A fé de Hamann

(Amir2014)

Segundo o biógrafo Oswald Bayer, Hamann converte-se aos 20 anos ao protestantismo luterano, religião de sua juventude (Bayer 2011). Sua conversão religiosa orienta-se para uma doutrina conhecida dos familiarizados com os escritos dos místicos protestantes alemães e seus seguidores na Escandinávia e Inglaterra. Eles interpretam a história sagrada dos judeus não apenas como um relato da condução dessa nação das trevas à luz pela mão onipotente de Deus, mas como uma alegoria atemporal da história interior da alma de cada indivíduo.

Os pecados das pessoas individuais assemelham-se aos pecados das nações, e a história das peregrinações dos israelitas, declara Hamann, é a história de sua própria vida. Este é o sentido interior das palavras bíblicas — quem as compreende compreende a si mesmo, pois todo entendimento é autocompreensão. Apenas o espírito pode ser entendido, e para encontrá-lo, o ser humano precisa apenas, e deve apenas, olhar para dentro de si.

A palavra de Deus é a escada entre o céu e a terra enviada para auxiliar crianças fracas e tolas — apenas ela lhes garantirá um vislumbre do que são, por que são como são, qual seu lugar, o que devem fazer e o que devem evitar. A Bíblia é uma grande alegoria universal, uma similitude daquilo que ocorre em todos os lugares e em todos os momentos. O mesmo ocorre com a história humana e a natureza quando adequadamente compreendidas não com os olhos da razão analítica, mas da , da confiança em Deus e do autoexame, pois todos estes são um só.