Jair Barboza
Carência de entendimento se chama ESTUPIDEZ. Carência no uso da RAZÃO em termos práticos reconheceremos mais tarde como PARVOÍCE. Já a carência da FACULDADE DE JUÍZO se chama SIMPLORIEDADE. Por fim, carência parcial ou completa de MEMÓRIA se chama LOUCURA. Porém, consideraremos cada um desses temas em seu devido lugar. Aquilo conhecido corretamente pela RAZÃO é a VERDADE, vale dizer, um juízo abstrato com fundamento suficiente (cf. o ensaio sobre o princípio de razão, § 29 (…)
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Schopenhauer / Arthur Schopenhauer
Matérias
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Schopenhauer (MVR1:68) – Estupidez, parvoíce, simploriedade e loucura
18 de abril de 2021, por Cardoso de Castro -
Schopenhauer (MVR1:400-401) – a morte sempre evitada
26 de abril de 2021, por Cardoso de CastroJair Barboza
Em todo grau que o conhecimento brilha, a Vontade aparece como indivíduo. No espaço e no tempo infinitos o indivíduo humano encontra a si mesmo como finito, em consequência, como uma grandeza desvanecendo [400] se comparada àquelas, nelas imergido e, devido à imensidão sem limites delas, tendo sempre apenas um QUANDO e um ONDE relativos de sua existência, não absolutos. Pois o lugar e duração do indivíduo são partes finitas de um infinito, de um ilimitado. — [I 367] Sua (…) -
Schopenhauer (MVR2:755-756) – não existimos para sermos felizes
7 de junho de 2021, por Cardoso de CastroHá apenas UM erro inato, o de que existimos para sermos felizes. Ele é inato em nós, porque coincide com a nossa existência mesma, e todo o nosso ser é justamente apenas a sua paráfrase, sim, o nosso corpo é o seu monograma: nada somos senão justamente Vontade de vida; a satisfação sucessiva de todo o nosso querer é, no entanto, aquilo que se pensa pelo conceito de felicidade.
[II 727] Pelo tempo em que permanecemos nesse erro inato, no qual ainda somos fortalecidos por dogmas otimistas, o (…) -
Schopenhauer (MVR1:28-29) – filosofia à mercê do mundo
24 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroPois, unir a coisa com a aparência da coisa é difícil, quando não impossível. Mas justamente esse é o curso deste mundo de carências e necessidades, ou seja, que tudo tem de lhes servir e estar submetido. Por isso, precisamente, o mundo não é constituído de tal modo que, nele, um empenho nobre e sublime, como aquele em favor da luz e da verdade, siga o seu caminho próprio, sem obstáculos, e exista por si. Mas, mesmo quando semelhante empenho se pôde fazer valer e, por aí, o seu conceito foi (…)
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Schopenhauer (DPFE:39-41) – livre arbítrio
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroEste conceito [liberum arbitrium] se vincula, por um lado, ao da liberdade física, o que torna compreensível o seu surgimento, necessariamente muito posterior. A liberdade física refere-se, como já foi dito, somente a impedimentos materiais, em cuja ausência se dá aquela imediatamente. Mas, em alguns casos, se observou que um homem, sem estar obstaculizado por impedimentos materiais, era impedido por meros motivos, tais como ameaças, promessas, perigos e outros ao estilo, a atuar do modo em (…)
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Schopenhauer (MVR2:69-73) – animal e humano
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroOs animais têm entendimento, sem terem faculdade de razão, portanto, têm conhecimento INTUITIVO, mas não abstrato: apreendem corretamente, também captam imediatamente o nexo causal, e os animais superiores o captam inclusive através dos vários elos da cadeia causal; contudo, propriamente dizendo, não PENSAM. Pois lhes faltam os CONCEITOS, isto é, as representações abstratas. A consequência mais direta disto é a falta de uma verdadeira memória, de que carecem até mesmo os mais inteligentes (…)
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Schopenhauer (MVR2:519-520) – tragédia
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroNosso prazer na tragédia não pertence ao sentimento do belo, mas ao do sublime; sim, é o grau mais elevado desse sentimento. Pois assim como pela visão do sublime na natureza desviamo-nos do interesse da vontade para nos comportarmos de maneira puramente contemplativa, assim também na catástrofe trágica desviamo-nos da Vontade de vida mesma. De fato, na tragédia, o lado terrível da vida nos é apresentado, a miséria da humanidade, o império do acaso e do erro, a queda do justo, o triunfo do (…)
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Schopenhauer (SQRPRS:§16) – objeto = representação
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroNossa consciência cognoscente, surgindo como sensibilidade externa e interna (receptividade), entendimento e razão, divide-se em sujeito e objeto, e não contém nada além disso. Ser objeto para o sujeito e ser nossa representação são a mesma coisa. Todas as nossas representações são objetos do sujeito, e todos os objetos do sujeito são nossas representações. Ocorre, então, porém, que nossas representações se encontram numa ligação regular e a priori determinável segundo sua forma, graças à (…)
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Safranski (SB:379-380) – a vontade em Schopenhauer
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroA “filosofia da reflexão”, que desenvolvia a totalidade da vida humana e da natureza a partir das estruturas identificadas no espírito, iniciada por Fichte e chegando até Hegel com intensidade crescente, havia atribuído ao processo histórico a tarefa de levar o espírito a descobrir-se a si mesmo. A história humana foi interpretada como a realização da verdade: o caminho do espírito, seu avanço ininterrupto, que se distancia através do encadeamento contínuo das imagens e configurações de suas (…)
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Schopenhauer (MVR1:201-202) – motivos
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroOs motivos não determinam o caráter do homem, mas tão-somente o fenômeno desse caráter, logo as ações e atitudes, a feição exterior de seu decurso de vida, não sua significação íntima e conteúdo: estes últimos procedem do caráter, que é fenômeno imediato da Vontade, portanto sem-fundamento. Que um seja mau e outro bom, isso não depende de motivos e influências exteriores, como doutrinas e sermões; nesse sentido, o caráter é algo absolutamente inexplicável. Porém, se um malvado mostra sua (…)
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Schopenhauer (ES) – responsabilidade
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castrotradução do inglês
Pois há outro fato de consciência que até agora deixei completamente de lado para não interferir no processo de minha investigação. Esse é o sentimento totalmente claro e certo da responsabilidade pelo que fazemos, da prestação de contas por nossas ações, que repousa na certeza inabalável de que nós mesmos somos os atores de nossos atos [os fazedores de nossos fatos]. Em virtude desta consciência, nunca entrará na cabeça mesmo daquele que está totalmente convencido da (…) -
Schopenhauer (MVR2:244-245) – consciência de si
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroNão apenas a consciência [Bewußtseyn] das outras coisas, isto é, a percepção [Wahrnehmung] do mundo exterior, mas também a CONSCIÊNCIA DE SI [Selbstbewußtseyn] contém, como antes abordado, uma parte que conhece e uma que é conhecida; do contrário, não seria CONSCIÊNCIA. Pois CONSCIÊNCIA consiste no conhecer [Erkennen]: mas a isto pertence uma parte que conhece e uma que é conhecida; eis por que a consciência de si também não poderia existir se nela não se contrapusesse ao que conhece um (…)
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Schopenhauer (SQRPRS:§§41-42) – Sujeito do conhecer e objeto; Sujeito do querer
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTodo conhecimento pressupõe, de maneira incontornável, sujeito e objeto. Por essa razão, também a autoconsciência não é, sem mais, simples, mas desmembra-se, assim como a consciência de outras coisas (isto é, a faculdade de intuição), num conhecido e num cognoscente. Aqui o conhecido aparece total e exclusivamente como vontade.
De acordo com isso, o sujeito conhece a si mesmo apenas como querente, não, porém, como cognoscente. Pois o eu que representa, o sujeito do conhecer, jamais pode (…) -
Schopenhauer (MVR1:530-531) – coisa-em-si - vontade - moral
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro[...] o mundo objetivo, como o conhecemos, não pertence à essência das coisas em si mesmas, mas é seu mero FENÔMENO, condicionado [530] exatamente por aquelas mesmas formas que se encontram a priori no intelecto humano (isto é, o cérebro), portanto nada contém senão fenômenos. Kant, decerto, não chegou ao conhecimento de que o fenômeno é o mundo como representação e a coisa-em-si é a Vontade. Todavia mostrou que o mundo fenomênico é condicionado tanto pelo sujeito quanto pelo objeto e, (…)