Bornheim (1967) – Pitágoras

(Bornheim1967)

O que se conhece da figura de Pitágoras pertence mais ao mundo da lenda que à realidade. Atingiu o acme de sua existência em 530 a.C. Pessoa de difícil acesso, fundou uma escola para iniciados, e defendia uma doutrina mais religiosa que filosófica. A doutrina era considerada secreta, e a transgressão desta norma acarretava excomunhão; tal teria sido o castigo de Hípaso. fá por esta razão tem-se por certo que Pitágoras não deixou obra escrita, e o conhecimento de sua doutrina coloca problemas insolúveis, pois só mais tarde, no tempo de Platão, começaram a surgir os primeiros escritos importantes. O que se conhece de seu pensamento é baseado nestas fontes posteriores, não sendo possível, em consequência, ir muito além da conjetura. Embora não haja certeza, é provável que tenha estado no Egito e na Babilônia, viagens fundamentais para o desenvolvimento de sua doutrina esotérica. Mas importante para este desenvolvimento foi o surto de primitivas crenças gregas, que se verificou em sua época.

Parece que o ponto central de sua doutrina religiosa é a crença na transmigração das almas, aliada a uma forma de vida altamente ascética. Este ascetismo liga-se basicamente ao problema do sacrifício de seres vivos e à alimentação. Mas não há nenhuma certeza sobre o conteúdo e a extensão destes elementos. Também é difícil estabelecer os aspectos da doutrina atribuíveis ao próprio Pitágoras e distingui-los dos que foram elaborados pelos seus discípulos. Em três pontos, contudo, parece que não pode haver dúvida: 1) a ideia de que o Número é o primeiro princípio; o Número e suas relações ou “harmonia” são os elementos de todas as coisas; o estudo do Número reflete-se também no comportamento humano. 2) A forma dualista da teoria dos opostos, de tão largas consequências para todo o pensamento pré-socrático, também pode ser atribuída a Pitágoras. 3) A descoberta de verdades de ordem matemática, sobretudo do famoso teorema que lhe ê atribuído.

 

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