François Chenique (Logique) – Partições do Termo
Com base em François Chenique. Elementos de Lógica Clássica (FCELC1) Partição do termo segundo a extensão e a compreensão
- Compreensão
A compreensão de um termo é o conjunto de notas que constituem a significação deste termo.
- A compreensão ou conotação ou “intenção” de um termo é o conjunto de notas que determinam o conceito; a compreensão representa portanto o sentido ou o conteúdo do termo.
- A compreensão é intrínseca ao termo, constituindo a natureza mesma do termo; não pode ser aumentada, nem diminuída sem que o termos e torne outro.
- As notas que assim constituem a base de compreensão do termo, se estabelecem pela articulação de texto e contexto, através de termos devidamente identificados (identificação pelo conhecimento, vide acima), que formam os nós da rede do discurso hipertextual.
- Extensão
A extensão de um termo é o conjunto de sujeitos ou temas aos quais este termo convém.
- A extensão reúne todos os seres cujas as mesma “notas” podem ser afirmadas.
- A extensão é extrínseca ao conceito, não pertencendo à natureza do termo, podendo assim ser aumentada ou diminuída sem que o termo seja modificado. A extensão é apenas uma atitude a convir ou seguir em uma multitude indeterminada; ela pode ser igualmente reduzida a um único objeto se é o único de sua espécie.
- O discurso hipertextual formaliza extensões diversas, segundo caminhos entre texto e contexto virtual, elaborados de acordo com sujeitos ou temas de associação que devem compor o “aparato crítico” do texto reunido e referenciado em seu contexto virtual.
A compreensão e a extensão estão em razão inversa uma da outra. No discurso hipertextual é preciso buscar um equilíbrio entre volume de notas do contexto virtual, acionadas por hyperlinks, e eventualmente categorizadas por temas, e o poder de compreensão do texto, promovido pelas notas referenciadas em seu contexto virtual.
Partição do termo segundo a relação de sua extensão
- Termo singular, como termo que convém a um único indivíduo, sendo assim aquilo cuja a essência é incomunicável ou ainda aquilo que é indistinto em si mas distinto dos outros.
As notas individuantes caracterizam o indivíduo, e são em número de sete: forma (forma), figura (figura), lugar (locus), tempo (tempus), raça (stirps), país (patria) e nome (nomen) (“Forma, figura, lugar, tempo, raça, país, nome, sete coisas que em comum jamais dois homens têm”)
- Termo comum é aquele que convém a muitos indivíduos de maneira distributiva.
Pode se singularizar de dois modos
Pelas demonstração (ex demonstratione): bastando lhe apor um demonstrativo do tipo “este”, “isto”, “aquele”, etc;
- Pela hipótese (ex hypothesi): uma determinação que reduza a extensão a um único indivíduo; segundo o texto algo que singularize o termo a ser usado como hyperlink ao contexto virtual.
- O termo comum pode ser tornar particular se sua extensão se restringe a um indivíduo indeterminado ou a vários.
- O termo comum é coletivo se se aplica aos indivíduos de uma maneira coletiva e não distributiva.
- O termo comum é universal se convém, ou pode convir, a vários singulares segundo o mesmo sentido e de uma maneira distributiva.
- Os termos superiores e os termos inferiores, se dividem segundo gênero e espécie.
- O termo universal
Algo que é apto a se encontrar em vários.
- Sua propriedade essencial é a predicabilidade, capacidade de ser predicado ou atributo.
- Universal segundo o ser e universal segundo a predicação, no modo de falar.
O universal material, direto ou metafísico é a quididade de um ser ou de uma coisa considerada como abstrata das condições individuantes, mas não como efetivamente comum a vários sujeitos. Trata das “ideias-atributos”.
A abstração total é aquela que considera a essência no sujeito e com o sujeito, mas sem as condições individuantes.
- O universal formal ou reflexo ou de segunda intenção ou lógica.
É a quididade abstrata comum a vários seres ou várias coisas, e considerada enquanto convém, ou pode convir, a vários sujeitos. Trata das “ideias-grupos”.
- A abstração parcial ou forma é a que considera seja uma parte da essência, por exemplo a a racionalidade no homem, seja toda a essência mas sem o sujeito, por exemplo a humanidade.
Resumindo e aplicando o exposto à hipertextualização podemos dizer que o termo que servirá de nó da rede que apreende em modo conceitual o texto com seu contexto virtual, pode ser:
- universal = metafísico
- individual
geral (ou universal lógico)
- particular
coletivo
- singular
Segundo outra visualização, resumindo segundo a relação de extensão do termo, temos:
- um só indivíduo (termo singular)
- vários indivíduos (termo comum)
de modo restrito, indeterminado (termo particular)
- sem restrição
se aplicando a todos tomados coletivamente (termo coletivo)
- se aplicando a cada um individualmente (termo geral ou universal lógico)
Partição do termo segundo a relação de sua compreensão
- Simples (ou incomplexo) ou complexo (ou composto): simples, sem partes que teriam sentido tomadas separadamente; composto, tem o termo principal e o(s) termo(s) secundário(s) ou incidente(s) (dito explicativo ou restritivo).
- Absoluto ou conotativo: absoluto, se pode ser utilizado separadamente; conotativo, se demanda nele mesmo a ligação a um outro termo.
- Concreto ou abstrato: concreto, marca uma composição, aquela de um sujeito e de uma certa forma ou qualidade; abstrato, indica somente uma forma ou qualidade.
- Positivo ou negativo: positivo, indica uma certa forma ou essência; negativo, indica ausência desta essência.
- Finito ou indefinido: finito, significa uma coisa em exclusão de outras; indefinido, exclui uma coisa e compreende todo o resto.
- Denominativo ou denominante: denominativo, se deriva de um nome, que é o denominante.
- Primeira ou segunda intenção: primeira intenção se resulta da consideração da coisa ele mesma; segunda intenção, se resulta da reflexão do espírito.
- Categoremático ou sincategoremático: o primeiro se tem um sentido completo que lhe permite desempenhar sozinho o papel de sujeito ou de predicado no juízo; o segundo, se deve estar associado a um outro termo para desempenhar o papel de sujeito ou predicado.
Partição do termo segundo a perfeição ou modalidade A perfeição ou modalidade do termo segundo dois pontos e vistas:
- A ideia clara e distinta
Descartes e Leibniz tornaram célebre esta partição do termo e fortemente a recomendaram, pois uma ideia clara pode por vezes ser confusa.
- A ideia é completa se ela permite discernir todas as notas do objeto; a ideia é compreensiva quando conhece-se por ela o objeto nele mesmo e todas as sua relações reais e possíveis com os outros objetos. O homem é incapaz de ter ideias compreensivas; deve se contentar com ideias apreensivas (pelo mecanismo da simples apreensão).
Resumindo, temos:
- ideia clara, quando permite discernir o objeto entre todos os outros.
ideia confusa, se o faz reconhecer somente de modo bruto, não lapidado, não trabalhado
- ideia distinta, se analisa os elementos inteligíveis, podendo ser:
incompleta (ou inadequada)
- completa (ou adequada)
não compreensiva ou apreensiva
- compreensiva (própria a Deus)
- ideia obscura, quando ela não permite discernir o objeto em questão
- Univocidade, equivocidade, analogia
Termo unívoco
É aquele que convém a vários segundo uma relação absolutamente idêntica.
- O termo unívoco é o verdadeiro universal; é o conceito participado igualmente por seus inferiores.
- Termo equivoco
O termo oral é equivoco se convém a vários segundo uma relação absolutamente diferente.
- Termo análogo
- É aquele que convém a vários segundo uma relação em parte idêntica e em parte diferente; por vezes denominado “equivocidade voluntária”, a analogia é a fonte do simbolismo na literatura, na arte e na ciência sagrada. Cabe distinguir:
Analogia de atribuição
Aristóteles denomina “analogia de proporção”. Nesta analogia, a unidade se dá pelo fato que se relaciona diversos análogos a um só denominado “análogo principal”.
- O termo analógico de atribuição é aquele que convém a vários segundo o comando de um só.
- Analogia de proporcionalidade
Não há desta feita o análogo principal, mas mútuas proporções ou relações que criam a unidade entre os análogos. Dizemos assim “o olho vê” e “a inteligência vê” porque a intelecção é para a inteligência o que a visão do sensível é para o olho: Visão/Olho=Intelecção/Inteligência.
- O termo analógico de proporcionalidade é aquele que convém a vários por causa de uma certa similitude de proporção (ou de relação).
- Analogia própria
É aquela na qual a “razão” significada pelo termo e encontra formalmente em cada um dos análogos: a visão pelo olho e pela inteligência.
- Analogia metafórica (ou imprópria)
Aquela na qual a “razão” não convém propriamente a não ser ao análogo, e convém aos outros por uma construção intelectual.
- Frequentemente utilizada em literatura e em teologia, podendo ser questionada se dispões de realidade própria ou metafísica; seu sentido deve ser buscado na conversão do metafórico em próprio.
Partição segundo as relações dos termos entre eles Segundo as relações (habitus) que os termo têm entre eles, eles podem ser classificados:
- Idênticos: os dois termos têm a mesma compreensão
- Diversos
Impertinentes (insociáveis)
- Pertinentes (sociáveis)
Compatíveis
Iguais ou “conversíveis” ou recíprocos
- Desiguais ou “inconversíveis” ou não recíprocos
- Incompatíveis
Díspares (ou opostos impróprios)
- Opostos
Contraditoriamente
- Privativamente
- Contrariamente
- Relativamente
