Tomaz Tadeu
Escólio. Vemos, assim, como a natureza dos homens está, em geral, disposta de tal maneira que eles têm comiseração pelos que vão mal; e inveja pelos que vão bem, com um ódio que será tanto maior (pela prop. prec.) quanto mais amarem a coisa que imaginam ser objeto de desfrute de um outro. Vemos, além disso, que da mesma propriedade da natureza humana, da qual se segue que os homens são misericordiosos, segue-se também que eles são invejosos e ambiciosos. Se quisermos, enfim, (...)
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Spinoza / Espinoza / Espinosa
Matérias
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Espinosa (III, 32, Schol.): imagens enquanto afecções
15 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro -
Ponczek: livre arbítrio
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroAo contrário de Schopenhauer, que faz da vontade o pilar numênico de seu sistema filosófico, vendo-a como a coisa-em-si, Spinoza a considera tão-somente como uma ideia persistente que “ocupa o espaço mental”. Assim como dois corpos não podem ocupar a mesma extensão do espaço, as ideias, obedecendo à mesma ordem e conexão das coisas materiais, também se excluem momentaneamente podendo, a que prevalecer, associar-se à ação, devido a sua persistência.
Spinoza tampouco considera a vontade (...) -
Chauí (NR) – DECIFRAR UM HIEROGLIFO?
11 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroComo alcançar o sentido de textos escritos numa língua de que se perderam palavras, expressões idiomáticas e ornatos, em que o sentido de inúmeros vocábulos tornou-se incompreensível e da qual "não dispomos de dicionário, gramática nem retórica"? Com que forças venceremos "o tempo voraz que tudo abole da memória dos homens"? Com essas indagações, que pareceriam indicar um passado inacessível e sob as quais se adivinham os versos de Ovídio, Espinosa abre uma via de acesso ao pensamento de (...)
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Espinosa (E1-Ap): o delírio de propósito
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroDe fato, todos os preconceitos que aqui me incumbo de denunciar dependem de um único, a saber, os homens comumente supõem que as coisas naturais agem, como eles próprios, em vista de um fim; mais ainda, dão por assentado que o próprio Deus dirige todas as coisas para algum fim certo: dizem, com efeito, que Deus fez tudo em vista do homem, e o homem, por sua vez, para que o cultuasse. Esse único preconceito, portanto, considerarei antes de tudo, buscando primeiro a causa por que a maioria (...)
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Lewinter: Isso e eu
15 de setembro de 2021, por Cardoso de Castronossa tradução
I. Por causa de si entendo aquilo cuja essência envolve existência, ou seja, aquilo cuja natureza não pode ser concebida senão existente.
III. Por substância entendo aquilo que é em si e é concebido por si, isto é, aquilo cujo conceito não precisa do conceito de outra coisa a partir do qual deva ser formado.
IV. Por atributo entendo aquilo que o intelecto percebe da substância como constituindo a essência dela.
V. Por modo entendo afecções da substância, ou seja, (...) -
Espinosa (E 4 P37 Esc2) – agir e fazer por natureza e por lei
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroCada um existe por sumo direito de natureza e, consequentemente, por sumo direito de natureza faz [age] aquilo que segue da necessidade de sua natureza; e por isso por sumo direito de natureza cada um julga o que é bom, o que é mau, e cuida do que lhe tem utilidade conforme seu engenho (ver Prop. 19 e 10 desta parte), vinga-se (ver Corol. 2 da Prop. 40 da parte 3) e esforça-se para conservar o que ama e destruir o que odeia (ver Prop. 28 da parte 3) este seu direito sem nenhum dano para (...)
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Espinosa (E 1, 32): vontade
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTomaz Tadeu
Proposição 32. A vontade não pode ser chamada causa livre, mas unicamente necessária.
Demonstração. A vontade, tal como o intelecto, é apenas um modo definido do pensar. Por isso (pela prop. 28), nenhuma volição pode existir nem ser determinada a operar a não ser por outra causa e, essa, por sua vez, por outra, e assim por diante, até o infinito. Caso se suponha que a vontade é infinita, ela também deve ser determinada a existir e a operar por Deus, não enquanto substância (...) -
Espinosa (Ética) – Corpo, Mente, Natureza, Perenidade, Afetos, Paixões, Razão, Virtude, Ser, Imortalidade, Felicidade
11 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroO CORPO DO HOMEM
O corpo humano compõe-se de muitos indivíduos (de diversa natureza), cada um dos quais é muito complexo.
Entre os indivíduos de que se compõe o corpo humano, alguns são fluidos, outros macios, outros por último são duros.
Os indivíduos componentes do corpo humano, e por conseguinte o corpo humano mesmo, é afetado de muitos modos pelos corpos externos.
O corpo humano necessita para conservar-se de outros muitos corpos, pelos quais se regenera, por assim dizer, (...) -
Steven Nadler: Espinoza sobre o bem e o mal
6 de janeiro de 2020, por Cardoso de Castronossa tradução
Uma das afirmações mais comuns feitas sobre a filosofia de Espinoza é que ele é um subjetivista, talvez até um emotivista, sobre valores morais e outros. Nesta leitura, as coisas no mundo não são mais boas ou más realmente - isto é, boas ou más independentemente de como são vistas pelas mentes humanas - do que são realmente dolorosas, gostosas, bonitas ou coloridas. Para Espinoza, esta estória assim se passa, a denominação das coisas como "bom" ou "ruim" (ou "certo" ou (...) -
Deleuze (Espinosa) – affectio e affectus
9 de fevereiro de 2022, por Cardoso de CastroHoje faremos uma pausa em nosso trabalho sobre a variação contínua, e voltaremos provisoriamente, por uma sessão, à História da Filosofia, sobre um ponto muito preciso. É como um corte, pedido por alguns de vocês. Esse ponto muito preciso concerne a isto: o que é uma Ideia e o que é um Afeto em Spinoza? Ideia e Afeto em Spinoza. No decorrer de março, a pedido de alguns de vocês, também faremos um corte sobre o problema da síntese, e o problema do tempo em Kant.
Experimento um curioso (...) -
Espinosa (E II, P35, Escólio): julgar-se livre
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroGrupo de Estudos Espinosanos
[...] os homens equivocam-se ao se reputarem livres, opinião que consiste apenas em serem cônscios de suas ações e ignorantes das causas pelas quais são determinados. Logo, sua ideia de liberdade é esta: não conhecem nenhuma causa de suas ações. Com efeito, isso que dizem, que as ações humanas dependem da vontade, são palavras das quais não têm nenhuma ideia. Pois todos ignoram o que seja a vontade e como move o Corpo; e aqueles que se jactam do contrário e (...) -
Espinosa (Cartas:58) – livre-arbítrio
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroMas desçamos às coisas criadas, que são todas determinadas a existir por causas exteriores e a agir de um modo determinado. Para tornar isso claro e inteligível, concebamos uma coisa muito simples: uma pedra, por exemplo, recebe de uma causa exterior, que a empurra, uma certa quantidade de movimento e, tendo cessado o impulso da causa exterior, ela continuará a mover necessariamente. Essa persistência da pedra no movimento é uma coação, não porque seja necessária, mas porque se define pelo (...)
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Espinosa (PM:29-30) – vida
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroO que os filósofos entendem comumente por vida.
Para bem compreender esse atributo de Deus, qual seja, a vida, é necessário que expliquemos de uma maneira geral o que se chama vida. Em primeiro lugar, examinaremos a opinião dos peripatéticos. Estes entendem por vida a “persistência da alma nutritiva com o calor” (ver Aristóteles, Tratado da Respiração, Livro I, capítulo 8). E como forjaram três almas, a vegetativa, a sensitiva e a pensante, que atribuem apenas respectivamente às plantas, (...) -
Espinosa (TTP:cap. XVII) – a decisão é sempre própria
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroPor muito que a doutrina do capítulo anterior sobre o direito dos soberanos a tudo e sobre o direito natural de cada um, que para eles é transferido, seja compatível com a prática, e por muito que esta possa estar regulamentada de maneira a aproximar-se cada vez mais de uma tal doutrina, é, todavia, impossível que em muitos aspectos ela não se fique pela mera teoria. Ninguém, com efeito, pode alguma vez transferir para outrem a sua potência e, consequentemente, o seu direito, a ponto de (...)
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Chaui (NR2) – constituição da norma
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroSeparando autor e obra, menosprezando o juízo do autor, perdendo a singularidade da ação produtora e de seu efeito singular, a imaginação realiza três operações que Espinosa analisa no Compêndio de gramática hebraica ao mostrar como se dá a passagem de um verbo ou significado de ação à cristalização imóvel de um adjetivo que, a seguir, será substantivado. No caso presente, a imaginação começa por perder o significado verbal de perfectus/ imperfectus como particípios passados de perficere, (...)
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Chaui (E:14-15) – imanência
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroNa Ética [de Espinosa] é afirmada a imanência da substância absolutamente infinita aos seus efeitos como a nervura que sustenta todas as coisas singulares e faz com que se comuniquem, articulando-se umas às outras. A substância se autoproduz na autoprodução de seus infinitos atributos infinitos (ou infinitas ordens infinitas de realidade que agem em uníssono) e na produção imanente de todos os seus modos determinados, cada um deles exprimindo de maneira certa e determinada a essência e a (...)
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Espinoza (PFCPM:75) – fantasia corpórea
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroPortuguês
II. Pelo nome de ideia entendo aquela forma de qualquer pensamento por cuja percepção imediata sou cônscio desse mesmo pensamento.
De tal maneira que eu nada possa exprimir com palavras, entendendo o que digo, sem que por isso mesmo seja certo estar em mim a ideia do que é significado com aquelas palavras. E assim, não chamo de ideias as meras imagens pintadas na fantasia; ou melhor, de modo algum as chamo aqui de ideias enquanto estão na fantasia corpórea, isto é, pintadas (...) -
Espinosa (E III Pref): afetos
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroGrupo de Estudos Espinosanos
Quase todos que escreveram sobre os Afetos e a maneira de viver dos homens parecem tratar não de coisas naturais, que seguem leis comuns da natureza, mas de coisas que estão fora da natureza. Parecem, antes, conceber o homem na natureza qual um império num império. Pois creem que o homem mais perturba do que segue a ordem da natureza, que possui potência absoluta sobre suas ações, e que não é determinado por nenhum outro que ele próprio. Ademais, atribuem a (...) -
Espinosa (E III, Def.): afetos - affectiones
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTomaz Tadeu
3. Por afeto compreendo as afecções do corpo, pelas quais sua potência de agir é aumentada ou diminuída, estimulada ou refreada, e, ao mesmo tempo, as ideias dessas afecções.
Explicação. Assim, quando podemos ser a causa adequada de alguma dessas afecções, por afeto compreendo, então, uma ação; em caso contrário, uma paixão.
Francisco Larroyo
III. Entiendo por afecciones las afecciones del cuerpo por medio de las cuales se acrecienta o disminuye, es secundada o (...) -
Espinosa (E IV Apêndice 32): aceitação
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTomaz Tadeu
Mas a potência humana é bastante limitada e infinitamente superada pela potência das causas externas; e por isso não temos um poder absoluto de adaptar para nosso uso as coisas que estão fora de nós. No entanto, suportaremos com igual ânimo as coisas que nos ocorrerem contra o que postula a regra da nossa utilidade se estivermos cônscios de que cumprimos nossa função, de que a potência que temos não pôde estender-se até o ponto de podermos evitá-las, e de que somos parte da (...)