(Cavell1979)
Imaginar uma atividade humana como inteiramente regida por puras convenções, ou como comportando convenções que tanto podem ser como não ser modificadas, conforme o gosto ou a decisão de um ou outro indivíduo, equivale a imaginar um conjunto de convenções como tirânico. Vale a pena dizer que as convenções podem ser modificadas, porque é essencial em uma convenção estar a serviço de um certo projeto, e porque não se sabe a priori que conjunto de procedimentos é melhor do que outros para o projeto em questão. Em outras palavras, é uma característica interna da convenção ser passível de mudar por convenção, pelo fato de os que estão submetidos a ela, e cujo comportamento lhe dá vida convencionarem mudá-la. Por isso é que uma tarefa de importância primordial para a tirania política é negar a liberdade de convencionar. (…) Isso impede que se levante a questão que torna necessária a adoção de uma convenção, isto é, ver o que fazemos, descobrir a posição que ocupamos nas coisas que consideramos como necessidades e ver para que tipo de serviço elas são necessárias.