Susini (FC) – Posições Baader [Boehme] (2)
(BaaderFC)
Se, até agora, o conceito de Deus, assim como o de Cristo, foi geralmente concebido de maneira abstrata, de forma meramente objetiva, o pensamento de J. Böhme, ao contrário, move-se no interior de uma síntese viva dos dois (da subjetividade e da objetividade ao mesmo tempo). Ele não acredita que se possa encontrar Deus no homem e encontrar neste último um espírito de busca diferente daquele que também vem de Deus; ele não conhece luz fora da identidade do olho e do corpo luminoso (o que vê e o que é visto coincidem no mesmo olho), nem palavra fora da identidade da audição e da fala, nem aproximação do Filho sem um atrativo do Pai que nos leva a Ele.
É assim que o homem, por exemplo, geralmente acredita poder, até mesmo na oração, colocar-se ou subordinar-se, ele como sujeito, a seu Deus como simples objeto, e, ao fazer isso, coloca Deus fora de si e a si mesmo fora de Deus, em total contradição com as Escrituras, segundo as quais só pode ser concluída em Deus a atividade que Ele mesmo começa em nós. É essa mesma identidade que também se expressa na petição “seja feita a tua vontade”, ou seja, assim como a vontade é tua, a realização também deve ser tua, e o sentido da verdadeira oração em geral é, portanto, o dessa verdadeira oração em particular. É também nesse sentido que se deve interpretar a oração ingênua de Saint-Martin, que pede a Deus que o impeça (ele que ora) de O matar (Ele, Deus) nele! Pois o pecado impede a conjunção de Deus, que dirige orações no homem (que O busca nele) e que atende a si mesmo (que se encontra nele): conjunção que os místicos franceses chamam de “a celebração das santas núpcias”.
