Blondel – Sobre "A Ação"
A Ação não é uma filosofia completa (assim como um tratado De Spiritu Sancto não seria De Verbo, De Patre, De Trinitate, De Deo, embora, em certo sentido e sob um aspecto essencial, se fale de tudo isso. Ao ver com que frequência fui interpretado e criticado como se essa “tese” fosse um sistema que se pretendia completo, percebi que estava errado em não demarcar mais claramente a localização do meu ponto de vista, o caráter parcial do meu estudo – por mais abrangente que tenha sido em intenção e de fato (…) E, para falar claramente, a Ação me parece apenas um capítulo de uma doutrina geral que precisaria sustentar, antes de tudo, uma Unidade congênita, uma imediação primitiva, um realismo originário – mas uma unidade simples que, pelo próprio progresso da vida e do pensamento, se analisaria em uma trindade real do pensamento, da ação e do ser, antes de chegar à união final e explícita.
Sem a necessidade de carreira que me forçou a publicar A Ação e a transformar esse fragmento esboçado em um exercício escolar, acredito que este livro, ou melhor, este capítulo, ainda não teria visto a luz do dia.
O infortúnio é que se pretendeu descobrir nele uma doutrina completa, uma “soma” (…); nunca ouço ou leio o rótulo que me atribuem, “Filosofia da Ação”, sem uma irritação secreta: pois, afinal, se eu tivesse publicado primeiro, como teria sido possível e talvez prudente para começar, meu estudo elaborado desde o início sobre o Pensamento, ou aquele sobre o Ser que nunca deixei de ruminar, não me teriam honrado com outro título? Meu sonho teria sido publicar simultaneamente quatro obras interligadas, uma trilogia: o Pensamento, o Ser, a Ação, complementada por um livro, muito diferente e ainda assim conexo, sobre o Espírito cristão
