====== CEM: I.1 - ser humano ====== Não é possível que um Código de Ética ao ser referir ao "ser humano" esteja indicando o corpo humano, ou até mesmo, a dualidade mente-corpo. A ética enquanto originária do "êthos" do pensamento grego antigo, exige enquanto seu significado de "morada do homem", outra apreensão do sentido de "//ser//" humano. A questão do sentido do ser humano é tão evanescente quanto a do verbo/substantivo //ser// enquanto o que faz viger o “humano”. Quando digo “sou” o que exatamente estou dizendo? Aparentemente, algum sentido só se dá quando digo “sou fulano”, “sou isso”, “sou aquilo”, “sou o ente tal e tal”. Heidegger tentou contornar este obstáculo de uma abstração absoluta que constitui o infinitivo “ser”, através de uma //hermenêutica da facticidade// ]. Ou seja, uma interpretação, um relume de inteligibilidade, da ontologia de um fenômeno no coração da existência (//Existenz//). Existência, enquanto essência do //ser-aí//, tem como modalidade de ser, o “viver”. Um viver enquanto, sendo, ente, que é cada vez cada um de nós em um ter-de-ser em uma concomitância simultânea de actum e factum, o que Heidegger vai denominar “facticidade” (//Fäktizitat//). O sentido de ser humano é a facticidade, a concomitância simultânea de ato e fato, de agir e fazer, de //praxis// e //poiein//, em conciliação no //ser-aí// por sua arquiestrutura a cura ] (//Sorge//). O //ser// humano, o //ser// para aquilo que, em sua liberdade dispõe poder-ser para suas possibilidades mais próprias, é um desempenho de conciliação pela //cura//, de //praxis// e //poiein//. Nos termos de Heidegger ], “poiesis e praxis são duas possibilidades que, talvez, designem apenas dois modos de apropriação” do humano pelo "ser".