inferior à acomodação, temos a imitação; quando a assimilação supera em muito a acomodação, temos o símbolo.

E nos casos de equilíbrio dinâmico, temos a inteligência maior ou menor do fato.

Um exemplo do segundo caso logo nos clareará o funcionamento da simbolização. Estamos numa praia. Olhamos o mar, e vemos uma mancha branca no horizonte. “Um barco”, diz um. “Não, responde outro, uma nuvem”. “Qual, afirma um terceiro, deve ser a fumaça de um navio”. “É uma onda muito alta”, propõe um quarto. Em tal caso dá-se uma fraca acomodação devido à distância e à dificuldade dos esquemas se acomodarem ao fato. Consequentemente é máxima a assimilação. Há apenas uma nota que pode ser de barco, de vela, de onda, de fumaça, de nuvem, mas que por si só não é suficiente para dar uma certeza, uma inteligência do fato. Os quatro assimilaram mais do que acomodaram, pois assimilaram a esquemas vários. Portanto, os quatro realizaram uma ação simbólica.

Não há separação entre a acomodação e a assimilação. Não há uma acomodação pura, nem uma assimilação pura.

A atividade adaptativa do nosso espírito funciona dialeticamente por dois vectores inversos, o de exteriorização dos esquemas, e o de interiorização nos mesmos pelas ações de acomodação e de assimilação.

No sonho, por exemplo, nossos sentidos estão adormecidos, e fraca é a atividade de acomodação, por conseguinte a assimilação é máxima, razão por que os sonhos tomam a forma simbólica, segundo os esquemas que constituem o psiquismo, na sua ação de captar objetivamente o próprio funcionamento, e também o do nosso corpo.

Em conclusão: há símbolo quando há a assimilação fictícia de um objeto qualquer ao esquema, sem a necessária acomodação atual do mesmo.

As coisas fazem de conta que são outras. O “faz de conta” infantil mostra-nos bem a gênese do símbolo. O símbolo repousa sobre uma simples semelhança entre o objeto presente (na realidade ou no espirito), que faz o papel de significante, e o objeto ausente, o de significado, que é por aquele simbolicamente referido.

Mas o símbolo precisa ter uma analogia de atribuição intrínseca com o simbolizado, do contrário é metáfora e não símbolo.

E não pode ser convencional ou arbitrário, pois do contrário é apenas sinal, e não tem a característica específica e diferencial de símbolo.

Por isso, símbolo distingue-se do sinal. O sinal é um significante que pode ser arbitrário ou convencional, ou indicante por correlação, enquanto o símbolo é apenas um significante motivado, representando uma semelhança intrínseca com o significado.

Podemos enunciar, como síntese do que até agora, expusemos, que símbolo é tudo quanto está em lugar de outro, sem acomodação atual á presença desse outro, com o qual tem, ou julgamos ter, qualquer semelhança (intrínseca por analogia), e, por meio do qual, queremos transmitir ou expressar essa presença não atual. ++++ Há necessidade de alguns comentários esclarecedores. Dizemos julgamos ter, pois em muitos símbolos há a afirmação de uma semelhança analógica com o simbolizado. Mas, como nem sempre temos acomodação suficiente com o simbolizado, na maior parte das vezes por nós incaptável, a ele atribuímos este ou aquele predicado, podendo construir um símbolo que reproduza tal predicado do simbolizado.

Assim, através de especulações filosóficas, concluímos que o ser é imutável como forma. Mas, ao mesmo tempo, é operatio (operação). Neste caso, temos de atribuir-lhe uma atividade, a par de uma imutabilidade. Como compreender tão aparente contradição? Vejamos a esfera. É a única figura geométrica que num movimento de rotação em si mesma ocupa sempre o mesmo espaço, isto é, pode volver em si mesma, sem nunca abandonar o mesmo espaço. Outras figuras geométricas ocupam espaços sempre diferentes, pois um triângulo, volvendo em si mesmo, abrange espaços diferentes em cada instante. Mas a esfera não. Simbolizar-se o ser pela esfera, como o fazem muitas concepções filosóficas e religiosas é pretender mostrar que a atividade do ser pode dar-se a par da imutabilidade, pois a esfera, que muda constantemente de lugar, nunca sairia do seu espaço, e sempre o ocuparia com plenitude.

A especulação filosófica irá justificar as notas que o símbolo reproduz. Mas há muitos casos em que os símbolos apenas reproduzem notas que julgamos tê-las o simbolizado, que nem sempre é passível de prova segura. ]

No restante do enunciado permanece claro que o símbolo tem uma presença atual para quem é o seu autor, o que não a tem, de imediato, o simbolizado. O símbolo refere-se ao simbolizado, e está em lugar dele. Dá uma visão do simbolizado e torna-o presente por outro. Há exemplos de fusionabilidade do símbolo e do simbolizado, como se ve na parte exotérica das religiões.

Lembremo-nos da cruz de São Paulo, que era apresentada como símbolo vivo da presença real e atual, portanto, de Cristo, ou o símbolo da comunhão, em que há a consubstanciação do símbolo e do simbolizado na hóstia. São exemplos de fusionabilidade muito comuns nas crenças religiosas. ]

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