François Chenique. Elementos de Lógica Clássica (FCELC1)

α) A teoria do conceito.

Aristóteles elabora uma nova teoria do conhecimento e uma teoria do conceito que não é mais metafísica, mas lógica: para Platão, as Ideias existem em si mesmas, eternamente, no mundo inteligível, enquanto para Aristóteles os conceitos, ou ideias, não devem ser separados das coisas sensíveis e singulares. As essências existem nas coisas, mas de uma maneira diferente daquela como existem em nossa mente: nas coisas, elas são concretas e singulares, enquanto em nossa mente são abstratas e gerais.

β) A matéria e a forma.

Daí resulta que as coisas do mundo sensível escapam ao fluxo perpétuo de Heráclito, pois, como verdadeiras substâncias, elas têm uma essência determinada: são constituídas não apenas de uma matéria, mas também de uma forma que determina a matéria e a submete a essa essência determinada. O intelecto humano conhece as essências das coisas de acordo com a verdade que elas contêm, independentemente do tempo e do lugar.

γ) A potência e o ato.

Para Aristóteles, o espaço, o tempo e o movimento existem realmente, e ele critica a escola de Eleia por tê-los negado: as coisas que estão em movimento passam da privação e da capacidade de uma forma para a perfeição dessa forma, ou seja, passam da potência ao ato, e isso só pode ocorrer pela influência de um ser já em ato e que possui a perfeição dessa forma, segundo o adágio: “Tudo o que é movido é movido por outro” (quidquid movetur ab alio movetur). À luz dessa doutrina muito famosa do ato e da potência, Aristóteles chega ao Primeiro Motor, que é imóvel, que move sem ser movido, e sob cuja influência ocorrem todas as passagens da potência ao ato.