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Arendt (VE) – mundo real

Ficou evidente que nenhum homem pode viver entre “causas”, ou dar conta de — em modo integral e em linguagem humana ordinária — um Ser cuja verdade pode ser cientificamente demonstrada em laboratório e testada praticamente no mundo real pela tecnologia. ArendtVE I O Pensar 2

Mas são interessantes como tentativa um tanto desajeitada de dar conta das experiências espirituais de retirada do mundo real. ArendtVE I O Pensar 6

Além do mais, é precisamente a atividade do pensamento — as experiências do ego pensante — que gera dúvida sobre a realidade do mundo e de mim mesmo. ArendtVE I O Pensar 7

Visto da perspectiva do mundo “real”, o laboratório é a antecipação de um ambiente alterado, e os processos cognitivos que usam as habilidades humanas de pensar e fabricar como meios para seus fins são os modos mais refinados do raciocínio do senso comum. ArendtVE I O Pensar 8

Os homens, embora totalmente condicionados existencialmente — limitados pelo período de tempo entre o nascimento e a morte, submetidos ao trabalho para viver, levados a trabalhar para se sentir em casa no mundo e incitados a agir para encontrar o seu lugar na sociedade de seus semelhantes —, podem espiritualmente transcender todas essas condições, mas só espiritualmente; jamais na realidade ou na cognição e no conhecimento em virtude dos quais estão aptos para explorar a realidade do mundo e a sua própria realidade. ArendtVE I O Pensar 9

Uma vez que a pluralidade é uma das condições existenciais básicas da vida humana na Terra — de modo que inter homines esse, estar entre os homens, era, para os romanos, o sinal de estar vivo, ciente da realidade do mundo e do Eu, e inter homines esse desinere, deixar de estar entre os homens, um sinônimo para morrer —, estar sozinho e estabelecer um relacionamento consigo mesmo são a característica mais marcante da vida do espírito. ArendtVE I O Pensar 9

O ego do pensamento, do qual tenho perfeita consciência enquanto dura a atividade do pensamento, desaparecerá como se fosse uma simples miragem, tão logo o mundo real volte a se impor. ArendtVE I O Pensar 9

Contudo, o que todas essas atividades têm em comum é uma peculiar quietude, uma ausência de qualquer ação ou perturbação, a retirada do envolvimento e da parcialidade dos interesses imediatos que de um modo ou de outro fazem de mim parte do mundo real, uma retirada a que me referi anteriormente como condição e pré-requisito de todo juízo. ArendtVE I O Pensar 11

O estoicismo, o epicurismo e o ceticismo embora… opostos um ao outro, tinham o mesmo propósito, a saber, tornar a alma absolutamente indiferente a tudo o que o mundo real tinha a oferecer”. ArendtVE I O Pensar 16

As mesmas experiências refletem-se na dúvida cartesiana sobre a realidade do mundo, no “às vezes sou, às vezes penso” de Valéry (como se ser real e pensar fossem opostos), nas palavras de Merleau-Ponty: “Só estamos realmente sós quando não o sabemos, é essa ignorância mesma que é o nosso estar-só ”. ArendtVE I O Pensar 19

“O insight a que a filosofia deve nos levar, então, é o de que o mundo real é como deveria ser” . ArendtVE II O Querer 6

E tal consentimento não pode ser impingido a mim: se recuso-me a consentir, a realidade do mundo desaparece como se fosse uma mera aparição. ArendtVE II O Querer 9

Em outras palavras, a Vontade, por meio da atenção, primeiro une os nossos órgãos dos sentidos ao mundo real de uma forma significativa; e então arrasta esse mundo exterior para dentro de nós, preparando-o para operações posteriores do espírito: para ser lembrado, para ser entendido, para ser afirmado ou negado. ArendtVE II O Querer 10

As atividades do espírito, tais como pensar ou querer, são atividades da primeira espécie, e estas, pensava Scotus, embora não tenham qualquer resultado no mundo real, são de uma “perfeição” maior, porque essencialmente não são transitórias. ArendtVE II O Querer 12

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