A vida do indivíduo, quando vista no seu todo e em geral, quando apenas seus traços mais significativos são enfatizados, é realmente uma tragédia; porém, percorrida em detalhes, possui o caráter de comédia, pois as labutas e vicissitudes do dia, os incômodos incessantes dos momentos, os desejos e temores da semana, os acidentes de cada hora, sempre produzidos por diatribes do acaso brincalhão, são puras cenas de comédia. Mas os desejos nunca satisfeitos, os esforços malogrados, as esperanças (…)
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Schopenhauer / Arthur Schopenhauer
Matérias
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Schopenhauer (2005:414-415) – vida - tragédia e comédia
3 de janeiro de 2020, por Cardoso de Castro -
Schopenhauer (MVR1:81-82) – ilusão e erro
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroComo da luz imediata do sol à luz emprestada e refletida da lua, passaremos agora da representação intuitiva, imediata, auto-suficiente e que se garante a si mesma, à reflexão, isto é, aos conceitos abstratos e discursivos da razão, que têm seu conteúdo apenas a partir e em referência ao conhecimento intuitivo. Durante o tempo em que nos mantemos intuindo de modo puro, tudo é claro, firme, certo. Inexistem perguntas, dúvidas, erros. Não se quer ir além, não se pode ir além; sentimos calma no (…)
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Schopenhauer (MVR1:216-217) – ações calculadas
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroPor fim, lá onde a Vontade atingiu o grau mais elevado de sua objetivação e não é mais suficiente o conhecimento do entendimento, do qual o animal é capaz e cujos dados são fornecidos pelos sentidos, dos quais surgem simples intuições ligadas ao presente, um ser complicado, multifacetado, plástico, altamente necessitado e indefeso como é o homem teve de ser iluminado por um duplo conhecimento para poder subsistir. Com isso, coube-lhe, por assim dizer, uma potência mais elevada do (…)
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Schopenhauer: Magnétisme animal et Magie.
6 de abril de 2008, por Cardoso de CastroMagnétisme animal et Magie.
Un chapitre de l’œuvre intitulée : « De la Volonté dans la Nature »
Ou comment les sciences exactes sont venues confirmer la philosophie de l’auteur depuis le moment de son apparition.
Lorsque, en 1818, parut mon grand ouvrage, il n’y avait pas longtemps que le magnétisme animal avait conquis pour la première fois son droit à l’existence. Mais pour ce qui est de l’explication à en donner, — pour le côté passif, en ce qui concerne le rôle du patient, — un (…) -
Schopenhauer (MVR1:108) – conduta conforme o sentimento, não segundo conceitos
26 de fevereiro de 2022, por Cardoso de CastroPor fim, também a virtude e a santidade não se originam da reflexão, mas da profundeza íntima da vontade e de sua relação com o conhecimento. A explicitação disso pertence a outro lugar completamente diferente deste escrito. Aqui, porém, permito-me observar que os dogmas que se relacionam com o ético podem até ser os mesmos na faculdade de razão de nações inteiras, porém a conduta de cada indivíduo pode ser outra, e vice-versa. A conduta transcorre, como se diz, conforme o SENTIMENTO, isto (…)
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Schopenhauer (MVR1:356-357) – flosofia não é contar histórias
15 de abril de 2021, por Cardoso de CastroJair Barboza
Enfim, tanto agora quanto nos livros precedentes não contamos histórias, fazendo-as valer por filosofia, pois somos da opinião de que está infinitamente distante do conhecimento filosófico do mundo quem imagina poder conceber a essência dele HISTORICAMENTE, por mais que faça uso de disfarces. Este é o caso, entretanto, assim que, numa visão do ser em si do mundo, encontre-se algum tipo de VIR-A-SER, ou tendo-vindo-a-ser , ou vir-vir-a-ser , algo parecido a um antes e um depois (…) -
Schopenhauer (2005:413-414) – o relógio da vida humana
14 de janeiro de 2020, por Cardoso de CastroTudo o que essa consideração pretendia deixar claro, a saber, a impossibilidade de alcançamento da satisfação duradoura, bem como a negatividade de qualquer estado feliz, encontra sua explanação no que foi mostrado na conclusão do livro segundo, ou seja, que a Vontade, cuja objetivação é tanto a vida humana quanto qualquer outro fenômeno, é um esforço sem alvo e interminável. Essa marca da ausência de fim está impressa em cada parte de todos os fenômenos da Vontade, desde a sua forma mais (…)
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Schopenhauer (MVR:268-269) – olho cósmico
20 de fevereiro de 2020, por Cardoso de CastroA natureza, ao apresentar-se de um só golpe ao nosso olhar, quase sempre consegue nos arrancar, embora apenas por instantes, à subjetividade, à escravidão do querer, colocando-nos no estado de puro conhecimento. Com isso, quem é atormentado por paixões, ou necessidades e preocupações, torna-se, mediante um único e livre olhar na natureza, subitamente aliviado, sereno, reconfortado. I 233 // A tempestade das paixões, o ímpeto dos desejos ) e todos os tormentos do querer são, de imediato, de (…)
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Schopenhauer (ACSM): desprezo ao humano
26 de junho de 2020, por Cardoso de Castro“It’s safer trusting fear than faith” [é mais seguro temer os homens do que confiar neles]. Sempre ter em mente que não me encontro em minha pátria, nem entre seres iguais a mim mas, por conta de um destino especialmente duro, aliviado apenas pelo conhecimento, tenho de viver entre pessoas que me são mais estranhas do que os chineses são aos europeus ou, entre os pássaros, os bípedes, os “hombres que no lo son” [homens que não o são]. O conhecimento da sentença de Plauto, “homo homini lupus” (…)
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Schopenhauer (MVR2:85-86) – conceitos e intuição
17 de abril de 2021, por Cardoso de CastroLivros comunicam só representações secundárias. Simples conceitos de uma coisa, sem intuição, fornecem um mero conhecimento em geral dela. Uma compreensão absolutamente profunda das coisas e das suas relações só a obtemos na medida em que somos capazes de torná-las representáveis para nós mesmos em intuições puramente distintas, sem a ajuda das palavras. Esclarecer palavras com palavras, comparar conceitos com conceitos, algo em que consiste a maior parte do filosofar, é no fundo uma (…)
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Schopenhauer (MVR1:68) – Estupidez, parvoíce, simploriedade e loucura
18 de abril de 2021, por Cardoso de CastroJair Barboza
Carência de entendimento se chama ESTUPIDEZ. Carência no uso da RAZÃO em termos práticos reconheceremos mais tarde como PARVOÍCE. Já a carência da FACULDADE DE JUÍZO se chama SIMPLORIEDADE. Por fim, carência parcial ou completa de MEMÓRIA se chama LOUCURA. Porém, consideraremos cada um desses temas em seu devido lugar. Aquilo conhecido corretamente pela RAZÃO é a VERDADE, vale dizer, um juízo abstrato com fundamento suficiente (cf. o ensaio sobre o princípio de razão, § 29 (…) -
Schopenhauer (MVR1:400-401) – a morte sempre evitada
26 de abril de 2021, por Cardoso de CastroJair Barboza
Em todo grau que o conhecimento brilha, a Vontade aparece como indivíduo. No espaço e no tempo infinitos o indivíduo humano encontra a si mesmo como finito, em consequência, como uma grandeza desvanecendo [400] se comparada àquelas, nelas imergido e, devido à imensidão sem limites delas, tendo sempre apenas um QUANDO e um ONDE relativos de sua existência, não absolutos. Pois o lugar e duração do indivíduo são partes finitas de um infinito, de um ilimitado. — [I 367] Sua (…) -
Schopenhauer (MVR2:755-756) – não existimos para sermos felizes
7 de junho de 2021, por Cardoso de CastroHá apenas UM erro inato, o de que existimos para sermos felizes. Ele é inato em nós, porque coincide com a nossa existência mesma, e todo o nosso ser é justamente apenas a sua paráfrase, sim, o nosso corpo é o seu monograma: nada somos senão justamente Vontade de vida; a satisfação sucessiva de todo o nosso querer é, no entanto, aquilo que se pensa pelo conceito de felicidade.
[II 727] Pelo tempo em que permanecemos nesse erro inato, no qual ainda somos fortalecidos por dogmas otimistas, o (…) -
Schopenhauer (MVR1:28-29) – filosofia à mercê do mundo
24 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroPois, unir a coisa com a aparência da coisa é difícil, quando não impossível. Mas justamente esse é o curso deste mundo de carências e necessidades, ou seja, que tudo tem de lhes servir e estar submetido. Por isso, precisamente, o mundo não é constituído de tal modo que, nele, um empenho nobre e sublime, como aquele em favor da luz e da verdade, siga o seu caminho próprio, sem obstáculos, e exista por si. Mas, mesmo quando semelhante empenho se pôde fazer valer e, por aí, o seu conceito foi (…)
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Schopenhauer (DPFE:39-41) – livre arbítrio
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroEste conceito [liberum arbitrium] se vincula, por um lado, ao da liberdade física, o que torna compreensível o seu surgimento, necessariamente muito posterior. A liberdade física refere-se, como já foi dito, somente a impedimentos materiais, em cuja ausência se dá aquela imediatamente. Mas, em alguns casos, se observou que um homem, sem estar obstaculizado por impedimentos materiais, era impedido por meros motivos, tais como ameaças, promessas, perigos e outros ao estilo, a atuar do modo em (…)
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Schopenhauer (MVR2:69-73) – animal e humano
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroOs animais têm entendimento, sem terem faculdade de razão, portanto, têm conhecimento INTUITIVO, mas não abstrato: apreendem corretamente, também captam imediatamente o nexo causal, e os animais superiores o captam inclusive através dos vários elos da cadeia causal; contudo, propriamente dizendo, não PENSAM. Pois lhes faltam os CONCEITOS, isto é, as representações abstratas. A consequência mais direta disto é a falta de uma verdadeira memória, de que carecem até mesmo os mais inteligentes (…)
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Schopenhauer (MVR2:519-520) – tragédia
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroNosso prazer na tragédia não pertence ao sentimento do belo, mas ao do sublime; sim, é o grau mais elevado desse sentimento. Pois assim como pela visão do sublime na natureza desviamo-nos do interesse da vontade para nos comportarmos de maneira puramente contemplativa, assim também na catástrofe trágica desviamo-nos da Vontade de vida mesma. De fato, na tragédia, o lado terrível da vida nos é apresentado, a miséria da humanidade, o império do acaso e do erro, a queda do justo, o triunfo do (…)
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Schopenhauer (SQRPRS:§16) – objeto = representação
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroNossa consciência cognoscente, surgindo como sensibilidade externa e interna (receptividade), entendimento e razão, divide-se em sujeito e objeto, e não contém nada além disso. Ser objeto para o sujeito e ser nossa representação são a mesma coisa. Todas as nossas representações são objetos do sujeito, e todos os objetos do sujeito são nossas representações. Ocorre, então, porém, que nossas representações se encontram numa ligação regular e a priori determinável segundo sua forma, graças à (…)
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Safranski (SB:379-380) – a vontade em Schopenhauer
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroA “filosofia da reflexão”, que desenvolvia a totalidade da vida humana e da natureza a partir das estruturas identificadas no espírito, iniciada por Fichte e chegando até Hegel com intensidade crescente, havia atribuído ao processo histórico a tarefa de levar o espírito a descobrir-se a si mesmo. A história humana foi interpretada como a realização da verdade: o caminho do espírito, seu avanço ininterrupto, que se distancia através do encadeamento contínuo das imagens e configurações de suas (…)
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Schopenhauer (MVR1:201-202) – motivos
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroOs motivos não determinam o caráter do homem, mas tão-somente o fenômeno desse caráter, logo as ações e atitudes, a feição exterior de seu decurso de vida, não sua significação íntima e conteúdo: estes últimos procedem do caráter, que é fenômeno imediato da Vontade, portanto sem-fundamento. Que um seja mau e outro bom, isso não depende de motivos e influências exteriores, como doutrinas e sermões; nesse sentido, o caráter é algo absolutamente inexplicável. Porém, se um malvado mostra sua (…)