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telos

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Fim/objetivo [telos)

I. É no contexto da teoria da ação que o conceito de telos possui a maior importância em Platão  , mais precisamente tendo em vista a descrição da estrutura da atividade intencional. Ao analisá-lo, Platão depara com o fato de que nem todos os fins realmente ambicionados são de mesmo valor, sendo antes preciso partir de uma hierarquia tripartite. (1) Muitos bens são amados por causa deles mesmos, (2) outros o são em parte por causa deles mesmos e em parte por causa das consequências deles advindas, (3) e outros ainda (por exemplo, a aquisição de dinheiro) exclusivamente por causa de suas consequências (Rep.   357b-d). Para que não surja um regressus in infinitum, é preciso que haja um objetivo ou fim supremo, em que todas as nossas atividades voluntárias “terminam” (teleutôsin): este não pode ser outra coisa senão o BEM (to agathon) (Lísis 220b), e assim Platão constata “que o fim (telos) de todas as nossas ações é o bem, e todas as coisas devem ser feitas por causa dele, mas não o bem por causa delas” (Górg. 499e). A definição do bem como fim da ação humana permite uma leitura forte e uma fraca: na forte (objetivista), trata-se aqui de uma orientação pelo BEM verdadeiro, que sempre é buscado em virtude de sua bondade intrínseca (Rep. 505d); na leitura fraca, o bem entendido subjetivamente pode aparecer como objeto formal da ação: fazemos tudo sub ratione boni, isto é, “na opinião de que é melhor para nós agir assim do que não” (Górg. 468b). Nessas duas variantes há a ameaça de um hiato entre o fim realmente intencionado e aquele de facto realizado, ou seja, uma ação má resultante da ignorância. Por isso, para a vida orientada pelo “fim da boa ação” (telos tou eu prattein), é necessário um conhecimento adequado, a saber, um conhecimento especificamente a respeito do bem e do mal (Cárm. 173d-174c).

Essa análise formal tem um enriquecimento conceitual quando o bem é mais precisamente definido como telos supremo da ação humana. Todos os homens querem sempre apenas ter o bem e justamente mediante sua posse são felizes (Banq. 204c-205a). De um lado, aqui se alcança um incontornável ponto final explanatório para a fundamentação da ação humana, pois “não é mais preciso ainda perguntar: E para que quer ser feliz aquele que o quer? Ao contrário, a resposta aqui parece ter um término (telos)” (Banq. 205a). De outro, isso revela, na forma da busca da felicidade, um móvel conteudístico da atividade orientada para um fim, o qual é fundamentalmente comum a todos os homens (Eutid. 282a). A felicidade (eudaimonia) é identificável com a posse das coisas belas e boas (Banq. 202c-d), mas também exige o uso correto desses bens, para o que é incondicional um conhecimento correspondente (Eutid. 280a-282d). O bem e a felicidade como telos da ação humana pressupõem, portanto, para sua realização, uma bem-sucedida busca por saber ou SABEDORIA; em outras palavras: a filosofia. Platão também considera explicitamente um telos da vida humana a assemelhação ao divino (Tim. 90d), que é concebida como realização/perfeição suprema da existência humana. [SHÄFER]


TÉLOS (fin) [grec]

subs. nt.

Pour Aristote   (Phys. II, 7, 198 a-199 b), la phusis a sa propre fin (telos). Ce telos, c’est le Bien (Phys. II, 3, 195 a ; Met. Δ, 2, 1013 b) ; or, en Met. A 7, 1072 b, Aristote explique que le Bien suprême, la cause finale ultime du kosmos dans sa totalité, c’est le premier moteur, la pensée de la pensée (noesis noeseos, cf. Met. Λ 9, 1074 b). Cette doctrine téléologique doit être replacée dans le cadre d’une critique de la position de Platon dans le Timée   et dans le livre X des Lois notamment, critique qui trouve certes sa pleine expression dans la Métaphysique. mais qui se manifeste très tôt chez Aristote (Protreptique, frgt 11).

Le problème moral correspondant tel qu’il se trouve posé chez Aristote, c’est-à-dire le problème relatif à la question du Bien suprême, du Bonheur (EN I, 2, 1095 a-I, 12, 1101 b), va donner lieu à de multiples traités Péri télous ou De finibus qui tous cherchent à déterminer quel est, selon les différentes écoles philosophiques, le bien capable d’assurer à l’homme une vie heureuse. (L. Brisson  ) [NP  ]