WATTS, Alan. Does it matter? : essays on man’s relation to materiality. New York: Vintage Books, 1971
Carvalho
Jamais tive, na vida espiritual, mestre oficial (guru ou roshio) — apenas um modelo, do qual jamais verdadeiramente segui o exemplo, posto que uma pessoa sensível não gosta que se a macaqueie. Este modelo foi Suzuki Daisetsu, pessoa ao mesmo tempo mais sutil e mais simples que jamais conheci. Eu estava à vontade na ambiência intelectual e espiritual que criava em torno de si, (...)
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Suzuki / Daisetz Suzuki
Daisetsu Teitaro Suzuki (1870-1966)
Um dos mais importantes acadêmicos japoneses que se dedicou ao estudo do Budismo . Foi um dos poucos a articular no início do século XX, o pensamento oriental com o pensamento ocidental. Neste sentido, seu estudo sobre Mestre Eckhart merece atenção, além de suas obras sobre zen budismo .
OBRA NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
SUZUKI, Daisetz. Mysticism Christian and Buddhist . London: George Allen & Unwin Ltd, 1957.
Matérias
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Watts (DM) – D. T. Suzuki, o intelectual "não-mental"
23 de agosto, por Cardoso de Castro -
Kuoan - As Dez Imagens do Búfalo
23 de agosto, por Cardoso de CastroAS DEZ IMAGENS DO BÚFALO (versão de Kuoan)
Versão inglesa de Daisetz Suzuki
Kuoan Shiyuan viveu no século XII. Pertenceu ao ramo Yangqi da escola Linji. Quase todas suas biografias o mencionam como autor dos poemas e desenhos do búfalo em dez quadros. O texto de seus poemas se conservam em duas obras do Xuzang jing, apresentando a segunda variantes nos títulos dos quadros.
I
O búfalo jamais se perdeu. Por que buscá-lo?
Tendo dado as costas ao Despertar, este se torna difuso, e (...) -
Kuoan - As Dez Imagens do Búfalo 10
23 de agosto, por Cardoso de CastroX
Entra na cidade, as mãos cobertas de bençãos
A porta de sua humilde choça está fechada e os mais sábios não o reconhecem. Oculta sua própria paisagem interior e não segue a Via dos antigos sábios. Vai ao mercado com uma cabaça. Apoiado em seu bastão, volta para casa, transforma aos gerentes e aos pescadores, os conduz à budeidade. O peito e os pés desnudos, entra no mercado. Coberto de barro e de cinzas, um grande sorriso o ilumina o rosto. Sem a ajuda das autênticas fórmulas (...) -
Suzuki (MCB) – Deus como ser e não-ser
26 de agosto de 2022, por Cardoso de CastroD. T. SUZUKI, D. T.. Mística: cristã e budista. Tr. David Jardim. Belo Horizonte: Itatiaia
David Jardim
Ser é Deus. .. Deus e ser são a mesma coisa — ou, do contrário, Deus seria feito de outro e assim não seria Deus ele próprio. . . Tudo que existe tem o fato de ser através de ser e procedendo de ser. Portanto, se o ser é algo diferente de Deus, as coisas derivam seu ser de algo diferente de Deus. Além disso, nada há anterior ao ser, porque aquele que confere o ser cria e é criador. (...) -
Suzuki (MCB) – Deus não está no tempo
26 de agosto de 2022, por Cardoso de CastroD. T. SUZUKI, D. T.. Mística: cristã e budista. Tr. David Jardim. Belo Horizonte: Itatiaia
David Jardim
Embora abstendo-nos de entrar em pormenores, podemos dizer pelo menos o seguinte: o cristianismo de Eckhart é sui generis e, em muitos pontos, nos faz hesitar em classificá-lo como pertencente ao tipo que, geralmente, associamos ao modernismo racionalizado ou tradicionalismo conservador. Baseia-se em suas próprias experiências que emergem de uma personalidade de profunda e rica (...) -
Suzuki (MCB) – Deus é minha “existencialidade”
26 de agosto de 2022, por Cardoso de CastroD. T. SUZUKI, D. T.. Mística: cristã e budista. Tr. David Jardim. Belo Horizonte: Itatiaia
David Jardim
Quando Deus fez o homem, colocou-lhe na alma sua obra prima, equilibrada, ativa, sempiterna. Foi uma obra tão grande que não poderia ser senão a alma e a alma não poderia ser senão a obra de Deus. A natureza de Deus, seu ser e a Divindade, todos dependem de sua obra na alma. Abençoado, abençoado seja Deus que faz sua obra na alma e que ama sua obra! Aquela obra é amor e amor é (...) -
Daumal (RS) – Un maître de liberté
13 de setembro de 2022, por Cardoso de CastroLes extraits qui suivent sont empruntés aux Essais sur le bouddhisme Zen volumes II et III, D. T. Suzuki, non encore publiés et que René Daumal est en train de traduire.
Par dessus les livres canoniques et les légendes, l’enseignement le plus secret du Bouddha se transmit de maître à élève, ininterrompu, non altéré par les controverses doctrinales. C’est de cet enseignement que se réclamait le maître Bodhidharma lorsqu’il vint en Chine au VIe siècle de notre ère. L’école qu’il fonda (...) -
Suzuki (DZNM:21-27) – Hui-neng e o vazio (sunyata)
23 de agosto, por Cardoso de CastroNão há árvore Bodhi, nem o cessar do brilho do espelho. Sendo tudo vazio, onde poderia assentar o pó?
O que distingue Hui-neng de maneira mais evidente e característica de todos os seus antecessores e contemporâneos é a sua doutrina de “hon-rai mu-ichi-motsu” (pen-lai wu-i-wu). Esta é uma das linhas em que ele se declara contra os versos de Shen-hsiu, a que já nos referimos. A gatha completa composta por Hui-neng é esta:
Não há árvore Bodhi, nem o cessar do brilho do espelho. Sendo (...) -
Suzuki (DZNM:57-65) – estado de não-mente
23 de agosto, por Cardoso de CastroNunca se deve considerar o despertar como um feito ou uma realização decorrente de tais esforços. Como não há realização alguma no despertar de Prajna no Inconsciente, esse despertar tampouco persiste. Este é o ponto defendido com maior ênfase em todos os Sutras do Prajnaparamita: nenhuma realização e, portanto, nenhum apego, nenhuma permanência, o que significa permanecer no Inconsciente ou permanecer no não-permanente.
Voltamos aqui à relação entre Prajna e Dhyana. Este é, de fato, um (...) -
Kuoan - As Dez Imagens do Búfalo 2
23 de agosto, por Cardoso de CastroII
Os traços são visíveis
Graças aos sutras, começa a entender, e pela leitura dos ensinamentos, descobre os traços. Da mesma maneira que todos os objetos estão feitos do mesmo ouro, assim as dez mil coisas são o Ser. Não distingue o correto do perverso, nem o verdadeiro do falso. Como não atravessou a porta todavia, dizemos que somente viu os traços. No bosque, à borda da água, os traços são numerosos. Nota as cheirosas ervas molhadas? No entanto, os montes distantes, as profundas (...) -
Kuoan - As Dez Imagens do Búfalo 3
23 de agosto, por Cardoso de CastroIII
O búfalo está visível
Escutando com atenção, penetra na Via e sobe à fonte. Os seis sentidos estão em harmonia e imóveis. O búfalo está presente, como o sal na água ou a substância na cor. Volta o olhar para suas sobrancelhas (concentra sua visão para o interior). Não se trata de nenhuma outra coisa. Pousado em um ramo, o rouxinol solta seu canto. Na margem de salgueiros verdes, a suavidade do sol e a brisa harmoniosa! O búfalo está ali, sem nenhum lugar para onde escapar. Que (...) -
Kuoan - As Dez Imagens do Búfalo 4
23 de agosto, por Cardoso de CastroIV
Pega o búfalo
Hoje voltou a encontrar o búfalo, tanto tempo oculto no campo. Lhe foi difícil pegá-lo, a ele, tão seduzido pelo mundo exterior. Pensa constantemente nos matagais odorosos e guarda todavia sua natureza selvagem, reativa e cheia de energia. Para treiná-lo por completo, há que multiplicar os laços. Com toda a energia de sua alma, se apoderou do búfalo, cujo vigor e vontade são difíceis de eliminar por completo. Às vezes vagabundeia nos platôs. Às vezes penetra nas (...) -
Kuoan - As Dez Imagens do Búfalo 5
23 de agosto, por Cardoso de CastroV
Adestramento do búfalo
Quando surge um pensamento, outro o segue. É a partir do Despertar que se cumpre o Verdadeiro. É a partir da perda que nasce a ilusão. Não procede da existência do mundo exterior, está engendrada por nosso próprio espírito, Colhe firmemente a corda que atravessa seu nariz, sem nenhuma contemplação. Corda e chicote estão sempre a seu lado. Por medo de que o búfalo se perca no mundo de pó. Assim adestrado, se torna totalmente dócil, sem travas, sem cabresto e (...) -
Kuoan - As Dez Imagens do Búfalo 6
23 de agosto, por Cardoso de CastroVI
Sem obstáculos
Término da luta. As noções de obtenção e de perda já não existem. Entoa uma canção o lenhador, e toca em sua flauta músicas campestres da infância. Desde o lombo do búfalo, contempla o empíreo. Não se distrai quando o chamam nem se demora no apego e nas tentações. Ao longo dos caminhos sinuosos regressa à casa, no lombo do búfalo. Os sons melodiosos de sua flauta acompanham os fulgores do poente. Marca o compasso e canta sem uma ideia precisa. Faz falta precisar (...) -
Kuoan - As Dez Imagens do Búfalo 7
23 de agosto, por Cardoso de CastroVII
O búfalo é esquecido, o homem fica só
As coisas são não-dualidade. O búfalo é só um símbolo para alcançar a meta. Há que distinguir a lebre da armadilha que serve para pegá-la ou o peixe da rede. É como o ouro nascido da escória ou a lua emergindo das nuvens. Um só raio de luz brilhante, um som majestoso e intemporal! No lombo do búfalo, já chegou a seu lugar rupestre. Desaparece o búfalo e o homem fica só e sereno, o sol sobre ao alto do céu, enquanto sonha. E de pronto, em (...) -
Kuoan - As Dez Imagens do Búfalo 8
23 de agosto, por Cardoso de CastroVIII
Homem e búfalo são esquecidos
Todas as paixões do homem comum foram eliminadas, e a ideia de santidade desapareceu. Não se decide a residir na budeidade, nem a fugir rapidamente do estado de não budeidade. Nem o bodhisattva dos mil olhos poderia discernir quem é. Se uma multidão de pássaros viesse a lhe oferecer flores, que absurdo! Tudo é Vacuidade (desapareceu): chicote, corda, homem e búfalo. É verdadeiramente difícil conceber a imensidade do azul. Os flocos de neve se (...) -
Suzuki (DZNM:65-67) – estado de não-mente (wu-hsin)
23 de agosto, por Cardoso de CastroA esta altura do diálogo entre Hui-chung e seu discípulo Lin-chiao, podemos ter uma ideia do significado de termos como wu-hsin, wu-nien, wu, kutig e wang, frequentemente encontrados na literatura zen e que constituem a ideia central, expressa de forma negativa, da filosofia zen. As expressões “no-mind-ness” [estado de não-mente] “no-thought-ness” [estado de não-pensamento] (ou de ausência de pensamento), “no-ness” [estado-de-não], “emptiness” [Vazio] e “forgetting” [esquecimento], tal (...)
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Kuoan - As Dez Imagens do Búfalo 9
23 de agosto, por Cardoso de CastroIX
Retorno à origem, à fonte
Desde o começo, tudo é puro, sem uma marca de pó. Contempla o crescimento e a decadência dos fenômenos, enquanto permanece no estado imutável do não-fazer [wu-wei]. Por que não se identifica com as transformações ilusórias, que têm em comum com a cultura ilusória e as regras pessoais? Sentado no meio dos montes anis e a água verdejante, contempla o início e o fim (das coisas). Retornar à origem, à fonte, era vão. Melhor é ser surdo e cego. Sentado em (...)