Categoria: Vieillard-Baron, Jean-Louis
Jean-Louis Vieillard-Baron (1944)
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Jean-Louis Vieillard-Baron (USJJ6) Ninguém foi mais sensível à renovação do mundo do que o músico Franz Liszt. Em seu belo livro Les Bohémiens et leur musique en Hongrie, ele mostra a extraordinária sensibilidade dos ciganos às mudanças na natureza. E ele descreve um pouco a si mesmo, mostrando o que pode sentir uma sensibilidade aguçada…
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Jean-Louis Vieillard-Baron (USJJ6) Como, após essa longa jornada, a Alma do Mundo nos ajuda a ver todas as coisas não em termos de necessidade, mas em termos de liberdade? Porque sem ela, não temos escolha a não ser entre um mundo mecânico e sem alma, governado por regras necessárias e impessoais, e um mundo divinizado,…
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Jean-Louis Vieillard-Baron (USJJ6) Encontramos essas características da Alma do Mundo em Schelling, mas não no tratado intitulado Weltseele (1798), que mostrei ser de inspiração kantiana: é o Bruno que pertence verdadeiramente à tradição viva do platonismo. O que Schelling mostra é a perfeita convergência entre o idealismo e o verdadeiro materialismo. O idealismo é a…
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Jean-Louis Vieillard-Baron (USJJ6) Os platonistas de Cambridge, Henry More e especialmente Ralph Cudworth, opuseram-se à imagem mecânica do mundo precisamente em nome da Alma do Mundo. Para Henry More, era a especificidade das coisas vivas que se opunha ao mecanismo e à concepção do mundo como um macrantropo. Para Cudworth, é a ideia da natureza…
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Jean-Louis Vieillard-Baron (USJJ6) A originalidade de Marsilio Ficino e Giordano Bruno sobre o tema da Alma do Mundo é muito menor. Eles fixam as imagens latinas nas quais a grande tradição platônica pode viver novamente. Ficino vê na Alma do Mundo o amor como a lei do macrocosmo, correspondente ao Eros microcósmico. Ele está tanto…
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Jean-Louis Vieillard-Baron (USJJ6) John Scotus Erigena, o grande teólogo platônico do século IX d.C. (quatro séculos depois de Proclus) é, juntamente com Pseudo-Dionísio, o verdadeiro fundador do platonismo cristão. Ele é essencialmente responsável pelo conceito de teofania, que torna possível integrar o politeísmo e a Alma do Mundo ao cristianismo. “Deve-se notar”, escreve ele, ”que…
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Jean-Louis Vieillard-Baron (USJJ6) Parece que o cristianismo se opõe, pelo menos em grande parte, a essa concepção. Para o imperador Juliano, os cristãos desprezavam a pura luz do amanhecer; eles desvalorizavam o mundo e não tinham nenhuma piedade para com Hélio-Rei. De fato, a grande oposição à Alma do Mundo no pensamento cristão decorre da…
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Jean-Louis Vieillard-Baron (USJJ6) A Alma do Mundo aparece com mais frequência do que parece nas obras da filosofia grega, pois possui vários avatares – especialmente o éter, o Demiurgo, mas também, e talvez principalmente, Eros (o primeiro e mais antigo dos deuses) e Hélio, o Sol. Isso mostra que, para a tradição platônica, a Alma…
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JLVB1988 Se Deus é o objeto por excelência da visão interior, não é, no entanto, o único objeto dessa visão. Pelo contrário, platonismo e Cabala se encontram na extraordinária riqueza do conteúdo visionário. Hierarquia e dialeticidade são os traços dominantes da concepção paralela do microcosmo e do macrocosmo, do homem e do mundo. O microcosmo,…
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JLVB1988 Em que sentido pode haver concordância entre o platonismo, doutrina grega estabelecida à luz da razão, e a Cabala, doutrina esotérica judaica? É preciso notar, primeiro, que Reuchlin relativiza os procedimentos esotéricos da Cabala. “Dividirei”, escreve ele, “a ciência da Cabala em ciência das Sefirót e dos Shemot, isto é, dos números e dos…
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JLVB1988 É em sua última grande obra, De Arte Cabbalistica, de 1517, que Reuchlin explica mais claramente seu projeto ecumênico de associação do platonismo e da Cabala. Essa combinação pressupõe, na verdade, um terceiro elemento, que é o cristianismo, dentro do qual o platonismo e a Cabala devem se encontrar. O desejo explícito de Reuchlin é…
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JLVB1988 Johannes Reuchlin viveu de 1455 a 1522. Sua vida é bem conhecida graças à sua correspondência e à dos humanistas de sua época com os quais teve contato. Etimologicamente, seu nome significa “pequena fumaça” — do verbo rauchen, fumar. Daí o apelido grego que ele adotou, Capnion, de ò kapnos, fumaça. Apesar desse nome,…
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(JLVB1979) Hamann é a origem tanto da interpretação espiritual dos diálogos [platônicos] quanto do irracionalismo religioso dos românticos e idealistas. É verdade que suas obras de inspiração platônica são anteriores a 1770: Memorabilia Socráticas foi publicado em 1759 e As Nuvens em 1761. Mas são obras célebres e originais, que contribuíram para o renascimento de…
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(JLVB1981) Talvez nos digam que é um arcaísmo querer refazer uma Fenomenologia do Espírito à maneira de Hegel. Podemos ainda utilizar as noções de consciência, de eu, de alma? Expliquemo-nos: Biologicamente individual, o homem é um ser consciente na medida em que reflete sobre o que faz. Essa reflexividade certamente não é uma transparência de…
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Professor na Universidade de Tours, na França, e grande especialista do “idealismo alemão”, autor em particular de Platão e o idealismo alemão (1770-1830), o filósofo escreveu algumas obras capitais para se compreender a presença do platonismo no pensamento dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX. A partir de seus estudos vamos apresentar excertos e referências…
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PLATONISME ET INTERPRETATION DE PLATON A L’ÉPOQUE MODERNE De Reuchlin a Hegel, os diálogos de Platão não cessaram de ser consumidos e repensados. Pode-se distinguir a interpretação de Platão, que não implica em esforço pessoal de pensamento da parte dos intérpretes, e o platonismo como herança de Platão assimilada no interior de uma démarche filosófica…