A Divindade que fala a Parmênides diz-lhe:
«Vem agora, vou-te dizer — e tu presta atenção às minhas palavras e guarda-as em ti mesmo — as duas únicas vias de procura que se podem conceber. A primeira, a saber, que o ser é e que é impossível para ele não ser, é a via na qual se deve confiar, pois segue a Verdade. A segunda, a saber, que o ser não é e que o não-ser é necessário, esta via, eu to digo, é um caminho onde não se encontra nada em que se possa confiar.» (fgt. 11)
Parmênides fala, portanto, (...)
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Matérias
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Brun: Parmênides — O problema das vias
24 de março -
Jean Brun: Cronologia dos Pré-Socráticos
16 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroOs problemas de cronologia puderam ser parcialmente resolvidos graças a dois autores: Eratóstenes de Cirene e Apolodoro de Atenas.
Eratóstenes de Cirene era um bibliotecário de Alexandria que viveu no século III a.C. Escreveu sobre imensos assuntos — filosofia, gramática, história, geografia (foi uma das fontes de Estrabão) — e redigiu uma Cronologia. Esta obra foi preterida em favor da versão em métrica, feita por Apolodoro de Atenas no século II a.C. A Cronologia vai desde a queda de Troia até à (...) -
Jean Brun: Pré-socráticos - Textos e Fontes
16 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTodas as obras dos Pré-Socráticos estão hoje perdidas; apenas alguns fragmentos mais ou menos importantes nos foram transmitidos no decorrer dos séculos por diferentes vias.
A) Citações feitas por autores posteriores. - As principais fontes são Platão, Aristóteles, os Estoicos, Sexto Empírico, Cícero e os Neoplatônicos. Importa acrescentar os Moralia de Plutarco (século I-II d.C.); obras de Clemente de Alexandria (século II-III d.C.): 0 Pedagogo, O Protréptico, os Stromata; textos de Orígenes, autor (...) -
Jean Brun: O problema das influências orientais
16 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroA maioria dos Pré-Socráticos é oriunda da Ásia Menor e muitos historiadores pensam que teriam sofrido considerável influência das religiões ou das filosofias orientais. Que pensar disso?
São muito poucos os documentos que permitem refazer a pré-história da Ásia Menor. Sabe-se que os Aqueus, vindos da Ásia por volta do 2.° milênio antes da nossa era, foram povoar a península helênica. Cerca de 1180, perseguidos pelos Dórios, fogem para a Ásia Menor com os Jônios e os Eólios e fundam cidades gregas. Fócida, (...) -
Parmênides – Poema - Proêmio
16 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroAlgumas traduções do início do Poema de Parmênides
EUDORO DE SOUSA
1. As éguas que me tiram tão longe quanto o desejo alcance, escoltavam-me, guiando elas, quando me enviaramc | puseram na via no celebrado caminho da divindade | o caminho que a divindade percorre, | que por (sobre) todas as cidades conduz o homem vidente (sapiente). Por ele me conduziam, por ele me levaram os habilíssimos corcéis, tirando o carro, e donzelas à frente iam mostrando o caminho. O eixo, deflagrando nos cubos, (...) -
Brun: A Recusa da Aparência
24 de marçoA recusa da aparência
Heidegger critica Platão por este ter contribuído para a introdução de uma separação entre o ser e o parecer, separação que não se encontra nos primeiros filósofos gregos para quem o «parecer» é o surgimento, a apresentação do ser; mas poder-se-ia responder que esta atitude de Platão não deve ser explicada como ruptura com uma tradição anterior mais profunda, mas antes como um esforço para lutar contra as aparências sem ser, no seio das quais os sofistas gostavam de se mover: Platão (...) -
Brun: Homem medida de todas as coisas...
24 de marçoA maioria dos contraditares de Sócrates são sofistas; professores de eloquência, ensinam aos jovens ricos a arte de falar de modo verosímil acerca de todas as coisas para além de qualquer consideração de convicção pessoal e de respeito pela verdade. Pode dizer-se que o pensamento de Sócrates e o de Platão são sobretudo dirigidos contra os sofistas e que as ideias destes últimos estão ligadas à ideia mestra de Protágoras: «O homem é a medida de todas as coisas.»
O sofista Protágoras era provavelmente (...) -
Brun: Natureza da ideia
24 de março«Afirmamos», diz Platão, «a existência do Belo em si, do Bom em si, e do mesmo modo, para todas as coisas que posicionamos anteriormente como múltiplas, declaramos que a cada uma corresponde a sua ideia que é única e à qual chamamos de essência» (Rep., VI, 507 b), e Platão acrescenta que «as coisas múltiplas são vistas e não concebidas, e as ideias são concebidas e não vistas».
Antes de prosseguir naquilo que entendemos com esta ideia do «Belo em si», vejamos duas objeções possíveis, que são dois (...) -
Brun: A participação das ideias
24 de marçoEm relação a todo este parágrafo, cf. J. Wahl, Etude sur le «Parménide» de Platon (Paris, 1926). Joseph Moreau, «Acerca da significação do Parmênides», in Le sens du Platonisme, p. 303. Victor Brochard, «La théorie platonicienne de la participation d’après le Parménide et Le Sophiste» (in Etudes de philo, ancienne et de philo, moderne, Paris, 1926). A. Diès, La définition de l’Etre et la nature des idées dans «Le Sophiste» de Platon (Paris, 1932). Rodier, «Remarques sur le Philèbe», in Etudes de Philosophie (...)
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Brun: Participação e separação
24 de marçoA finalidade do Sofista era, não devemos esquecê-lo, chegar à definição desse estranho personagem que tinha recusado ser chamado professor de mentiras a pretexto de que não se poderia falar daquilo que não é. O «parricida» vai permitir-nos agarrar este sofista que se tinha refugiado num refúgio inexpugnável.
Podemos agora dizer que existem discursos falsos, «uma reunião de verbos e de nomes, que, acerca de ti, enuncia, na verdade, como outro, aquilo que é o mesmo, e, como sendo, aquilo que não é; eis, (...) -
Brun: O problema das influências orientais
24 de marçoA maioria dos Pré-Socráticos é oriunda da Ásia Menor e muitos historiadores pensam que teriam sofrido considerável influência das religiões ou das filosofias orientais. Que pensar disso?
São muito poucos os documentos que permitem refazer a pré-história da Ásia Menor. Sabe-se que os Aqueus, vindos da Ásia por volta do 2.° milênio antes da nossa era, foram povoar a península helênica. Cerca de 1180, perseguidos pelos Dórios, fogem para a Ásia Menor com os Jônios e os Eólios e fundam cidades gregas. Fócida, (...) -
Brun: Quadro Cronológico
24 de marçoDatas
História política
Arte
Literatura e Filosofia
Antes J.C.
2500-1500
1600-1100
C. 1400
Civilização minóica
Civilização micénica
Tomada de Cnossos pelos Aqueus
Palácio de Cnossos Acrópole e túmulos de Micenas
C. 1180 1100-1000
Tomada de Tróia Invasões dórias
Tabuinhas de Micenas e Pilos
C. 800
Homero
776
Era das Olimpíadas; início da colonização grega
Cerâmica geométrica
C. 725
Hesíodo
C. 680
Heraion de Olímpia
Terpandro, Tirteu, Arquíloco
C. 640
Cerâmica coríntia
Mimnermo (...) -
Brun: O devir
24 de marçoA maioria das vezes, reduz-se o heraclitismo a esta filosofia do devir, que se opõe, de maneira um pouco sumária, à filosofia eleática do ser e às ontologias estáticas. Sabe-se que Hegel e Nietzsche, de pontos de vista muito diferentes, reivindicarão Heráclito como precursor, vendo nele o proclamador de forma nítida de que não há ser, a não ser o devir. Mas, quando se fala do devir em Heráclito, convém não esquecer nunca o que escreve acerca do Logos, sob pena de desnaturar o sentido e o alcance do que (...)
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Brun: O fogo
24 de marçoSabe-se que, entre os Jônios, Tales de Mileto fizera da água o princípio de todas as coisas, enquanto Anaximandro escolhia o ar; Heráclito vê no fogo o elemento a partir do qual podem explicar-se os diferentes fenômenos do universo. Seria, senão simplificar, pelo menos ler o heraclitismo através das. lentes coloridas a que o desenvolvimento da química moderna nos habituou, ver no fogo um simples elemento de composição, a partir do qual se teriam engendrado as diferentes associações e decomposições das (...)
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Brun: O Homem e a sabedoria
24 de marçoHeráclito é tradicionalmente apresentado, senão como um aristocrata no sentido social do termo, ao menos como um homem que desprezava a multidão e não hesitava em dizer: «Um só homem vale para mim milhares, se for o melhor.» (fgt. 49) Para ele, com efeito, «as opiniões humanas não passam de jogo de crianças» (fgt. 70) e se os homens nobres preferem acima de tudo a glória eterna às coisas perecíveis, a maioria sacia-se como animais de carga (fgt. 29). As suas invectivas dirigiam-se tanto aos que se (...)
Notas
- Brun: A Alegoria da Caverna
- Brun: A Dialética Platônica
- Brun: A morte de Sócrates
- Brun: A Natureza
- Brun: As ideias
- Brun: Astronomia de Tales
- Brun: Destino do heraclitismo
- Brun: Empédocles
- Brun: Matemáticas em Tales
- Brun: Mitos Platônicos
- Brun: O combate e a harmonia dos contrários
- Brun: O Logos em Heráclito
- Brun: Parmênides
- Brun: Parmênides — Fragmento III
- Brun: Parmênides — Fragmento VI
- Brun: Parmênides — O Ser e o Não-Ser
- Brun: Textos e Fontes
- Brun: Visão do mundo de Tales