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Panikkar Deus Silêncio

domingo 8 de setembro de 2024

  

Raimon Panikkar   — A EXPERIÊNCIA DE DEUS
Um discurso que necessita um silêncio prévio
Tradução da versão francesa, "L’Expérience de Dieu"

Toda disciplina parte de pressupostos que lhe permitem aproximar seu domínio próprio. Assim como, para detectar um elétron, se tem necessidade de laboratórios sofisticados e matemáticas complicadas, o método apropriado para falar de Deus exige a pureza do coração que sabe escutar a voz da transcendência (divina) na imanência (humana).

Sem a pureza do coração, não somente não é possível "ver" Deus, mas é igualmente impossível ter a menor ideia de que se trata. Sem o silêncio do intelecto e da vontade, sem o silêncio dos sentidos, sem a abertura do que alguns denominam o "terceiro olho", do qual falam não somente os tibetanos mas também os discípulos de Ricardo de São-Victor, não é possível aproximar-se do domínio no qual a palavra "Deus" pode ter um sentido. Segundo Ricardo de São-Victor, existe três olhos: o oculus carnis, o oculus rationis e o oculus fidei (o olho do corpo, o olho da razão e o olho da fé). O que se denomina o "terceiro olho" é o órgão da faculdade que nos distingue que outros seres vivos em nos dando acesso a uma dimensão da realidade que transcende, sem o negar, o que captam a inteligência e os sentidos.