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Jésus-Christ / Jesus Cristo / Jesus Christ / Jesús Cristo / Jesus / Jesús / Cristo / Christ / Ungido / Ointed / meshiah / Messias / Iesous Christos / Ἰησοῦς Χριστός / Jesus o nazareno

  

Quanto a Jesus, enquanto um personagem histórico as investigações não cessam e não concluem. Quanto a Cristo, só faz sentido entender a figura do Messias ou Cristo, enquanto Ungido de Deus, no sentido do que em cada um desde sempre é dotado da unção divina, qual seja o próprio "ser/sendo", em seu sentido original grego "on" de verbo "ser" e substantivo "ente".

Coenen & Brown

Christus é a forma latina do grego Christos, que por sua vez é na Septuaginta   e no NT o equivalente grego do aramaico meshiah. Por sua parte esta palavra corresponde ao hebreu mashiah e designa a alguém que foi solenemente ungido para desempenhar um cargo. A forma helenizada de meshiah é messias, que, no caso de Iesous, se faz declinável agregando um sigma final. Além do mais o termo messias aparece no NT grego somente duas vezes e somente em Jo 1 e Jo 4; nas duas vezes, é traduzida por Christos pelo mesmo evangelista e se referem a Jesus de Nazaré. [...] O termo grego vem de chrien, estender suavemente (sobre algo), untar, verbo que quando se emprega fora do NT é necessário indicar mais concretamente a "matéria" com que se faz. [DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO]

García Bazán

Quando surgem nos evangelhos testemunhos sobre a pessoa de Jesus como figura pública, ele é identificado como Jesus de Nazaré. Jesus o Nazareno entendido indicativamente, como o profeta que provém geograficamente de Nazaré da Galileia, às vezes também chamado com o mesmo fim "Galileu  "; ou melhor, mais acertadamente, Jesus o Nazareno, porém não como nome estritamente toponímico, senão gentilício, ou seja, não adquirido do nome da localidade de Nazaré — um vilarejo sem maior fama naquele tempo —, senão por ser membro de um grupo davídico particularizado por seu pertencimento a um clã familiar de ascendência religiosa, chegado a ser com o tempo uma confraria (habura) especial de crentes. Nazarenos ou nazoraios se relaciona com Nazará, nome primitivo de Nazaré — em aramaico Nasrat —, lugar fundado por estes davidianos em relação com a profecia de Isaías (4,2; 11,1; 45,6-7), recolhida pelas diversas versões targúmicas, e assim o ratifica a passagem evangélica «E José foi viver em uma cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o oráculo dos profetas: "Será chamado Nazareno"». Por este motivo o advogado Tértulo, acusador de Paulo de Tarso   ante o procurador romano, o assinala como "chefe da confraria (hairesis) dos nazarenos (nazoraion)" (Atos 24,1), o que negará, porque sua direção missioneira visa outros fins. Para um testemunho hierosolimitano dos tempos fundacionais dizer "nazarenos" equivalia ao que mais tarde será dizer "cristãos" (khristianoi), denominação, no entanto, que começará a ter vigência posteriormente em Antioquia. Porque o nome de "nazarenos" se deve pensar que foi a autodenominação que os familiares crentes no messianismo de Jesus e seus discípulos imediatos seguiam adotando espontaneamente para si, embora este com sua conduta e condenações públicas a tivesse posto religiosa e politicamente em crise. Coerentemente, as posteriores gerações de judeo-cristãos conservaram o nome. Os seguidores de Tiago o Justo — cuja dimensão religiosa possui características próprias —, estritamente se conheciam a si mesmos enquanto membros da corrente religiosa renovada por Jesus, como nasraja (nazarenos) termo aramaico que levarão consigo diretamente à Síria os primeiros cristãos orientais de origem judeo-cristã. Um vocábulo individual e coletivo que passado ao grego como o estamos usando será "nazoraios-nazarenos" e passado ao hebraico, "nosri". Deste modo quando anos antes Pilatos ordenou pôr sobre a cruz de Jesus a inscrição: «Jesus Nazareno, o rei dos judeus» apresentava na tabuleta identificatória do réu, tanto o nome do condenado a ser executado como a culpa da condenação, assinalando como o escreve o médico Lucas   que Jesus o Cristo, o Messias, é por antonomásia o Nazareno, como são nazarenos os ascendentes da família davídica de José e os descendentes que dele provêm — a família por parte do pai de Jesus — e que posteriormente vão constituir religiosamente o grupo em crescimento dos nazarenos e cristãos. Deste modo mais tarde o confirmam igualmente a prova das sete facções vigentes em Jerusalém antes que começasse a controvérsia das heresias, entre as que se conta a dos nazarenos e ebionitas, segundo Hipólito   e Epifânio. Existiu razoavelmente — atendo-nos aos mesmos critérios de interpretação — um antigo Evangelho dos Hebreus ou Nazarenos que remonta a segunda metade do século I conhecido por Papias, Inácio de Antioquia, Hegesipo, Clemente de Alexandria  , Orígenes   e Jerônimo, e que segundo este último, «tinham em uso os nazarenos e ebionitas (... e que a maioria chama o autêntico de Mateus  )». [JESÚS EL NAZARENO Y LOS PRIMERO CRISTIANOS]

Antonio Orbe

El Cristo total es también el Hombre total, el único Primeiro gran Anthropos, con la unidad misma del Hijo. Si es uno el Hijo y uno también el género humano, en los designios de Dios la última y más honda unidad del género humano está en su comunión con el Hijo, en la comunión del Espíritu paterno. Los hombres no están llamados a la unidad personal con el Padre, pero sí a la henotes o unidad espiritual con El, físicamente comunicable a la carne.

Echase de ver sin mucho discurrir que el centro del hombre, en la mayoría de las nociones y en todas las nociones históricas (b)...(f) (v. Noções de Homem), es Cristo. Ejemplar futuro para el hombre animal de Gen 2,7 y paradigma real, cumplido ya, para el hombre del NT; destinado a realizarse, al fin, en presencia del Padre. La recapitulación humana, total, fue histórica en Cristo redivivo. Y prefiguraba, al mismo tiempo, lo que había de cumplirse en Cristo cabeza y los justos, miembros de ella. En el gran cuerpo (místico) de los predestinados, la imagen de Dios es el Hijo; la semejanza divina, el Espíritu Santo, y el Hombre, todo el género humano que tiene por cabeza a la humanidad de Jesús. La imagen y semejanza de Dios afecta al género humano no por recapitulación en la humanidad de Cristo, sino por extensión homogénea del Espíritu paterno a todos y cada uno de los predestinados.

En adelante, el hombre ya deificado olvida el dinamismo de la especie humana, para incrementar con la fe, esperanza y amor — todas las cuales perseveran arriba, según Ireneo — la vida de Espíritu. El ‘factus’ ha adquirido la cualidad del ‘infectus’, como el Padre. Terminado el tiempo de la economía, comienza la eternidad, en la que Dios y los hombres harán vida común, en incorrupción e inmortalidad. Hasta ese momento transcurrió la historia, superando una noción con otra, sin abandonar nunca la línea horizontal, a partir del hombre psíquico (Gen 2,7). La aparición del Salvador no interrumpe la línea. Emerge con El el Hombre ideal, primicias de entre los muertos, empujando al género humano, en el sentido lineal de antes, hacia el cumplimiento del Cristo entero, que aguarda su término al fin de los tiempos. Realizado el Hombre — Dios en el cuerpo de la Iglesia, cuerpo también del género humano predilecto de Dios, cesan los días de la creación, y comienza el descanso, que ya no es historia y sale del marco de la semana (= Hebdómada) para entrar en el Señor. [CRISTOLOGIA GNÓSTICA; CRISTO PREEXISTENTE; O HOMEM]

Carreira das Neves

João é o único em todo o NT a traduzir para grego a forma hebraica/aramaica meshiah (Jo 1,41; "Encontramos o Messias! — que quer dizer Cristo"; 4, 25: "Eu sei que o Messias, que é chamado Cristo, está para vir"). O designativo Christos aparece 17 vezes em João, e o composto "Jesus Cristo" duas vezes (Jo 1,17; 17, 3). A questão de Jesus ser ou não o Messias, nas controvérsias de Jesus, é mais sublinhada em João do que nos Sinópticos. O Batista nega ser o Messias (1, 20; Jo 3, 28); os discípulos de Jesus aclamam-no como Messias, logo no princípio (Jo 1, 41); os samaritanos (Jo 4, 29) e os judeus (Jo 7, 25-31. 40-43. 52; Jo 12, 49) discutem a messianidade de Jesus; e o fato de confessarem Jesus como Messias torna-se causa de expulsão das sinagogas (Jo 9, 22; cf. Jo 16, 2).

Tal como nos Sinópticos, Jesus nunca se proclama Messias, nem responde objetivamente quando lhe perguntam se é o Messias (Jo 10, 24: "Se és o Messias, di-lo claramente. Jesus respondeu-lhes: "Já vo-lo disse, mas não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho a meu favor"). O segredo messiânico que encontramos nos Sinópticos aparece também em João. Por outro lado, a função messiânica de Jesus, segundo a teologia clássica das expectativas judaicas, anda ligada à função de Jesus como o Profeta e o Rei prometido (Jo 6,14-15: "Aquela gente, ao ver o sinal que Jesus tinha feito, dizia: "Este é realmente o Profeta que devia vir ao mundo!" Por isso, Jesus, sabendo que viriam arrebatá-lo para o fazerem rei, retirou-se de novo, sozinho, para o monte"; Jo 18, 33-37). Em Jo 20, 31, os títulos "Messias" e "Filho de Deus" são equivalentes e, como tal, objeto da fé cristã que se traduz na VIDA. [ESCRITOS DE SÃO JOÃO]

André Chouraqui

O Messias é a pedra angular do ensinamento dos Salmos  . Desde o salmo 2, somos advertidos de que a finalidade dos dois caminhos e sua dialética se orientam para o triunfo do filho primogênito de Elohims, do rei que ele escolheu. A exegese judaica compreendeu bem o caráter messiânico do Saltério e o interpreta inteiramente em função do triunfo do Rei de Glória. Um texto rabínico (Souka 52 a) distingue inclusive o messias das dores, filho de Iosseph (José), cuja vocação é vir à terra para sofrer e ser morto, e o messias de glória, filho de David. O messias das dores, que encarna o sofrimento de Israel em sua universal paixão, é o justo às voltas com sua noite, enfrentando o combate do criminoso, oferecendo seu sangue por fidelidade a Elohims, abandonado por todos, mesmo pelos seus. Mas no fim da noite há a aurora. A morte é vencida e o caminho do criminoso se dissipa como um pesadelo. A semente de David refloresce e seu chifre se eleva no azul das redenções. Os salmos reais descrevem o esmagamento definitivo do criminoso. Nessa hora, Elohims fará cessar a guerra até as extremidades da terra, destruirá os carros, os escudos, as espadas. A verdade crescerá como uma árvore, o conhecimento de YHWH Adonai invadirá os céus e a terra: a criação inteira cantará glória. leroushalaîms será o centro da reconciliação cósmica: todos os povos reconhecerão, com Israel, o verdadeiro Deus. Serão conduzidos à vitória e governados por toda a eternidade pelo rei da raça de David, o primogênito de Elohims, o Ungido de YHWH Adonai, o Messias glorioso (89,27-31).

A realeza terrestre de David prefigura o reinado de seu filho. A terra inteira será submetida a seu cetro, ele reinará de um mar a outro, do rio às extremidades da terra: sua mão esquerda se estenderá sobre o oceano, a direita sobre os rios. Todos os reis do mundo se prosternarão diante dele; ele será o rei de uma fraternidade cósmica.

Terrestres ambições, disseram. Na verdade, o desaparecimento do caminho de perdição, bloqueado para sempre, encerra a criação inteira na perenidade de YHWH Adonai. O abismo que separava a terra do céu é preenchido pela redenção. Tudo resplandece na unidade primeira. YHWH Adonai diz ao rei: "Tu és meu filho"; e o rei, seu primogênito, o chama: "Meu pai" (2,7; 89,27). O rei de glória viverá eternamente, de geração em geração, estará sentado no trono diante de Elohims; ele será venerado enquanto brilharem o sol e a lua: seu nome eterno florescerá no ouro do céu. YHWH Adonai o jurou, ele não voltará atrás; o Rei-Messias será sacerdote para sempre segundo a ordem de Malki-Sèdèq (Melquisedeque): julgará com justiça e verdade. O inocente, para sempre, por ele, nele, será reabilitado. Sentado à direita de Elohims, reinará pela eternidade na plenitude da paz. [CAMINHOS DOS SALMOS]

Mircea Eliade

Tanto para os essênios como para os cristãos, o Messias aparecerá no fim dos tempos e receberá um reino eterno; nas duas doutrinas messiânicas, os elementos sacerdotal, real e profético coexistem. Contudo, na literatura de Qumran  , a concepção de um Messias preexistente (o Segundo Adão, o Filho do Homem) não é atestada; de mais a mais, o Messias ainda não se tornou o Redentor celeste, e as duas figuras messiânicas não estão unificadas, como na cristologia da Igreja primitiva. Enquanto personagem escatológica, o "Mestre de Justiça" inaugurou a Nova Idade. Os seus discípulos atribuíam-lhe uma condição messiânica: a do Mestre que revela o verdadeiro sentido, esotérico, das Escrituras, e que, além disso, é dotado de poderes proféticos. Certos textos dão a entender que o Mestre ressuscitará no fim dos dias. Mas, cuida um especialista, o Pe. Cross, "se os essênios esperavam a volta do seu Mestre como um Messias sacerdotal, exprimiram a sua esperança de uma forma extremamente indireta" (p. 299), o que contrasta com a insistência com que o Novo Testamento desenvolve essa ideia. [HISTÓRIA DAS CRENÇAS E DAS IDEIAS RELIGIOSAS]

Francisco García Bazán

Se o verdadeiro nome de Jesus para a história é o de "Jesus o Nazareno", o personagem real que se projeta até o futuro é mais que o Jesus histórico, o Cristo histórico. Não há justificativa para separar ao Jesus espaciotemporal aludido do chamado Cristo da fé que experimentaram o círculo estreito dos primeiros cristãos. O Cristo da fé é uma crença válida para os cristãos posteriores — a imensa maioria — que experimentam e vivem os acontecimentos pascais mediatamente, mas não para os testemunhos da Ressurreição que os experimentaram imediatamente. Porque o Jesus da história e o Cristo da Ressurreição são inseparáveis na experiência unitária e única de Jesus o Nazareno, o que encerra em si tanto os momentos anteriores à morte e ressurreição como as instâncias pascais e pós-pascais. Ambas coordenadas temporais vão unidas, somente que antropologicamente modificadas.

Talvez subjazendo ao clima polêmico imediato entre o valor da fé e da gnosis haja menção a este fato extraordinário, mas de exceção e para poucos, o sentido profundo com projeção de futuro da expressão de João 20,29: «Crestes porque me vistes. Ditosos o que ainda não vendo creram».

Frente a todo o dito sobre o Jesus histórico, se soube sustentar que algo diferente é o Cristo da fé, já que aos dados anteriores, que sim podem ter um caráter histórico, se devem agregar outros que têm que ver com as crenças, com a forma como estes seguidores de Jesus admirarão e interpretarão essa figura. E aí sim que se intervem outros elementos. Primeiro, as características que atribuem a sua morte. Segundo, todavia mais extraordinário, o fato de que se trate de um Cristo ressuscitado. Terceiro, o que se foi elaborando em pouco tempo em relação com estes acontecimentos extraordinários, se trata de um homem varão ao qual divinizaram, e o divinizaram como o Cristo, quer dizer, como o Messias (o Chrestos ou Christos em língua grega que é o Masiah ou Messias original do idioma hebreu-aramaico). Tudo isto pertenceria à esfera do Cristo da fé.

Interessa-nos falar, no entanto, do Cristo histórico. Se uniu ao Jesus da história com o Cristo da fé na etapa dos primeiríssimos tempos cristãos. Neste particular porque o fenômeno da ressurreição, o fenômeno das aparições de Jesus depois da morte física  , oferece umas características de manifestações espontâneas e de experiências coletivas e individuais que vão muito além da simples distinção entre o histórico e o digno de fé. É um fenômeno diferente, e quando se aprofunda fenomenologicamente nele, se averte que é um tipo de conhecimento que excede estas distinções, e este tipo de experiências ocupam a etapa temporal que chega até o acontecimento da Ascensão aos céus e sobre ele estão de acordo — sob diferentes pontos de vista — protocatólicos, judeocristãos e gnósticos  , homens e mulheres. [JESÚS EL NAZARENO Y LOS PRIMEROS CRISTIANOS]

Michel Henry

A vinda do Cristo no mundo realmente se produziu, é verdadeira? Verdadeiros igualmente os textos que a anunciam — as Escrituras? O que significa "ser verdadeiro" não é então a duplicação supérflua de um estado de coisas prévio e autossuficiente. Ao contrário, o estado de coisas só é verdadeiro se ele se manifesta ou se manifestou anteriormente — mais radicalmente se esta manifestação ela mesma se manifestou, nela mesma e enquanto tal. A vinda do Cristo no mundo está subordinada à vinda do mundo ele mesmo, a sua aparição como mundo. Pois se o mundo não tivesse aberto então seu espaço de luz, se não tivesse se mostrado a nós como este horizonte de visibilidade lançado além das coisas, como esta tela sobre a qual elas se destacam, jamais o Cristo teria podido vir nele nem se mostrar a nós, àqueles pelo menos a quem foi dado o privilégio de o ver.

O Cristo realmente veio no mundo? Homens tiveram este favor de ser testemunhas de seus atos extraordinários, ouviram suas palavras contundentes? Os escritos onde estão consignados estas palavras e estes atos foram redigidos por testemunhas, pelo menos dos contemporâneos? Ou bem se trata de coleções feitas de peças e fragmentos de proveniência diversa e de uma redação tardia? Estas questões pelas quais começa, parece, toda abordagem do cristianismo perdem seu caráter liminar para não ser mais que secundárias se elas são subordinadas à questão prévia da aparição do mundo e assim de uma Verdade muito mais original que aquela do cristianismo ele mesmo — trata-se somente com este último de saber se o Cristo verdadeiramente veio no mudo, se sua existência histórica é um fato estabelecido ou não.

Por conseguinte, quando de nossa primeira abordagem do cristianismo (Que chamaremos "cristianismo"?) estas questões da verdade histórica dos eventos relatados nos Evangelhos ou, estes eventos tendo desaparecido, da autenticidade dos textos que os relatam, foram evocadas de maneira sucinta, não apareceu senão a verdade de umas e de outras, dos eventos e dos textos, remetendo imediatamente a esta essência mais original da verdade do mundo e à natureza desta verdade? É porque no tempo do mundo toda realidade particular se apaga e desaparece, é porque a linguagem por sua vez deixa fora de si esta realidade e, assim como o tempo, não se edifica senão sobre sua negação, que a Verdade do Cristianismo aparecia tão precária e como evanescente. No final das contas não são os fatos, as coisas que são precárias, fugitivas como os anos, é seu modo de aparição. É a verdade fenomenológica pura que, enquanto verdade do mundo, determina toda forma particular de verdade para nós, aquela da história por exemplo ou aquela da linguagem, como uma espécie de aparição evanescente, ameaçada pelo nada. [MHESV  ]