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COSMOLOGIA - COSMOGONIA - NATUREZA
O Mundo é, ainda que na objetividade não possamos predicá-lo. Os mitos cosmogônicos dizem-nos que ele veio a ser o que é, falam-nos do vir a ser mundo. Falta grave contra o saber [67] precavido, pois cosmogonias falam, não só do mundo, mas do antes que o mundo fosse. Enormidade do mítico, que ousa recuar ainda para além do que a ciência nem pretende alcançar, porque bem sabe que não alcança, porque não é de sua natureza alcançá-lo. Ciência fala-nos do que está no mundo, pensa e experimenta o que pode fechar no interior do mundo que recusa a fechar-se. O mítico é que fechou o mundo, no momento em que se perguntou pelo que era antes de o mundo chegar a ser mundo. Não se afirme assim com tanta segurança e certeza, com tanto orgulho vaidoso, que a pergunta provém do que em nós é desatino de imaturidade. A pergunta pelas origens é origem de todo o perguntar. Perguntamo-la na indecisão de cada passo da nossa vida. É pergunta que sobe dos abismos da nossa existência, é pergunta que nos mantém existindo quando a existência se vê ameaçada, é modo de perguntar por que existe ser em vez de nada. A ameaça do Nada é que nos leva a perguntar de onde e do que vem o Tudo. Outro modo de dizer o que já ficou dito é o dar-se conta de que, se a nossa experiência é de pluralidade, nosso anseio é de unidade; se a nossa experiência é a do «outro», nosso anseio é pelo «mesmo». Perguntando pelo mundo e, sobretudo, pelo antes que mundo fosse, na mesma pergunta me pergunto pelo «eu» que sou e, sobretudo, pelo antes que viesse a ser o que sou. Perguntar pela origem do mundo é perguntar pela origem do homem; perguntar pelo que faz que «eu» exista. Aqui não há do que alguém se possa estranhar: homem e mundo são, de cada vez que sejam o que são, duas faces do mesmo Projeto [v. projeto]. Mito relatado é subproduto do grande impulso mítico. Naquele, a uma cosmogonia ou teocosmogonia segue-se uma antropogonia; neste, não há sucessão: cosmogonia, teogonia e antropogonia situam-se como os três vértices de um triângulo. Mas não nos apressemos; por pouco não resvalava de «um triângulo» para o «triângulo da complementaridade». [EudoroMito:67-68]
Matérias
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Watts: Wiggly
21 de fevereiro de 2018, por Cardoso de Castro
Apart from such human artifacts as buildings and roads (especially Roman and American roads), our universe, including ourselves, is thoroughly wiggly. Its features are wiggly in both shape and conduct. Clouds, mountains, plants, rivers, animals, coastlines—all wiggle. They wiggle so much and in so many different ways that no one can really make out where one wiggle begins and another ends, whether in space or in time. Some French classicist of the eighteenth century complained that the (...)
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Eudoro de Sousa (HCSM:104-110) – Empédocles
10 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro
[DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 104-110]
60. Parmênides teria sido o primeiro pluralista, se o seu dualismo fosse o da realidade, e não o da aparência — da aparência, pura e simples, ou da aparência da realidade: o dualismo da Luz e da Noite é questão de nomos («convenção»), e não de physis («natureza»), Empédocles institui o pluralismo na realidade, na medida em que cada um dos seus quatro elementos se determina como idêntico a si (...)
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Schopenhauer (MVR1:48-49) – mundo, representação do princípio de razão
25 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro
[SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e como representação. Primeiro Tomo. Tr. Jair Barboza. São Paulo: Editora UNESP, 2005, p. ]
Quem compreendeu distintamente, a partir do mencionado ensaio introdutório, a identidade perfeita do conteúdo do princípio de razão, em meio à diversidade de suas figuras, também ficará convencido do quão importante é precisamente o conhecimento da mais simples de suas formas – que identificamos no TEMPO – para a intelecção de sua essência mais íntima. Assim como no (...)
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MASSON-OURSEL: L’ESPACE ET LE TEMPS DANS L’INDE
11 de novembro de 2008, por Cardoso de Castro
Approches de l’Inde. Tradition & Incidences. Dir. Jacques Masui. Cahiers du Sud, 1949
La pensée occidentale conçoit espace et temps comme des milieux diaphanes, en lesquels se situent ou se datent tous les faits. Ordre des simultanéités, ordre des successions, selon Leibniz. Formes à priori de la sensibilité, selon Kant. Et Newton y voyait deux réalités, chacune étant homogène.
Cela nous vient de l’héritage grec : l’espace à deux ou trois dimensions, pour Euclide, et le temps, cadre abstrait des (...)
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Duhem: Structure de l’oeuvre (Tomes I-III)
22 de agosto de 2008, por Cardoso de Castro
LA COSMOLOGIE HELLÉNIQUE CHAPITRE PREMIER: L’ASTRONOMIE PYTHAGORICIENNE I. Pour l’histoire des hypothèses astronomiques, il n’est pas de commencement absolu.— L’intelligence des doctrines de Platon requiert l’étude de l’Astronomie pythagoricienne. II. Ce que l’on soupçonne des doctrines astronomiques de Pythagore. III. Le système astronomique de Philolaus IV. Hicétas et Ecphantus CHAPITRE II LA COSMOLOGIE DE PLATON I. Les quatre éléments et leurs idées II. Le plein et le vide selon les Atomistes III. (...)
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Franz Cumont: Structure de l’oeuvre
7 de agosto de 2008, por Cardoso de Castro
INTRODUCTION LES VIEILLES CROYANCES I. — La vie dans la tombe Selon Cicéron, culte des morts implique espoir d’immortalité Tombeau, maison du mort II. — Les offrandes funéraires Besoins des morts, aliments, libations Influences égyptiennes et orientales : offrandes de fleurs, aromates, cierges allumés III. — Les Enfers souterrains De la notion de vie dans le tombeau, l’on passe à celle de vie en commun dans les (...)
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Suzuki: God’s Image
11 de março de 2018, por Cardoso de Castro
Original
When God made man, he put into the soul his equal, his active, everlasting masterpiece. It was so great a work that it could not be otherwise than the soul and the soul could not be otherwise than the work of God. God’s nature, his being, and the Godhead all depend on his work in the soul. Blessed, blessed be God that he does work in the soul and that he loves his work! That work is love and love is God. God loves himself and his own nature, being and Godhead, and in the love he (...)
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Jean-Louis Grison: Digrammes et Trigrammes
2 de março de 2018, por Cardoso de Castro
Sans revenir sur les notions générales déjà connues de la métaphysique taoïste, nous nous placerons d’emblée au plan de la manifestation pour rappeler que la dualité primordiale, la « polarisation » de l’Etre (T’ai-ki) s’exprime par les principes T’ien et Ti, Ciel et Terre, et que les deux tendances Yang et Yin sont les deux réalités dont les combinaisons indéfiniment variées ont «créé» la multiplicité, comme la lumière et les ténèbres sont à l’origine de toutes les [215] nuances de la clarté. Ce sont eux qui (...)
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ENNÉADES II, 2 (14) - extraits sur le corps
15 de novembro de 2008, por Cardoso de Castro
Pourquoi le ciel se meut-il d’un mouvement circulaire ? - Parce qu’il imite l’intelligence. - À quel sujet appartient ce mouvement ? Est-ce à l’âme du ciel ou à son corps ? - Et pourquoi ? Est-ce parce que l’âme est en elle-même, et parce qu’elle fait toujours effort pour aller vers elle-même ? Est-ce parce qu’elle est en elle-même, sans y être continuellement ? D’ailleurs, estce en se mouvant d’un mouvement local qu’elle meut le corps avec elle ? S’il en était ainsi, il faudrait qu’elle cessât de le (...)
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Matter: Schelling ou La philosophie de la nature et la philosophie de la révélation
15 de novembro de 2008, por Cardoso de Castro
Schelling : ou, La philosophie de la nature et la philosophie de la révélation- A. Jacques Matter
TABLE DES MATIÈRES.
Préface
Objet et plan de cet ouvrage
Chapitre Ier. Schelling à Tubingue
— II. Schelling à Leipzig
— III. Schelling à Iéna
— IV. Schelling à Wurtzbourg
— V. Schelling à Munich
— VI. Schelling à Erlangen
— VII. Schelling de retour à Munich
— VIII. Schelling à Berlin
— IX. Les ouvrages de Schelling
— X. Du style de Schelling
— XI. L’idéalisme, le scepticisme et le dogmatisme de Kant (...)
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Tatakis: Le thème fondamental de Maxime
3 de abril de 2018, por Cardoso de Castro
Extrait de « Histoire de la Philosophie », Fascicule supplémentaire - La Philosophie Byzantine, de Basile Tatakis
Il est facile maintenant de saisir le thème fondamental qui commande et explique la pensée maximienne. C’est l’image d’une vie de l’univers alternant entre sa sortie de Dieu et son absorption en Dieu. Image qui hante l’esprit grec depuis les stoïciens.
Les moments essentiels et qui en donnent le dessin sont la création, la chute et la rédemption, celle-ci étant nécessitée parce que (...)
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Plotino - Tratado 28,27 (IV, 4, 27) — A terra tem um poder vegetativo, um poder sensitivo e um intelecto
9 de maio, por Cardoso de Castro
Capítulos 18-29: O prazer e a dor, o desejo e a cólera em sua relação à união da alma e do corpo. Cap 18: A união da alma e do corpo comparada ao ar aquecido (alma vegetativa) ou iluminado (alma descida) Cap 19: O prazer e a dor Cap 20-21: O desejo Cap 22-27: Digressão. A questão da alma vegetativa posta em relação a este vivente divino que é a terra Cap 22: Questão: É que a terra pode ter sensações? Cap 23-26: Sabe-se que a sensação não pode se fazer sem órgãos e tem por meta a utilidade Cap 27: Resposta. (...)
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Arcontes
28 de março, por Cardoso de Castro
Força do cosmos: no singular, o Grande Arconte, demiurgo e senhor do mundo inferior; no plural, designa o círculo que cerca o demiurgo ou os planetas. GNOSTICISMO – Hans Jonas: Religião Gnóstica - A RELIGIÃO GNÓSTICA
O universo, o domínio dos Arcontes, é como uma enorme prisão onde a masmorra mas interior é a Planeta Terra - terra, a cena da vida do homem. Em volta e acima disto as esferas - esferas cósmicas se alinham como casacas concêntricas envelopantes. Frequentemente há as Planetas - sete (...)
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Rorty (PMN:21-28) – Wittgenstein, Heidegger, Dewey
5 de novembro de 2021, por Cardoso de Castro
RORTY, Richard. A filosofia e o espelho da natureza. Tr. Antônio Trânsito. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1995, p. 27-28
tradução parcial
Espero que o que estive dizendo tenha tornado claro por que escolhi “A Filosofia e o espelho da natureza” como título. São as imagens mais que as proposições, as metáforas mais que as afirmações que determinam a maior parte de nossas convicções filosóficas. A imagem que mantém cativa a filosofia tradicional é a da mente como um grande espelho, contendo variadas (...)
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LE COSMOS DE BAUDELAIRE
10 de outubro de 2007, por Cardoso de Castro
Extrait de « Les Cahiers d’Hermès I. » Dir. Rolland de Renéville. La Colombe, 1947.
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Agamben (HS:9-10) – bios e zoe
2 de dezembro de 2021, por Cardoso de Castro
AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer. O poder soberano e a vida nua. Tr. Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007, p. 9-10.
Os gregos não possuíam um termo único para exprimir o que nós queremos dizer com a palavra vida. Serviam-se de dois termos, semântica e morfologicamente distintos, ainda que reportáveis a um étimo comum: zoe, que exprimia o simples fato de viver comum a todos os seres vivos (animais, homens ou deuses) e bios, que indicava a forma ou maneira de viver própria de um (...)
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Plotino - Tratado 27,16 (IV, 3, 16) — Os diferentes níveis de descida da alma (2)
20 de abril, por Cardoso de Castro
Cap 12-19: As almas humanas Cap 12: Sua descida não é total mas cíclica Cap 13: Sua descida obedece a uma lei Cap 14: As almas são o ornamento do mundo Cap 15 a 17: Os diferentes níveis de descida Cap 18: O uso do raciocínio Cap 19: Um comentário do Timeu 35a-b
Míguez
16. Los castigos que, en orden a la justicia, acontecen a los malos, conviene referirlos a esta ordenación, que es la verdaderamente debida. Pero, ¿y en cuanto a los males que, en forma de castigos, de escasez de recursos o de (...)
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ENNÉADES: II, 2 [14] - estraits sur l’âme
14 de novembro de 2008, por Cardoso de Castro
Plotin, ENNÉADES. Trad E. Bréhier.
Pourquoi le ciel se meut-il d’un mouvement circulaire ? - Parce qu’il imite l’intelligence. - À quel sujet appartient ce mouvement ? Est-ce à l’âme du ciel ou à son corps ? - Et pourquoi ? Est-ce parce que l’âme est en elle-même, et parce qu’elle fait toujours effort pour aller vers elle-même ? Est-ce parce qu’elle est en elle-même, sans y être continuellement ? D’ailleurs, est-ce en se mouvant d’un mouvement local qu’elle meut le corps avec elle ? S’il en était ainsi, il (...)
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Platão - Fédon (78b-84b) – Os objetos dos sentidos e os objetos do pensamento
19 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro
Platão. Obras. Tr. Carlos Alberto Nunes. (ebook)
Platon. Oeuvres. Tr. Émile Chambry
Platon. Oeuvres. Tr. Victor Cousin
Platon. Complete Works. Tr. Benjamin Jowett
Nunes
Agora o de que precisamos, falou Sócrates, é perguntar a nós mesmo mais ou menos o seguinte: Com que coisas é natural semelhante processo de dispersão, com quais devemos ter medo de que isso aconteça, e com quais não devemos? De seguida, teremos de examinar a qual das classes pertence a alma, para daí concluirmos se precisamos (...)
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Ortega y Gasset (MT:C3) – III O ESFORÇO PARA POUPAR ESFORÇO É ESFORÇO...
4 de novembro de 2021, por Cardoso de Castro
ORTEGA Y GASSET, José. Meditação da Técnica. Tradução e Prólogo de Luís Washington Vita.
III EL ESFUERZO PARA AHORRAR ESFUERZO ES ESFUERZO. —EL PROBLEMA DEL ESFUERZO AHORRADO. —LA VIDA INVENTADA
português
Meu livro A rebelião das massas está inspirado, entre outras coisas, pela espantosa suspeita que sinceramente sentia então — ali por 1927 e 1928; notem-no os senhores, as datas da prosperity — de que a magnífica, a fabulosa técnica atual corria perigo e perfeitamente podia ocorrer que se nos (...)