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Literatura
Em seu ensaio sobre a essência da literatura, Sartre concretizou no devoilement das forças obstrutivas da liberdade e da subjetividade, na denúncia e superação do poder do “mal”, isto é, do dinheiro, da ignorância, da opressão e do esmagamento do eu pelo eu, o tema próprio da fabulação literária. Esse desvelamento é, ao mesmo tempo , uma volta-a-si do homem , em consequência da tomada de consciência que emana das forças em luta e da dialética das consciências que encarna. Mesmo o romance que explora a servidão humana, a impotência diante da noite das paixões é, em última instância, uma ilustração no caminho do reconhecimento, um estar-além dessas paixões e uma forma de catarse e purificação. No fundo, a experiência da criação literária é uma continuação da experiência efetiva da História, uma promoção, ativação ou antecipação dessa vida.
Afirmamos aqui que os limites da imaginação literária, em sua forma humanística, são assinalados pelos próprios limites do projeto humano, pelo conteúdo da Matriz mitopoética. O pensamento atual tende a aceitar que esse projeto não é uma quantidade absoluta da História, algo de constante através dos tempos, mas um determinado projeto, isto é, algo de oferecido como forma a se realizar. A literatura também fez parte do acervo de virtualidades emergentes da Fonte . Toda operação ou fruição artística supõe, como vimos, uma “abertura”, um espaço de movimento onde explanar o explanável. Esse explanável é constituído pela demografia lendária que enche os espaços do mundo, os personagens e paradigmas que, como arquétipos, orientam, infletem e delineiam as geodésicas da ação. [VFSTM :136]
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Pessoa: REFLEXÕES SOBRE O HOMEM
27 de julho de 2014, por Cardoso de Castro
Excertos do livro organizado por António Quadros, "A procura da verdade oculta". Textos filosóficos e esotéricos.
1. O homem é um animal irracional, exatamente como os outros. A única diferença é que os outros são animais irracionais simples, e o homem é um animal irracional complexo. É esta a conclusão a que nos leva a psicologia científica, no seu atual estado de desenvolvimento. O subconsciente, inconsciente, é que dirige e impera, no homem como no animal. A consciência, a razão, o raciocínio são (...)
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Pessoa: INDIVÍ DUO, SOCIEDADE E NAÇÃO
27 de julho de 2014, por Cardoso de Castro
Excertos do livro organizado por António Quadros, "A procura da verdade oculta". Textos filosóficos e esotéricos.
A Individualidade Humana
Por carácter (em grego ethos) entendo a manifestação social da individualidade. A individualidade manifesta-se de três maneiras, seguindo as três divisões radicais (não importa agora analisá-las) da inteligência, sensibilidade e vontade, ou se melhor julgarem, desejo — a faculdade pela qual nos exteriorizamos. E a esta que se liga o carácter, que é, já o dissemos, (...)
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Pessoa: REFLEXÕES SOBRE MORAL E ÉTICA
27 de julho de 2014, por Cardoso de Castro
Excertos do livro organizado por António Quadros, "A procura da verdade oculta". Fragmentos do acervo do autor, de diferentes datas, sobre o tema da moral.
O Problema do Mal
A ideia de que esta vida é injusta assenta na de que esta vida é toda a vida, e disto não há prova. Não há dúvida que existe o mal; o de que pode haver dúvida é de que o mal vença, ou de que o mal representa justiça. Qualquer mal que haja, ainda que dê em bem, é mal em si mesmo; não é, porém, necessariamente injustiça. Pode ser o (...)
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Pessoa: NATUREZA E REALIDADE
27 de julho de 2014, por Cardoso de Castro
Excertos do livro organizado por António Quadros, "A procura da verdade oculta". Fragmentos do acervo do autor sobre tempo, espaço, ser, matemática, realidade, categorias... [Texto possivelmente de 1915-1916]
1 — TEMPO, ESPAÇO E SER
O tempo em si contém a possibilidade de todas as durações: o espaço em si a possibilidade de todos os tamanhos, de todas as extensões; a forma em si a possibilidade tanto do círculo como do triângulo, a possibilidade de todas as formas.
Assim como o tempo-em-si, isto (...)
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Pessoa : Subsolo
27 de julho de 2014, por Cardoso de Castro
Extraits de «Fernando Pessoa e a Tradição Hermética»
Os Evangelhos são somente dramatizações — ou, em outras palavras, christianizações — da tragédia de Lydda. São rituaes dramáticos, e os trez primeiros evangelhos — os chamados synopticos — são primeiras redacções: só no Quarto Evangelho está acabada a dramatização, e postos os sellos mágicos. Porisso, para o Catholico verdadeiro, são dispensáveis os outros Evangelhos. Quanto ao Velho Testamento, não é para elle mais que litteratura hebraica, que pode ler como (...)
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Baudelaire : Du vin I
25 de julho de 2011, por Cardoso de Castro
Du vin et du haschisch, comparés comme moyens de multiplication de l’individualité
Un homme très célèbre, qui était en même temps un grand sot, choses qui vont très bien ensemble, à ce qu’il paraît, ainsi que j’aurai plus d’une fois sans doute le douloureux plaisir de le démontrer, a osé, dans un livre sur la Table, composé au double point de vue de l’hygiène et du plaisir, écrire ce qui suit à l’article VIN : “ Le patriarche Noé passe pour être l’inventeur du vin ; c’est une liqueur qui se fait avec le (...)
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Daumal : Lettre à Geneviève (19 août 1942)
13 de julho de 2011, por Cardoso de Castro
le 19 août 1942
Chère Geneviève,
Vous vous souvenez qu’au début nous vous avons dit : une de nos premières tâches est de nous faire un langage commun. Au commencement, cela est compris comme s’entendre sur les étiquettes qu’on posera sur les choses, convenir d’une terminologie. Vous voyez aujourd’hui que cela a encore un autre sens. Il n’y a pas de naissance sans mort. On ne surajoute pas un nouveau langage à l’ancien. Il faut que l’ancien meure. Mais entre mort et naissance, il y a un «entre-deux », un (...)
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Daumal : LE MONT ANALOGUE (1952)
28 de setembro de 2009, por Cardoso de Castro
Extraits du livre "LE MONT ANALOGUE (1952)"
« S’agirait-il donc d’une montagne souterraine? Certaines légendes, qu’on entend raconter surtout en Mongolie et au Tibet, font allusion à un monde souterrain, séjour du « Roi du Monde », et où, comme une graine impérissable, se conserve la connaissance traditionnelle. Mais ce séjour ne répond pas à la seconde condition d’existence du Mont Analogue ; il ne pourrait pas offrir un milieu biologique suffisamment voisin de notre milieu biologique ordinaire ; et (...)
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Daumal: On ne peut pas dire que c’est yoga, ou çoufisme...
28 de novembro de 2008, por Cardoso de Castro
Extrait d’une lettre à A. Rolland de Renéville
Tu me demandes une longue lettre sur les « enseignements » de Mme de S. Tu ne l’auras pas. C’est impossible. Il ne s’agit pas d’un « enseignement » didactique qu’on puisse mettre dans des lettres. Autrement, à quoi bon être venu ici? (Évian). Nous avons assez de bons livres dans n’importe quelle bibliothèque. Mais justement elle nous donne ce qu’aucune chose écrite (livre ni lettre) ne peut donner. Lorsqu’elle dit quelque chose pour l’intelligence, c’est (...)
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Pessoa: Un Dieu naît
12 de novembro de 2008, por Cardoso de Castro
UN Dieu naît. D’autres meurent. La vérité n’est ni venue ni partie : l’Erreur seule a changé. Nous avons maintenant une autre Éternité, et le meilleur des mondes est bien celui qui fut. Aveugle, la Science laboure une glèbe stérile. Folle, la Foi vit le songe de son culte. Un Dieu nouveau n’est rien qu’une parole. Ne cherche ni ne crois : tout est occulte.