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amechania / αμηχανία / inépcia / sem manha / desamparo / peirata / amarras / desma / grilhões
gr. amechania = desamparo, inépcia
Porque toda a existência está presa em grilhões, assim é a nossa existência. Porque a realidade está em amarras, nós também estamos.
Para os gregos, ser mantido em amarras significava algo muito definido. Significava estar aprisionado, desamparado, incapaz de escapar. E a linguagem que usaram para descrever a situação foi bastante precisa.
Assim como suas palavras para “amarras” e “grilhões” eram peirata e desma, sua palavra para o desamparo de alguém preso e pego dentro deles era amechania. Grilhões e laços, desma e peirata, foram os instrumentos literais ou simbólicos que nos fazem desamparados. E o desamparo, amechania, era o resultado de estar acorrentado.
A conexão entre essas palavras era uma parte tão integral da língua grega que os poetas constantemente as associavam para descrever o estado de impotência; de futilidade. Encontramos até a expressão específica peirat’ amechanies, “os laços do desamparo”, sendo usada para definir a condição humana em toda a sua ineficácia essencial.
Os laços do desamparo, tão dolorosos, nos prendem. O que quer que façamos ou pensemos — nós humanos que nada sabemos — é em vão, enquanto os deuses completam tudo exatamente como têm em mente.
E talvez você possa ver onde isso está levando. Pois aqueles laços que aparecem na descrição da realidade da deusa são apenas metade da história de Parmênides. A outra metade é sua descrição de nosso desamparo, nossa amechania: de nossa perda enquanto vagamos presos e confusos em nossas existências complicadas.
Em suma, sua explicação da realidade é inseparável de sua explicação da condição humana. E o fato de podermos duvidar disso, ou considerar a ligação entre eles insignificante, é apenas mais um sinal de como complicamos nossas vidas. Pois mesmo que não consigamos ver a conexão porque é muito simples, tudo o que ela diz está ligado. [KingsleyR :285-287]