A interrogação «por que?», quando levada à sua radicalidade filosófica, não visa coisas estáticas, mas eventos ou estados de coisas, instaurando uma busca pela razão de ser daquilo que sobrevém e que, por natureza, implica uma estrutura de reenvio perpétuo. Ao contrário da identidade reflexiva, a lógica do «por que» define uma relação de ordem estrita — transitiva, assimétrica e irreflexiva — que gera necessariamente uma cadeia infinitamente regressiva, onde cada evento depende de um anterior para sua explicação, sem que jamais se possa alcançar um termo inicial ou uma autojustificação, pois um evento isolado e independente deixaria de ser evento para se tornar coisa.