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THE SUFI PATH OF KNOWLEDGE

Chittick (SPK:1.1) – Como posso “des-encobrir” Deus? (Ibn Arabi)

THE DIVINE PRESENCE

quarta-feira 6 de setembro de 2023, por Cardoso de Castro

      

A famosa expressão “Unicidade do Ser” ou “Unidade   da Existência” (wahdat al-wujud  ), que representaria a posição doutrinal de Ibn Arabi   e sua escola, pode também ser traduzida por “Unicidade” ou “Unidade do Des-encobrimento  ”. A proposição de Ibn Arabi não é somente metafísica e também ontológica, mas ainda mais dirigida para uma experiência do Ser de Deus  , um saborear (dhawq  ) do Ser, este des-encobrimento que é tanto perceber quanto ser o que verdadeiramente é. Todo instante   na vida, neste mundo e por toda eternidade  , representa um contínuo levantar os véus.

      

resumo

Nesta questão chave de Ibn Arabi  , segundo Chittick  , prefiro o uso da tradução de Carneiro Leão   do verbo “entbergen” e seus derivados no pensamento   de Heidegger  , por representar melhor o verbo “find” (em inglês, descobrir, achar) empregado por Chittick como sua tradução para o árabe “wujud  ”, também traduzido por existência e ser, em outros contextos.

Segundo Chittick todo ser humano   deve buscar a resposta   a essa questão, e a tendo respondido, deve verificar a verdade de sua resposta “des-encobrindo” Deus   de fato, não apenas em teoria  . Aqueles que assim o fizeram são, para Ibn Arabi, a “Gente da Des-velação e Des-encobrimento  ” (ahl al-kashf wa’l-wujud). Atravessaram os véus, os velos, que se dispõem entre eles e seu Senhor e se põem em Sua Presença. Este caminho   está aberto a todos; foi trazido pelos profetas e seguido pelos “amigos de Deus  ” (al-awliya), e é o caminho detalhado nas obras de Ibn Arabi.

A famosa expressão “Unicidade do Ser” ou “Unidade   da Existência” (wahdat al-wujud), que representaria a posição doutrinal de Ibn Arabi e sua escola, pode também ser traduzida por “Unicidade” ou “Unidade do Des-encobrimento”. A proposição de Ibn Arabi não é somente metafísica e também ontológica, mas ainda mais dirigida para uma experiência do Ser de Deus, um saborear (dhawq  ) do Ser, este des-encobrimento que é tanto perceber quanto ser o que verdadeiramente é. Todo instante   na vida, neste mundo e por toda eternidade  , representa um contínuo levantar os véus.

Des-encobrir Deus é encantar-se (hayra), não encantamento de se estar perdido e incapaz de encontrar o caminho, mas o encantamento do des-encobrimento e conhecimento de Deus e encobrimento e des-conhecimento dEle ao mesmo tempo. Toda coisa existente outra que Deus habita em uma terra   do nunca, de afirmação e negação, des-encobrimento e encobrimento, conhecimento e des-conhecimento. A diferença   entra Des-encobridores e o resto de nós é que eles estão totalmente cientes de sua situação ambígua. Sabem a significância do dito do califa Abu Bakr: “Incapacidade para alcançar compreensão é ela mesma compreensão”. Sabem que a resposta para toda questão significativa a respeito de Deus e do mundo é “Sim e Não”, ou, como o xeique expressa, “Ele/não-Ele (huwa la huwa).

Segundo Chodkiewicz  , Ibn Arabi nada escreve que não seja sobre a santidade  , seus caminhos e suas metas. Os santos, um termo que aqui será traduzido aqui em um de seus sentidos literais como “amigos de Deus”, tendo “des-encoberto  ” Deus nesta vida e habitado em Sua Presença. Ibn Arabi sempre se refere a eles como “gnósticos” (arifun). Eles veem e reconhecem Deus a onde quer que olhem ; o verso corânico “Onde quer que te voltes, há a Face   de Deus” (2:115) se tornou a descrição de seu estado   espiritual. Outros são impedidos de vê-lO pelos véus, mas os amigos de Deus sabem que Ele é os véus e os outros. Não é dizer “Tudo é Ele”, e assim ficar, eles dizem de fato “Tudo é Ele, tudo é não-Ele”, e procedem na clarificação dos vários pontos de vista em termos dos quais a situação pode ser percebida. Se pertencem ao mais alto nível destes amigos, os “Verificadores” (al-muhaqqiqun) terão verificado a verdade de sua visão de Deus em todo nível de existência e des-encobrimento, até mesmo no nível da inteligência e da fala, marcas   específicas do ser humano.

“Como posso des-encobrir Deus?” Esta questão significa: Como posso remover os véus que me impedem de ver Deus? Estamos então na situação de ver o Não-Ele em todas as coisas. Como também podemos perceber o universo   como Ele?

Nós mesmo estamos incluídos entre as “coisas” do universo: então “como posso des-encobrir Deus?” também significa, como posso des-velar estes véus que me impedem de ser Deus no sentido de que “Ele” deve ser afirmado. “Des-encobrir”, deve ser repetido, não é nunca apenas epistemológico. O ser   precede o conhecimento em Deus como no mundo; nada conhece até primeiro existir. E como sempre citado no Sufismo, “Ninguém conhece Deus exceto Deus”, e ser é “des-encobrimento” Heidegger irá expor em termos de aletheia).

tradução em francês

Comment puis-je découvrir Dieu?

Ibn al-’Arabī soutient que tous les êtres humains doivent chercher à répondre à cette question. Ayant répondu, ils doivent ensuite chercher à vérifier la vérité de leur réponse en trouvant Dieu en fait, pas en théorie. Il se réfère à ceux qui ont vérifié avec succès la vérité de leur réponse en tant que Peuple du dévoilement et de la découverte (ahl al-kashf wa’l-wujūd). Ils ont dépassé les voiles qui les séparent de leur Seigneur et se tiennent dans Sa Présence. Le chemin qu’ils ont traversé est ouvert à tous. C’est le chemin apporté par les prophètes et suivi par les amis de Dieu (al-awliya), et c’est le chemin tracé en des détails incroyables dans les œuvres d’Ibn al-’Arabī. Pour comprendre comment il conçoit le problème, le chemin et le but sont la tâche principale de la présente étude. Nous commençons par examiner la question: « Comment puis-je découvrir Dieu? »

« Découvrir » rend l’arabe wujūd, qui, dans un autre contexte, peut être traduit par « existence » ou « être ». La fameuse expression « Unicité de l’Être » ou « Unicité de l’Existence » (waḥdat al-wujūd), qu’on dit souvent représenter la position doctrinale d’Ibn al-Arabī pourrait également être traduite par « unicité » ou « unicité de découverte ». Malgré les centaines de volumes sur l’ontologie qui ont été inspirés par les travaux d’Ibn al-Arabī, sa principale préoccupation n’est pas avec le concept mental d’être mais avec l’expérience de l’être de Dieu, la saveur (dhawq) de l’être, cette « découverte » qui est à la fois percevoir et être ce qui est vraiment. Il ne fait aucun doute que Ibn al-’Arabī possédait l’un des plus grands esprits philosophiques que le monde ait jamais connu, mais la philosophie ne l’intéressait pas. Il voulait seulement se reposer dans la découverte constante et toujours renouvelée de l’Être et de la Conscience Divines. Lui, pour sa part, avait dépassé les voiles, bien qu’il fût toujours prêt à admettre que les voiles sont infinis et que chaque instant de la vie, dans ce monde et pour toute l’éternité, représente une levée continuelle des voiles.

Trouver Dieu, c’est tomber dans la perplexité (ḥayra), non pas la perplexité d’être égaré et incapable de trouver son chemin, mais la perplexité de découvrir et de connaître Dieu et de ne pas Le découvrir et de ne pas Le connaître en même temps. Chaque chose existante autre que Dieu demeure dans un pays imaginaire d’affirmation et de négation, découverte et recouverte, connaissance et inconnaissance. La différence entre les Découvreurs et le reste d’entre nous est qu’ils sont pleinement conscients de leur propre situation ambiguë. Ils connaissent la signification du dicton du premier calife Abou Bakr: « L’incapacité d’atteindre la compréhension est la compréhension même. » Ils savent que la réponse à toute question importante concernant Dieu et le monde est « oui et non » ou, comme le Cheikh l’exprime, « Lui / pas Lui » (huwa lā huwa).

Chodkiewicz fait remarquer qu’il ne serait pas erroné de dire que Ibn al-’Arabī n’écrit jamais rien que sur la sainteté, ses chemins et ses buts. Les saints, un terme qui sera traduit ici dans l’un de ses sens littéraux comme « amis (de Dieu) » ont trouvé Dieu dans cette vie et demeurent dans Sa Présence. Ibn al-’Arabī se réfère souvent à eux comme les « gnostiques » (’ārifūn). Ils voient et reconnaissent Dieu partout où ils regardent. Le verset coranique, « Où que vous alliez, il y a le visage de Dieu » (2: 115) est devenu la description de leur état spirituel. D’autres sont empêchés de le voir par des voiles, mais les amis de Dieu savent qu’Il est les voiles et les autres. Pas que les amis soient confus. Ils ne disent pas « Tout est Lui » et en restent là. Ils disent: «Tout est Lui, tout n’est pas Lui», puis procèdent à clarifier les différents points de vue en fonction desquels la situation peut être perçue. S’ils se trouvent parmi ces amis que Ibn al-’Arabī considère comme les plus hauts gradés - les Vérificateurs (al-muhaqqiqūn) - ils auront vérifié la vérité de leur vision de Dieu à tous les niveaux de l’existence et trouveront, non moins au niveau de l’intelligence et de la parole, les marques spécifiques de l’être humain. Ainsi, eux et Ibn al-’Arabī en particulier fourniront des exposés sophistiqués de la nature exacte de l’ambiguïté ontologique et épistémologique qui remplit le Vide et est communément appelé le « monde ». La perplexité des Vérificateurs à l’égard de Dieu en tant qu’Il est en Lui-même, ne les empêche jamais de Le trouver comme lumière et sagesse et d’employer les fruits de ces attributs divins pour éclairer la nature des choses et mettre chaque chose à sa place.

« Comment puis-je découvrir Dieu? » Cette question signifie: Comment puis-je enlever les voiles qui m’empêchent de voir Dieu? Nous demeurons maintenant dans la situation de voir le Non-Lui en toutes choses. Comment pouvons-nous aussi percevoir l’univers comme Lui?

Nous-mêmes sommes inclus parmi les « choses » de l’univers. Alors, « Comment puis-je découvrir Dieu? » Signifie aussi: Comment puis-je enlever ces voiles qui m’empêchent d’être Dieu à cet égard où le « Lui » doit être affirmé. « Découvrir », il doit être répété, n’est jamais juste épistémologique. C’est fondamentalement ontologique. Être précède la connaissance en Dieu comme dans le monde; rien ne sait jusqu’à ce qu’il existe d’abord. Et comme le dit si souvent le proverbe soufi: « Personne ne connaît Dieu que Dieu ». La connaissance et l’être sont découvrir.

Original

Ibn al-‘Arabī maintains that all human beings must seek to answer this question. Having answered it, they must then set out to verify the truth of their answer by finding God in fact, not in theory. He refers to those who have successfully verified the truth of their answer as the People of Unveiling and Finding (ahl al-kashf wa’l-wujūd). They have passed beyond the veils that stand between them and their Lord and stand in His Presence. The path they have traversed is open to everyone. It is the path brought by the prophets and followed by the friends of God (al-awliya), and it is the path set down in incredible detail in Ibn al-’Arabī’s works. To understand how he conceives of the problem, the path, and the goal is the major task of the present study. We begin by examining the question: “How can I find God?”

“Finding” renders the Arabīc wujūd, which, in another context, may be translated as “existence” or “being.” The famous expression “Oneness of Being” or “Unity of Existence” (waḥdat al-wujūd), which is often said to represent Ibn al-’Arabī’s doctrinal position, might also be translated as the “Oneness” or “Unity of Finding.” Despite the hundreds of volumes on ontology that have been inspired by Ibn al-’Arabī’s works, his main concern is not with the mental concept of being but with the experience of God’s Being, the tasting (dhawq) of Being, that “finding” which is at one and the same time to perceive and to be that which truly is. No doubt Ibn al-‘Arabī possessed one of the greatest philosophical minds the world has ever known, but philosophy was not his concern. He wanted only to bask in the constant and ever-renewed finding of the Divine Being and Consciousness  . He, for one, had passed beyond the veils, though he was always ready to admit that the veils are infinite and that every instant in life, in this world and for all eternity, represents a continual lifting of the veils.

To find God is to fall into bewilderment (ḥayra), not the bewilderment o being lost and unable to find one’s way, but the bewilderment of finding and knowing God and of not-finding and not-knowing Him at the same time. Every existent thing other than God dwells in a never-never land of affirmation and negation, finding and losing, knowing and not-knowing. The difference between the Finders and the rest of us is that they are fully aware of their own ambiguous situation. They know the significance of the saying of the first caliph Abū Bakr: “Incapacity to attain comprehension is itself comprehension.” They know that the answer to every significant question concerning God and the world is “Yes and no,” or, as the Shaykh expresses it, “He/not He” (huwa lā huwa).

Chodkiewicz points out that it would not be far from the mark to say that Ibn al-‘Arabī never writes about anything except sanctity, its paths, and its goals.1 The saints, a term which will be translated here in one of its literal meanings as “friends (of God),” have found God in this life and dwell in His Presence. Ibn al-‘Arabī often refers to them as the “gnostics” (’ārifūn). They see and recognize God wherever they look. The Koranic verse, “Whithersoever you turn, there is the Face of God” (2:115) has become the description of their spiritual state. Others are prevented from seeing Him by veils, but God’s friends know that He is the veils and the others. Not that the friends are muddle-headed. They do not say ‘All is He”2 and leave it at that. They say, “All is He, all is not He,” and then proceed to clarify the various points of view in terms of which the situation can be perceived. If they happen   to be among those friends whom Ibn al-‘Arabī considers of the highest rank—the “Verifiers” (al-muhaqqiqūn) — they will have verified the truth of their vision of God on every level of existence and finding, not least on the level of intelligence and speech, the specific marks of being human. Hence they and Ibn al-‘Arabī in particular will provide sophisticated expositions of the exact nature of the ontological and epistemological ambiguity that fills the Void and is commonly referred to as the “world.” The bewilderment of the Verifiers in respect to God as He is in Himself never prevents them from finding Him as Light and Wisdom and from employing the fruits of those divine attributes to illuminate the nature of things and put each thing in its proper place.

“How can I find God?” This question means: How can I remove the veils that prevent me from seeing God? We dwell now in the situation of seeing the Not He in all things. How can we also perceive the universe as He?

We ourselves are included among the “things” of the universe. So “How can I find God?” also means: How can I remove those veils that prevent me from being God in that respect where the “He” must be affirmed. “Finding,” it needs to be repeated, is never just epistemological. It is fundamentally ontological. Being precedes knowledge in God as in the world; nothing knows until it first exists. And as the oft-quoted Sufi saying maintains, “None knows God but God.” Both knowledge and being are finding.


Ver online : WILLIAM CHTIICK – THE SUFI PATH OF KNOWLEDGE